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  • sex. set 20th, 2024

Pais participam mais da criação dos filhos, mas ainda encontram entraves sociais

Pais participam mais da criação dos filhos, mas ainda encontram entraves sociais

#PRATODOSVEREM: Foto colorida. Do lado direito da foto, homem de pele clara, sorrindo, com barba e cabelos escuros. Veste uma camiseta vermelha. Do lado esquerdo, um garotinho, de pele clara, cabelos curtos e loiros, sorridente. Veste uma camiseta branca. Eles estão com o rosto colado! FIM DA DESCRIÇÃO

Aqueles tempos em que os pais eram meros coadjuvantes na criação dos filhos parecem, pouco a pouco, estarem ficando para trás. Hoje, muitos fazem questão de acompanhar de perto o crescimento dos rebentos, participando ativamente do dia a dia das crianças e compartilhando as atividades domésticas. Tarefas antes relegadas às sempre sobrecarregadas mães, como consultas médicas, reunião na escola, arrumação da casa e desacelerar os pequenos para dormir são agora compartilhadas em muitas famílias. 

A pandemia de coronavírus parece ter, inclusive, intensificado este movimento. Uma pesquisa da 4Daddy, que ouviu 1.800 pessoas em 2020 para investigar qual foi o impacto do confinamento na divisão de tarefas, mostra que 70% dos pais disseram participar ativamente dos afazeres domésticos, incluindo os cuidados com as crianças.

O administrador de empresas Maurício Ferrete, de 41 anos, é um desses “novos pais”. Ele prepara diariamente o café da manhã dos filhos, Daniel, de 6 anos, e Helena, de 3. Depois de alimentá-los, é o responsável por levar a dupla à escola. Na volta para casa, organiza o jantar junto da esposa, que leva a turminha para o banho. Na hora de dormir, é de novo Maurício que entra em ação. “Deito com o Daniel, que tem síndrome de Down, todas as noites. Se não fizer isso, ele não dorme. Tem gente que ainda acha que é a mãe que deve cuidar. Mas essa igualdade já era para estar acontecendo há anos”, diz.

O empresário Fernando Dall Agnol, pai de Francisco, de 2 anos e 8 meses, também com trissomia 21, faz questão de levar o menino à escola todos os dias, dar banho, acompanhá-lo em duas terapias. Sabe aquelas noites mal dormidas, quando a criança tem insônia? É ele quem resolve. “Meu pai às vezes pergunta por que não é minha mulher que está realizando alguma das tarefas que faço. Ainda temos uma longa caminhada pela igualdade”.

A psicóloga Marina Zylberstajn, do Instituto Serendipidade, que atua pela inclusão de pessoas com deficiência, diz que os benefícios da presença paterna na vida dos filhos são incontáveis. E não estamos falando apenas de carinho extra. “Pai também representa a lei e o limite – e quando a criança é criada só pela mãe, só tem um modo de enxergar as situações.  A presença do pai amplia as referências e, mesmo que haja divergências na visão de mundo do casal, essa diferença é  importante para a formação da personalidade da criança”, diz.

A psicóloga Cláudia Zaclis, da mesma instituição, diz que, se, por um lado, há um aumento da consciência sobre a importância da participação paterna na vida dos filhos, por outro, há ainda entraves sociais.

— O mais claro é o da licença-paternidade, que, em muitas empresas, não passa de cinco dias. Por mais que seja a mãe que amamente, o pai é essencial para o desenvolvimento dos filhos em qualquer fase da vida. Outro exemplo é o da escola: quando um filho se machuca, ligam para a mãe, nunca para o pai. O mesmo acontece com as reuniões pedagógicas, é sempre a mãe que é avisada.

Maurício e Fernando dizem que, em muitas situações, ainda se sentem como peixes fora d’água.  “Em restaurantes, tenho que trocar a fralda do meu filho em cima da mesa ou no meu colo, já que quase nunca há trocador no banheiro masculino”, reclama Fernando. Já Maurício comemora uma pequena vitória contra o machismo que acredita estar ainda enraizado. “Em uma das terapias em que costumo levar Daniel havia uma placa com a inscrição “Espaço da Mamãe”, como se os pais estivessem banidos dos cuidados com as crianças. Como sou eu que levo meu filho toda semana, acabaram trocando a placa para “Espaço da Família”. Foi um pequeno sinal de que é possível mudar”. 

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