Marina Dias, ouro na Copa do Mundo de Paraescalada. Marina possui esclerose múltipla e busca praticar esportes com frequência para se manter ativa e evitar a progressão da doença
Marina Dias, professora do Instituto de Ciência e Tecnologia (ICT) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), campus São José dos Campos (SP), ficou em 1º lugar na Copa do Mundo de Paraescalada, realizada em Salt Lake City (Utah / EUA) nos dias 24 e 25 de maio. Marina é a primeira mulher brasileira a participar de uma competição internacional da modalidade.
A seleção dos atletas que foram representar o Brasil na competição foi feita pela Associação Brasileira de Escalada Esportiva (ABEE). Marina foi bicampeã brasileira de paraescalada em 2020 e 2021 e conseguiu parte dos recursos para custear as despesas da viagem por meio de uma bolsa do Programa de Amparo ao Desporto Amador de Taubaté (SP), cidade do Vale do Paraíba onde reside. Dessa forma, foi convocada para participar da competição nos EUA.
Marina possui esclerose múltipla e busca praticar esportes com frequência para se manter ativa e evitar a progressão da doença. Com um comprometimento de força do lado esquerdo do corpo, ela se classificou para a competição na categoria RP3.
A pesquisadora da Unifesp conta que era adepta da corrida antes de começar a escalar. Durante um tempo manteve o Grupo de Corrida do ICT, em que estudantes e servidores faziam treinos perto do campus no fim da tarde. “Depois de um tempo, passei a sentir muita dor ao correr e fui procurar outros esportes. Encontrei a escalada e foi amor à primeira vista”, conta Marina.
Ela treina todos os dias da semana após o expediente. Durante a preparação para a competição revezava treinos de fortalecimento e flexibilidade em casa e treinos de escalada no ginásio. “Às vezes eu ia treinar às 20 ou 21 horas quando o trabalho se prolongava muito. Os treinos são minha válvula de escape, são o meio para eu controlar o estresse do dia a dia e descontrair depois de um dia duro”, revela Marina.
Na grande final da competição internacional a professora do ICT competiu com representantes da Holanda, Estados Unidos, Eslovênia e Alemanha. Ela foi a única representante da América Latina na competição. Com a medalha de ouro Marina conseguiu o melhor resultado da escalada em competições internacionais da história do Brasil. “Foi uma experiência incrível, estou me sentindo muito honrada. Por muitas vezes eu pensei que não merecia estar ali. Afinal, sou professora e atleta amadora, mas acho que o recado é que nós podemos e devemos ocupar todos os espaços. Com dedicação, foco e persistência podemos chegar lá no topo, mesmo depois de passarmos por momentos difíceis”, destaca a campeã.