Projeto desenvolvido pelo grupo Adapte Educação em conjunto com a Poli trabalha em prol da diversidade no ambiente de trabalho. Neste sábado, 18, é celebrado do Dia do Orgulho Autista
O CooTEA (Programa de Cooperação para Treinamento e Emprego de Autistas) colabora para promover a inclusão e a diversidade nas empresas. Iniciativa gratuita de formação profissional para autistas no mercado de trabalho, conta com a participação da Escola Politécnica da USP na gestão e qualificação profissional.
O professor Eduardo Mancebo, formado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP e especialista em tecnologias inclusivas há 20 anos, e Emanuel Santana, da Adapte Educação, plataforma de formação especializada para terapia, ensino e inclusão de autistas, discutiramm sobre o projeto em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição.
O projeto começou a partir de uma parceria da Escola Politécnica da USP com a Prefeitura da cidade de Cajamar, interior de São Paulo. O trabalho visava à qualificação dos profissionais envolvidos no atendimento do autismo nas áreas de saúde e educação. Um dos pontos de sucesso do programa foi a atuação da empresa Adapte e como desdobramento dessa ação surgiu o convite de uma nova iniciativa relacionada ao empreendedorismo social, o CooTEA.
O representante da Adapte, Emanuel Santana, falou sobre a importância do novo projeto e comenta que a empresa já tinha programas de treinamento para profissionais da área da saúde e educação, além de atividades para pais e professores, mas nunca tinha falado diretamente com o autista. “Nós tínhamos uma dor na Adapte de nunca ter se comunicado diretamente com eles”, relata.
Santana detalha as três bandeiras da empresa: “A primeira bandeira é a antecipação de diagnóstico, porque o diagnóstico precoce do autismo aproveita uma janela de oportunidade importante por conta da neuroplasticidade do cérebro. [A segunda é] a popularização de terapia de qualidade, que é treinar e popularizar essa terapia baseada em evidência para intervenção, e a nossa terceira bandeira é a inclusão do autista no ambiente escolar e no mercado de trabalho”.
Inclusão e acompanhamento
Junho é o mês do orgulho autista. “Dia 18 de junho, vai ser o Dia do Orgulho Autista e precisamos dar voz para eles. Não é um dia que precisamos falar pelos autistas, nós temos que dar voz para que eles falem sobre o transtorno do espectro autista”, afirma o membro da Adapte.
Além dos projetos sociais, é necessário o empenho de toda a sociedade para assegurar a inclusão dessas pessoas. Santana atesta: “Isso não depende somente da oferta de intervenções terapêuticas baseadas em evidência, mas também no esforço da sociedade para aceitar, incluir e conviver com esses indivíduos com respeito e dignidade”.
Um aspecto importante sobre o CooTEA é o acompanhamento. “Nós treinamos e já colocamos nas empresas, acompanhamos essa parte de estágio supervisionando, ou seja, uma espécie de emprego apoiado. As empresas também são treinadas para receber esse público e eles são supervisionados durante esse período. Iremos acompanhá-los durante seis meses em ambiente de trabalho, simultaneamente com treinamento e capacitação”, comenta o representante do projeto.
A pandemia foi um divisor de águas. Mancebo descreve: “Isso trouxe luz à questão do atendimento presencial versus o atendimento on-line. Temos uma demanda grande reprimida, com muito potencial dos meninos nessa possibilidade de trabalho. Mas, assim como qualquer outra vaga de trabalho, o mundo corporativo tem regras, tem códigos e, para os autistas, tipicamente é muito mais difícil de compreender. É necessário todo um trabalho prévio de inclusão, tanto na parceria com a empresa quanto na preparação dos próprios autistas para compreender o melhor possível as regras, porque, na maior parte das vezes, eles têm um potencial muito grande no desenvolvimento do trabalho”.
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