#PRATODOSVEREM: Foto de Lara Souto Santana, profissional com deficiência visual da Talento Incluir | Foto: Uinstock / Iza Guedes. Imagem de uma mulher morena, cabelos escuros abaixo dos ombros, com uma blusa preta e com as mãos no teclado de um notebook. Sobre a mesa onde ela está, destaque para uma xícara amarela, e uma bengala ao lado. FIM DA DESCRIÇÃO
Com mais de 30 anos em vigência, a Lei de Cotas tem sido a maior porta de entrada de pessoas com deficiência no mercado de trabalho. Apesar disso, segundo dados do Ministério do Trabalho, 46,98% das empresas no Brasil ainda não a cumprem. De acordo com a RAIS 2019, apenas 1% da população com deficiência está formalmente empregada. Carolina Ignarra, CEO do Grupo Talento Incluir – ecossistema da diversidade e inclusão com foco em pessoas com deficiência, pioneiro no Brasil – destaca 5 atitudes para as empresas tornarem seus processos de Recrutamento e Seleção inclusivos de fato. São eles:
1. Alinhamento do perfil com as lideranças — fundamental para engajar as equipes e principalmente, impedir comportamentos capacitistas que atrapalham o desenvolvimento dos profissionais no ambiente de trabalho. Para uma gestão inclusiva e qualificada é imprescindível ouvir a gestão, entender as necessidades e rotina da área, esclarecer suas dúvidas e orientá-lo com informações do universo da pessoa com deficiência.
2. Não escolher deficiência — durante a seleção, as empresas que realizam inclusão apenas por imposição da lei e não por convicção tendem a “escolher” os candidatos com deficiências “imperceptíveis” com passabilidade. Em um processo inclusivo, o foco continua sendo nas competências do profissional e não no tipo de deficiência.
3. Não escolher profissionais pelo marcador social — escolher o marcador social não é inclusão. É preciso selecionar o candidato, avaliar se ele preenche os pré-requisitos da vaga, selecionando pelo seu talento e por estar adequado ao perfil e propósito da empresa e não pelo marcador social que representa. É comum, por exemplo, encontrar ‘ofertas de empregos para PCDs’, porém vale reforçar que ‘PCD’ não é um cargo. Antes da sigla vem a pessoa e a terminologia correta é “pessoa com deficiência”, e nesse caso “profissional com deficiência”, e a ela deve ser oferecida a oportunidade de trabalho que se encaixe em suas competências e habilidades.
4. Processo exclusivo para profissionais com deficiência — ter um processo seletivo igual para todos só funcionaria se todos os candidatos fossem exatamente iguais. Para realizar um processo seletivo inclusivo a empresa precisa ter uma estrutura que acolha qualquer tipo de deficiência, com materiais, metodologias e tecnologias com acessibilidade, muitos deles disponíveis de forma gratuita. Também é fundamental que os gestores sejam treinados para essa seleção, sem deixar que vieses inconscientes interfiram no processo e por capacitismo selecionam um profissional sem deficiência. O capacitismo estrutural ainda impede que o candidato com deficiência seja avaliado e selecionado quando concorre com um candidato sem deficiência, o que resulta em um menor engajamento dos profissionais com deficiência em posições que não sejam exclusivas. Oviés e preconceito dos gestores, que em grande maioria optam pelas pessoas sem deficiência, fazem com que pessoas com deficiência não se candidatem às posições, porque entendem que não serão aprovadas.
5. Acompanhamento dos candidatos contratados — inclusão não é apenas contratação de pessoas com deficiência ou qualquer outro marcador. É preciso que a empresa acompanhe de perto e ofereça a ela todas as possibilidades de desenvolvimento de carreira também disponibilizadas pela empresa aos demais colaboradores.
“O processo de recrutamento e seleção de uma empresa é uma etapa de extrema importância e expõe o nível de maturidade da cultura de inclusão da companhia. Ser inclusivo é oferecer acessibilidade desde o processo seletivo. A inclusão é muito mais que cumprir a lei. É o melhor termômetro para avaliar a intenção e o comportamento da empresa no conceito ESG. Incluir é mais que contratar. É dar continuidade no desenvolvimento de carreira de todo e qualquer profissional que a empresa selecionar”, declara Carolina Ignarra.