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  • qui. set 19th, 2024

Apenas 22% dos educadores se sentem preparados para atender estudantes com deficiência

Apenas 22% dos educadores se sentem preparados para atender estudantes com deficiência
  • Levantamento realizado pela Nova Escola revela cenário da inclusão e acessibilidade nas escolas brasileiras. 44% dos entrevistados dizem que têm conhecimento bom ou muito bom sobre Educação inclusiva. 55,3% não receberam formação sobre o tema, mas 9 em cada 10 já tiveram que acompanhar um estudante com deficiência. Quanto maior o nível de conhecimento sobre o tema, mais preparados os educadores se sentem. Mais da metade dos educadores já presenciou bullying com crianças com deficiência. Para maioria dos entrevistados, a escola não é um lugar acessível

Apesar de 44% dos educadores dizerem que têm conhecimento bom ou muito bom sobre Educação inclusiva, apenas 22% deles se sentem preparados para trabalhar com estudantes com deficiência. Foi o que apontou uma Pesquisa da Nova Escola, organização de impacto social voltada a apoiar e oferecer recursos para educadores e melhorar a Educação pública no Brasil. O levantamento realizado de forma online com sua base de usuários teve como objetivo entender o cenário da Inclusão e da Acessibilidade de estudantes com deficiência nas escolas do país.

A ideia foi mapear o quanto os educadores já se sentem preparados para atender alunos com deficiência, como as escolas estão aptas em termos de espaços, formação e conteúdos, como encaram casos de bullying e outros assuntos.

A pesquisa também revelou que mais da metade (55,3%) dos educadores não teve formação em Educação inclusiva e que, quanto maior o nível de conhecimento, mais preparados se sentem. Entre aqueles que se sentem preparados ou muito preparados, 57% disseram ter recebido formação. O levantamento mostrou ainda que quase metade (46,7%) não têm acesso a materiais que tratem sobre a inclusão escolar e social de pessoas com deficiência.

“Para a Nova Escola, oferecer uma Educação de qualidade passa, necessariamente, pela promoção da inclusão. Nossos produtos são desenvolvidos com um olhar cuidadoso sobre essa questão e esse levantamento só nos mostra que, apesar de estarmos no caminho certo, ainda há muito a fazer”,diz Danielle Brandão, coordenadora pedagógica da Nova Escola.

A pesquisa foi realizada entre fevereiro e março de 2022 nos canais da Nova Escola com 1.200 profissionais da Educação Básica, em sua maioria professores (88,3%), de escolas municipais, estaduais e particulares. O questionário teve respondentes de todos os estados da Federação, sendo 43,8% do Sudeste, 26% do Nordeste, 13,7% do Sul, 9,2% do Norte e 7,3% do Centro-oeste.

Preparo e conhecimento

O estudo indica ainda que os professores se sentem pouco preparados para lidar com o tema. Apesar de 44% dos entrevistados afirmarem ter conhecimento bom ou muito bom sobre Educação inclusiva, apenas 22% se sentem preparados ou muito preparados para lecionar para estudantes com deficiência.

“Esses dados mostram a necessidade urgente de desconstruir a ideia do estudante ‘deficiente’, na qual o foco está todo nas limitações do aluno, forçando o professor a restringir as atividades da turma, quando, na realidade, o foco deve estar nas habilidades do estudante, estimulando a criatividade do professor para inovar nas atividades e incluir todo o grupo”, explica Danielle.

Como você classifica seu nível de conhecimento sobre Educação Inclusiva?

Quão preparado você se sente para dar aulas para um estudante com algum tipo de deficiência?

Formação sobre Educação inclusiva

Menos da metade dos educadores teve alguma formação em Educação inclusiva. O levantamento revelou que 55,3% dos respondentes não receberam nenhuma formação sobre o assunto, ainda que 9 em cada 10 já tenham precisado acompanhar um estudante com deficiência.

“É de extrema importância que o tema da Educação inclusiva seja trabalhado tanto na formação inicial quanto na formação continuada. Apesar de haver muitos meios de receber informação hoje em dia, como pela internet e imprensa, nem sempre há um direcionamento correto. A formação serve para, além de fornecer essa orientação atualizada, permitir que os profissionais se apropriem do tema, ampliem seu repertório, e troquem com os colegas ainda mais sobre os desafios e aprendizados de lecionar para estudantes com deficiência”, revela a coordenadora pedagógica.

Você já recebeu alguma formação de sua escola em relação à Educação Inclusiva?

O nível de conhecimento por meio de formação continuada sobre Educação inclusiva está diretamente ligado a quanto os educadores se sentem preparados para lecionar e incluir os estudantes com deficiência. Entre aqueles que se dizem preparados ou muito preparados, 57% disseram ter recebido formação específica. Já entre os que se sentem despreparados ou muito despreparados, o índice é de 30%.

