Os números mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde de 2019, dão conta de que cerca de 2,3 milhões de pessoas no Brasil têm deficiência auditiva. Nesse contexto, as tecnologias assistivas estão cada vez mais presentes no dia a dia dessa parcela da população.
O governo federal, por exemplo, oferece a suíte VLibras – um conjunto de ferramentas gratuitas e de código aberto que traduz conteúdos digitais (texto, áudio e vídeo) em português para Libras (Língua Brasileira de Sinais), tornando computadores, celulares e plataformas da web mais acessíveis para as pessoas surdas.
Nesta data, marcada pelo Dia Nacional dos Surdos e conhecida por Setembro Azul, a titular do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos destaca a importância de dar visibilidade a tais tecnologias. “Essas ferramentas favorecem a liberdade, a dignidade e a autonomia das pessoas com deficiência auditiva em nosso país. Incentivar os avanços tecnológicos é também promover os direitos humanos da nossa população”, reconhece a ministra Cristiane Britto.
Acesse a ferramenta – https://www.gov.br/governodigital/pt-br/vlibras
“É importante lembrar que o VLibras tem um avatar que faz os sinais de Libras, mas não substitui o intérprete humano, que são profissionais fundamentais. Sem dúvida, as tecnologias assistivas universalizam o acesso das pessoas surdas e as integra à sociedade”, pontuou o titular da Secretaria Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Claudio Panoeiro.
O serviço, resultado de uma parceria entre o Ministério da Economia (ME), por meio da Secretaria de Governo Digital (SGD), e a Universidade Federal da Paraíba (UFPB), por intermédio do Laboratório de Aplicações de Vídeo Digital (LAVID), tem cerca de 100 mil traduções realizadas todos os dias, 70 mil frases treinadas por inteligência artificial e mais de 21 mil sinais na biblioteca da plataforma
Outro serviço oferecido para pessoas com deficiência auditiva é o atendimento humanizado em Libras oferecido pela Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos (ONDH) para o Disque 100 e Ligue 180. O atendimento garante igualdade de condições ao acesso à informação e à compreensão, sem barreiras na comunicação, como prevê a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (LBI). A ferramenta permite que pessoas surdas possam fazer denúncias de violações de direitos humanos.
Outras tecnologias
A advogada Joyce Moraes tem surdez adquirida e se submeteu a um transplante coclear. A tecnologia, um dispositivo implantado cirurgicamente, cujo eletrodos são colocados dentro da cóclea, capta a mensagem e a leva para o cérebro, restaurando parte da função auditiva.
“Sou oralizada, faço leitura labial e sou fluente em Libras, mas o aparelho me ajuda a escutar quando estou próxima das pessoas e, assim, não preciso ficar sempre lendo os lábios de quem estou conversando. Eu me submeti ao implante aos 15 anos”, conta Joyce, hoje com 24 anos de idade.
A Central de Intermediação de Comunicação (CIC) é outra importante ferramenta disponível para a comunidade surda. Ela é responsável pela intermediação de comunicação telefônica entre pessoas com deficiência auditiva ou da fala e demais usuários dos serviços de telecomunicações por meio de para videochamadas em Libras.