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  • sex. nov 22nd, 2024

No RS, pesquisa identifica características socioeconômicas de pessoas com autismo

No RS, pesquisa identifica características socioeconômicas de pessoas com autismo

Das 4.074 pessoas pesquisadas em 259 municípios gaúchos, 79% recebem até um 1,5 salário mínimo

A regulamentação da Carteira de Identificação do Transtorno do Espectro Autista (Ciptea), em 2021, representou um avanço nas políticas públicas e permitiu a construção de uma base de dados sobre os autistas no Rio Grande do Sul. Com o objetivo de aperfeiçoar as iniciativas voltadas a esse público, o governo do Estado divulgou nesta terça-feira, no Palácio Piratini, a primeira pesquisa sobre as Características da População com Ciptea.

Realizada de 18 de junho de 2021 a 18 de março de 2022, com 4.074 pessoas e suas famílias de 259 municípios gaúchos, a pesquisa realizada pela Fundação de Articulação e Desenvolvimento de Políticas Públicas para Pcd e Pcah no RS (Faders) identificou características socioeconômicas de gaúchos com Transtorno do Espectro Autista (TEA). A diretora da Faders, Ana Flávia Beckel Rigueira, afirmou que a pesquisa vai permitir a elaboração de políticas públicas adequadas e que atendam as demandas dessa população.

Ao detalhar os números da pesquisa, Ana Flávia explicou que 80% das pessoas são do sexo masculino e 20% do sexo feminino, o que confirma estudos realizados nos Estados Unidos, que apontam que o número de meninos com TEA é quatro vezes maior do que o de meninas, ou seja, o resultado indica que para cada 1 menina com TEA, há 4 meninos com TEA. “O autismo está ligado à questão genética e de gênero”, explicou. Conforme a pesquisa, 21% possuem outras deficiências além do autismo. E 25% dos autistas têm familiares com TEA, o que confirma a influencia da hereditariedade nos diagnósticos. 

Os dados apontam ainda que 79% recebem até um 1,5 salário mínimo. Do grupo pesquisado pela Faders, o maior número de pessoas com TEA tem entre 0 e 15 anos de idade, o que representa 84,87%. Ela destacou que a maioria dos diagnósticos é realizada até os 7 anos. “Em torno de 57% dos casos são feitos entre 0 a 3 anos. Isso é muito significativo para pensar na questão da política pública, porque quanto mais cedo a prevalência do diagnóstico precoce, mais cedo essa pessoa pode ser atendida com terapias e melhor pode ser o diagnóstico com relação ao desenvolvimento”, afirmou.

O diretor da Faders, Marquinhos Lang, afirma que a divulgação da pesquisa é um momento histórico e revela que praticamente 80% dos autistas teriam direito ao passe livre, uma vez que têm renda per capta igual ou inferior a um salário mínimo e meio. “De 10 autistas, 8 têm esse direito, mas se pegarmos os encaminhamentos para a Faders é praticamente zero. As pessoas não vão atrás porque não sabem quais são os seus direitos”, observou. 

Representante da Rede Gaúcha Pró-Autismo (RGPA), Sheila Ferreira Menegotto explica que a entidade reúne 43 associações de vários municípios gaúchos. Conforme Sheila, a confecção da Ciptea e o cadastramento de autistas possibilitaram a coleta de dados. Além de aperfeiçoar o serviço oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a iniciativa visa facilitar o acesso de autistas a escolas e ofertas de emprego. “Que possamos avançar com esses dados em políticas públicas, aprimorando o atendimento realizado pelo SUS”, frisou.

A secretária da Igualdade, Cidadania, Direitos Humanos e Assistência Social, Marcia de la Torre, afirmou que a pesquisa mostra uma evolução significativa da trajetória do programa Te Acolhe, lançado em abril de 2021, e que o “projeto tira da sombra milhões de famílias”. Marcia ressaltou que a pesquisa preenche uma lacuna histórica e reúne informações de diversas áreas, como assistência social, educação, saúde, trabalho e renda. “É um banco de dados precioso e vai servir para estabelecer políticas públicas específicas para autismo e avaliarmos resultados dessas políticas”, completou

Fonte: https://www.correiodopovo.com.br

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