O quanto se sentem preparados% que disse ter recebido formação na escola sobre educação inclusiva
Muito despreparado / despreparado30%
Razoável50%
Preparado / muito preparado57%

Estratégias, materiais e apoio da gestão
 

Quando questionados se têm conhecimento de estratégias que englobam todos os estudantes, respeitando suas limitações e potencialidades, os educadores se dividem: 52,8% disseram que sim, enquanto 47,2%, não. Há divisão também em relação ao apoio da gestão da escola ou da rede de ensino para encontrar a melhor maneira de incluir os estudantes com deficiência: 51,6% dos respondentes disseram recebê-lo e 48,4%, não.

A pesquisa mostrou ainda que quase metade (46,7%) não têm acesso a materiais que tratem sobre a inclusão escolar e social de pessoas com deficiência.
 

“Pensando nisso, a Nova Escola produziu, em parceria com a B3 Social, uma série gratuita de Planos de Aula de Educação Física, com o intuito de apoiar e suprir essa carência de boas referências e materiais de qualidade. Todo o material foi construído com um olhar especial para a questão da inclusão, fazendo com que o professor leitor reflita sobre as habilidades dos estudantes e consiga conceber atividades envolvendo todo o grupo. Para tanto, todos os planos contam com um bloco especial desenvolvido em parceria com o Instituto Rodrigo Mendes, sugerindo práticas e provocando a reflexão dos professores sobre o tema”, conta Danielle.

Você tem conhecimento de estratégias que englobam todos os estudantes, respeitando suas limitações e potencialidades?

Você tem acesso a materiais que tratem sobre a inclusão escolar e social de pessoas com deficiência?

Você tem apoio da gestão da escola ou da rede de ensino para encontrar a melhor maneira de incluir os estudantes com deficiência?

Maioria não acha que a escola é acessível

Em relação à acessibilidade do espaço físico da escola, 49,9% acham que a escola em que atuam não é acessível a pessoas com deficiência e 49,3% que sim.

Você considera a escola onde trabalha acessível para pessoas com deficiência?

Mais da metade já presenciou bullying


Do total de participantes da pesquisa, 58,4% disseram que já presenciaram a ocorrência de bullying com estudantes com deficiência na escola em que atuam. O levantamento também questionou as ações adotadas por eles nessa situação.
 

Na questão de múltipla escolha, entre os que presenciaram bullying, 42,8% optaram por “observar e conversar individualmente depois do ocorrido”. A segunda ação mais citada foi “interromper e conversar individualmente”, com 38,9%.

“A escola tem que agir imediatamente quando presencia uma situação de bullying com qualquer criança”, afirma Ana Ligia Scachetti, diretora da Nova Escola“Todos os envolvidos precisam ser ouvidos e as soluções precisam ser construídas para interromper a situação. O professor necessita de apoio para saber agir frente a essas situações, o que também passa por formação e pelas instâncias que fazem a gestão da escola. Há que se criar uma cultura que não admita o bullying na instituição. Muitas vezes, as famílias devem ser envolvidas e o caso acompanhado de perto”, conclui.

Você já presenciou situações de bullying com estudantes com deficiência?

Ações adotadas pelos participantes que presenciaram cenas de bullying com estudantes com deficiência na escola

Termos capacitistas

Outro dado que a pesquisa revelou é uma dificuldade maior dos entrevistados em relação aos “termos capacitistas”, já que 62% não sabem o que eles significam.

“A constante atualização dos profissionais da Educação em relação ao vocabulário usado no dia a dia é de fundamental importância em virtude do caráter multiplicador que a escola tem e que pode funcionar como um fio condutor para conscientizar toda a comunidade acerca do capacitismo. Diante disso, para apoiar o professor a Nova Escola criou um pequeno guia linguístico com termos capacitistas que deverão ser evitados”, finaliza Danielle.

Você sabe o que são termos capacitistas?

SOBRE A NOVA ESCOLA

Nova Escola é uma organização de impacto social sem fins lucrativos que trabalha para o Brasil ter professores da Educação Básica fortalecidos em suas práticas, contribuindo para a melhoria da aprendizagem e do desenvolvimento dos estudantes. É hoje uma plataforma digital que produz reportagens, cursos autoinstrucionais, formações, planos de aula e materiais educacionais gratuitamente para fortalecer os professores brasileiros e é acessada por cerca de 3,1 milhões de pessoas por mês.

Criada em 2015 com o apoio de sua mantenedora, a Fundação Lemann, a Nova Escola é herdeira da revista de mesmo nome, nascida em 1986 na Fundação Victor Civita.

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