Doença mata 1 pessoa a cada 5 minutos; presidente da Rede Brasil AVC reforça combate e acesso à atendimento especializado
O Brasil perdeu, no dia 15 de fevereiro, vítima de complicações de um AVC isquêmico (Acidente Vascular Cerebral), o jornalista e cineasta Arnaldo Jabor. No Brasil, a cada cinco minutos, uma pessoa morre após ter o problema, de acordo com o Ministério da Saúde e é a segunda maior causa de mortalidade no Brasil.
Existem dois tipos de AVC: o isquêmico, que ocorre quando falta sangue em alguma área do cérebro – sendo o mais comum e correspondendo entre 80% e 85% dos casos; e o hemorrágico, quando um vaso (do tipo artéria, raramente uma veia) rompe.
No combate ao AVC, cada minuto tem valor imensurável no salvamento de uma vida, ressalta a presidente da Rede Brasil AVC e presidente-eleita da World Stroke Organization (Organização Mundial de AVC), Dra. Sheila Cristina Ouriques Martins. “A cada minuto em que o AVC isquêmico não é tratado, a pessoa perde 1,9 milhão de neurônios, por isso, identificar rapidamente os sinais do AVC e o socorro ágil evita o comprometimento mais grave que pode deixar sequelas permanentes, como redução de movimentos, perda de memória, prejuízo à fala e diminui drasticamente o risco de morte”, explica.
Entre os sinais de alerta mais comuns estão fraqueza ou formigamento na face, no braço ou na perna, especialmente em um lado do corpo; confusão mental, alteração da fala ou compreensão; alteração na visão, no equilíbrio, na coordenação, no andar, tontura e dor de cabeça súbita, intensa, sem causa aparente.
Ao identificar os sintomas e agir rapidamente para o socorro, é fundamental que o atendimento seja especializado. Por isso, a presidente da Rede Brasil AVC salienta a importância da preparação dos agentes de saúde, enfermeiros e médicos, além da capacitação da Atenção Primária para trabalhar a prevenção da doença. “A Atenção Primária é a porta de entrada do SUS e atende até 80% dos problemas de saúde da população, sem que haja a necessidade de encaminhamento para os hospitais”, fala a especialista.
A Rede Brasil AVC faz atuação intensa na capacitação dos profissionais de saúde, para o adequado gerenciamento e monitoramento de todos os pacientes pelas equipes da Estratégia de Saúde da Família. “A prevenção sempre será a melhor ação e o AVC pode ser evitado em até 90% dos casos se os principais fatores de risco modificáveis puderem ser controlados, tais como a hipertensão e o diabetes”, pontua. “Então, estratégias nesse sentido devem ser otimizadas junto aos pacientes pelos profissionais da saúde. É importante que cada vez mais a população seja orientada sobre os principais fatores de risco das principais doenças crônicas, como eles podem ser evitados e quando buscar atendimento médico”, completa.
Centros de AVC
Quando o AVC ocorre, o acesso do paciente a um centro de AVC é fundamental e o processo de certificação atesta a qualidade das instituições de saúde no que se refere à estrutura, assistência e tratamento da doença. Certificação internacional gratuita é concedida pelo World Stroke Organization, junto à Sociedade Ibero-Americana de Doenças Cerebrovasculares (SIECV). Atualmente, é dada à hospitais da América Latina e, futuramente, será expandida para outras regiões do mundo.
A certificação dos centros de AVC da WSO / SIECV é baseada no Roadmap, ferramenta que fornece padronização e consistência para a seleção de recomendações, e classifica os serviços em 3 níveis: 2 centros de AVC (Essencial e Avançado) e 1 serviço de saúde mínimo para áreas com baixo acesso a médicos.
“O objetivo da certificação dos centros de AVC é aumentar a qualidade do tratamento na América Latina, melhorando os desfechos dos pacientes”, destaca Dra. Sheila.
Informações sobre como os hospitais podem solicitar a certificação podem ser acessadas no site http://www.globalstrokealliance.com/pt/certificacao/.