- Por Edu Furasté
No mundo das feiras e eventos, mais do que apenas transmitir a mensagem desejada, o grande desafio é incluir a todos entre os receptores dessa comunicação. Para isso, os projetos que buscam uma conversa clara, coerente e para todos os públicos precisarão se atentar a três tipos de comunicações: acessível, inclusiva e alternativa.
A pluralidade da população brasileira é frequentemente discutida, mas infelizmente pessoas de grupos minoritários muitas vezes não se veem representadas nessas comunicações. Por isso, é tão importante discutirmos sobre a comunicação inclusiva e, mais do que isso, quando falamos em eventos, tudo tem que estar perfeitamente alinhado para que o objetivo de entregar a melhor experiência possível aos participantes seja atendida.
A jornada de experiência do público tem que ser muito bem planejada, para que, durante um evento, todos possam desfrutar das mesmas experiências. Não tem como pensar em evento sem comunicar diversidade e inclusão, que é onde está a acessibilidade. Todo o cuidado deve começar a ser pensado ainda na construção para que todos se sintam acolhidos, sem exceção. Porque se tiver exceção, não é acessibilidade.
A comunicação inclusiva nada mais é do que uma comunicação que inclua todas as pluralidades da nossa sociedade, no que diz respeito à etnia, raça, gênero, orientação sexual, entre outros aspectos. A comunicação alternativa é um conjunto de técnicas que visam ampliar a capacidade comunicativa de pessoas com algum tipo de deficiência como autismo, síndrome de down, paralisia cerebral, doenças ou danos neurológicos. Por fim, a comunicação acessível tem o intuito de nivelar a compreensão para qualquer pessoa, independente do seu perfil social, formação e escolaridade. Isso inclui os idosos, crianças, pessoas com deficiência, estrangeiros, disléxicos, entre outros.
A inclusão está no DNA da nossa agência e isso fica claro nas propostas para nossos clientes. As soluções que sugerimos estão incluídas no chamado Selo Lado B — que contempla diversidade, inclusão e acessibilidade. Prestamos todo o suporte na hora do planejamento e os nossos clientes optam pelas soluções que eles entendem mais adequadas para cada tipo de evento ou ativação. Também somos signatários do Fórum de Empresas e Direitos LGBTI+ e organizamos as lives e as comunicações, sempre com muito cuidado com a linguagem inclusiva.
Pensando nisso, existem técnicas para acabar com a opressão na comunicação. Por exemplo, para pessoas surdas sinalizadas: acessibilize seu conteúdo com intérpretes de Libras (Língua Brasileira de Sinais); pessoas surdas ou com baixa audição não sinalizadas: acessibilize seu conteúdo com legenda e transcrição simultânea em conversas ao vivo; pessoas cegas ou com baixa visão: acessibilize seu conteúdo com audiodescrição de cenas, imagens, gráficos e todos os elementos visuais que sejam informativos e relevantes. Já para as pessoas com dificuldades cognitivas ou TEA (transtorno do espectro autista): acessibilize seu conteúdo utilizando textos objetivos, com palavras simples, evitando metáforas e analogias.
Segundo o IBGE, 45 milhões de brasileiros convivem com algum tipo de deficiência. A população negra no Brasil representa 54% da população. As mulheres, são 51,8%. A comunidade LGBTQIA+, representa 10% e os indígenas 0,5%. Esses grupos são chamados minoritários porque são tradicionalmente excluídos na lógica estrutural da nossa sociedade que é heteronormativa, masculina, cisgênera e branca. Além disso sofrem com desvantagens sociais e discriminatórias, seja em tratamento, salários, cargos, oportunidades e direitos.
Já se notam avanços bem importantes, tanto na postura das empresas, com mais responsabilidade social, engajamento, quanto na organização do estado, através de legislações e políticas públicas de inclusão. Mas em questão de linguagem, o discurso ainda é, em boa parte, o de minimizar essas pequenas exclusões. A comunicação mais inclusiva traz para perto esse público e isso sim vai trazer mudanças concretas.
Acessibilidade é um direito garantido na Declaração Universal dos Direitos Humanos, na Constituição de 1988 e na Lei Brasileira de Inclusão. Quando falamos de comunicação para todos, não podemos considerar apenas aquilo que pode ser lido ou ouvido, mas também aquilo que pode ser visto e sentido. Por isso, sempre que houver um ambiente onde os diferentes tipos de públicos possam se sentir acolhidos, valorizados e respeitados, isso precisa reverberar, de alguma forma, para seguir estimulando boas práticas e aproximação.
- * Edu Furasté é graduado em comunicação/publicidade, com especialização em gestão de marcas e atua há mais de 15 anos com projetos de comunicação, redação criativa, gestão de marcas e planejamento de marketing. Atualmente é Head de Criação na MCM Brand Experience.