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  • sex. nov 22nd, 2024
Jefferson Leal, o Dentista Colorido 
  • Por Jefferson Silva Sousa Leal

Oi, sou Jefferson, tenho 26 anos, sou paulista, LGBTQIAP+, sou uma pessoa com deficiência e sou estudante de Odontologia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). 

A minha história começa literalmente depois que eu sofri um acidente que me tornou uma pessoa com deficiência. Logo, o que me fez escolher odontologia como minha força, minha vida e minha futura profissão dos sonhos.

Bem, em 2015, eu entrava numa empresa metalúrgica onde eu estava destinado a ser assistente de produção de plásticos. Eu precisava muito de dinheiro, precisava muito trabalhar, então não tive opção a não ser aceitar o trabalho que foi o único que me abriu as portas. Nessa época eu estuda Letras com habilitação em Espanhol pela Universidade Federal de São Paulo, a famosa Unifesp.

Com o passar de quatro meses, acabei subindo de cargo dentro da empresa, devido ao meu esforço de auxiliar e passei a ser Operador da Máquina. Logo, o operador oficial do cargo foi automaticamente desligado da empresa, com um aviso prévio (que era o tempo que ele tinha para me auxiliar com as dúvidas que ficaram faltando referente à eu assumir a máquina totalmente sozinho).

Depois que o aviso prévio dele acabou, eu fiquei sozinho no setor pela primeira vez, um dia depois de sua saída. Ao chegar na empresa meu intuito era chegar colocar a máquina em stand-by (praticamente desligada, suspensa pelo botão de emergência, como acontece com máquinas empresariais para manutenção) e só depois da minha pausa para o café da manhã começar meu dia de produção.

Eu estava fazendo a manutenção conforme tinha aprendido e tomando muito cuidado, pois era uma máquina perigosa e exigia pelo menos duas pessoas trabalhando nela. Como eu estava sozinho, a atenção era integralmente dobrada.

Eu tinha a pausa às 9 horas e faltavam 15 minutos para dar esse horário, quando eu praticamente já tinha terminado de fazer tudo, só iria fechar porta da máquina e me direcionar à cozinha. Quando a máquina ligou, com minha mão próxima à porta de abertura e fechadura, direcionada a mais de 200 lâminas de corte de plástico.

A máquina tinha uma potência muito alta e o impacto dela ligando foi tão forte e rápido que puxou minha mão para dentro e com meu estímulo e atenção eu a puxei para fora. Quando me dei conta, vi que parte da minha mão havia ficado dentro da máquina em funcionamento, mas eu não sentia nada, somente via o sangue. Então desliguei imediatamente a máquina e pedi socorro, sem entender ao certo o que havia ocorrido.

Pós-acidente, foram 18 dias dentro de um hospital público e 1 ano afastado do trabalho, da Universidade, sendo acompanhado por médicos e a base de fisioterapias para que o movimento da mão voltasse a ter funcionamento. Eu perdi um pouco do movimento do 4° metacarpo (dedo anelar) e perdi totalmente o 5° metacarpo (dedo mínimo), devidamente porque a máquina puxou desde o início do tendão do meu pulso e antebraço.

Eu não tive nenhuma opção de reconstrução da mão, pois foi automaticamente feito uma amputação.Eu tinha 19 anos e foi desde então que minha história começou. Aqui estou eu com 25 anos sorrindo pra vida e com minha história sendo escrita todos os dias! 

Eu sempre fui uma pessoa ativa, alegre, família e sempre gostei de estudar. O meu foco era ser professor, mas meus planos foram mudados. Eu estava indo para o 4° período de Letras. Mas, foi quando eu fiquei internado no hospital da minha cidade que pude ter uma visão diferente das coisas.

Em uma sala de Odontologia, eu via cirurgiões-dentistas recebendo pacientes acidentados a todo momento e sempre que ia fazer um curativo eu ficava curioso pra ver. Ali eu soube que a Odontologia era meu sonho, talvez Letras seria a realização de uma graduação, mas odontologia sempre foi a realização do sonho profissional. Eu me encantei em ver tudo aquilo, gente cuidando de gente, gente salvando vidas, reconstruindo faces, sorrisos e essa gente era chamada de Cirurgião-Dentista.  

Durante os 18 dias eu vivi no hospital, ver aquela sala em funcionamento me faz até hoje lembrar, que foi vendo tudo aquilo que decidi prestar vestibular para Odontologia. Em 2017 fui aprovado em Odontologia na Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, em Diamantina (MG). E cá estou eu agradecendo a Deus por tudo, por não ter me tirado as forças, os meus sonhos e por ter me dado essa escolha. Eu iniciei o meu curso como cotista, entrei como pessoa com deficiência e tenho muito orgulho disso. 

O que não para por aí… Depois do meu primeiro ano em Odontologia na UFVJM, decidi avançar e fazer melhor, sendo aprovado em Odontologia na UFMG, a melhor universidade federal do Brasil. 

Hoje, feliz e com muito orgulho conto a minha trajetória que está sendo linda. Atualmente, me formei como Agente de Saúde pelo Instituto Federal e desde o início de 2019 decidi abrir uma página no Instagram com o perfil @dentistacolorido, como todos me conhecem.

Nas minhas redes eu conto minha história, falo de saúde, de pessoas LGBTQIAP+ e também de pessoas com deficiência. Eu entrei nas redes e conquistei amigos, pessoas que me apoiam, que gostam do meu trabalho e que me dão forças para continuar todos os dias.

Em dois anos sendo influenciador eu virei voluntário do UNICEF Brasil nas redes sociais, fazendo trabalhos como influenciador sobre movimentos como combate a disseminação de Fake News em tempos de pandemia, combate ao preconceito, racismo, homofobia e afins, alertas para a saúde, principalmente a bucal e além disso posto todo o meu dia a dia sendo o Jefferson, sendo o estudante de Odontologia, sendo o menino geek que ama o mundo oriental, o mundo mágico e o mundo dos super-heróis.

O que em 2020 me fez ser vencedor de dois prêmios sendo o Melhor Instagram Universitário de Odontologia do Brasil e o Melhor Humor Odontológico do Brasil, com os vídeos que gravo também para as redes. Me vejo hoje como uma pessoa que está atrás dos seus objetivos todos os dias, decidido e que luta por tudo. Futuramente quero ser Odontopediatra, quero trabalhar com pequenos e levar todo o meu mundo colorido e feliz para os meus futuros pacientes.  

  • Jefferson Silva Sousa Leal – Esse sou eu, o Jefferson Leal, o Dentista Colorido e espero que se sinta tão feliz como eu me sinto por ter te contato a minha história para você. Eu sinto orgulho de mostrar quem realmente sou sem medo de viver essa vida, que é única, curta e deve ser escrita com cada pedacinho do nosso amor. 
One thought on “Jefferson Leal, o Dentista Colorido ”
  1. Muito obrigado mesmo por tudo e por mostrar minha história, que ela seja de inspiração para muitas pessoas! Me aconpanhem nas redes sociais @dentistacolorido e no Twitter @dentistacolors

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