As boas práticas ESG vêm ganhando bastante espaço no mundo corporativo brasileiro recentemente, e o mercado financeiro acompanha essa tendência. Principalmente após a pandemia de COVID-19, o Brasil está percebendo a importância e necessidade das empresas terem uma maior responsabilidade social, ambiental e de governança. Apesar da recente popularidade no país, o conceito já está bem mais amadurecido na Europa, e existe desde 2004.
As diretrizes ESG, sigla para Environmental, Social and Governance (Ambiental, Social e de Governança em português), surgiu por meio da iniciativa Who Cares Wins da ONU. Em conjunto com instituições financeiras de diversos países, ela tem levantado ações para tornar o mundo mais globalizado e conectado. Inclusive, de acordo com o relatório dessa iniciativa, as empresas que adotam práticas ESG tendem a ter resultados financeiros mais positivos do que as demais.
Aqui no Brasil, por exemplo, é possível visualizar isso muito bem através do ISE B3, o Índice de Sustentabilidade Empresarial da Bolsa de Valores. Ele é um indicador que mostra o desempenho das ações de empresas reconhecidamente comprometidas com a sustentabilidade empresarial, a partir das práticas ESG. O Índice foi criado em 2005, sendo um dos pioneiros globais para medir a eficiência corporativa no que diz respeito à sustentabilidade.
Até 2021, o ISE teve uma valorização de 315%, enquanto o IBOV cresceu 273%. Ainda, segundo uma pesquisa da Bloomberg, pautas de ESG devem atrair algo em torno de US$53 trilhões em investimentos até 2025.
Ronaldo Tenório, CEO e cofundador da Hand Talk, explica a razão por trás dessa tendência de crescimento: “Isso acontece porque os investidores têm passado por essa mesma mudança de perfil. Eles estão cada vez mais aptos a exigir das organizações o que elas são capazes de oferecer em benefício à sociedade”. A startup, que nasceu em Alagoas, também está próximamente conectada a esse universo, já que seus serviços contribuem na promoção das boas práticas ESG.
O ISE também passou a ser uma importante ferramenta para os investidores, no momento de avaliar onde preferem aplicar seu capital. Empresas que investem em ESG estão recebendo mais atenção, e consequentemente, mais dinheiro. Por outro lado, aquelas que não estão priorizando as pautas ESG, podem facilmente ficar para trás, tanto culturalmente quanto financeiramente. Inclusive, a partir de 2023, a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) passará a exigir mais informações sobre os riscos ESG das organizações, além de inventário de emissões de gases de efeito estufa, e dados sobre a diversidade do corpo de colaboradores.
Ainda há tempo para as empresas se adaptarem a esse novo cenário, mas já é importante ter consciência do impacto que as boas práticas ESG estão causando no mercado brasileiro. “O importante é ter em mente que tudo isso deve fazer parte de uma jornada contínua de transformação das organizações e das pessoas em um mundo que pede um capitalismo mais consciente. Afinal de contas, toda mudança tem um primeiro passo, e ele pode ser dado hoje”, afirma Ronaldo Tenório.