Ele chega cedo na loja e logo procura um dos gerentes para conhecer as ofertas do dia. Após ouvir a lista de produtos e preços em promoção, Luan de Luca está pronto para mais uma jornada como locutor no supermercado Prezunic. Com deficiência visual e a ajuda de sua bengala, ele só precisa do microfone para chamar a atenção de quem faz as compras na unidade do Catumbi, na Zona Central do Rio.
Além da memória pra lá de eficiente, Luan também tem outros talentos: imita como poucos as vozes de personagens infantis e celebridades da música e da televisão, e é bastante elogiado por clientes e colegas por manter um clima agradável na loja.
Luan de Luca entrou no Prezunic em 2019 como auxiliar de operações, por meio de uma vaga destinada a Pessoas com Deficiência (PcDs) oferecida, na época, através de uma parceria com o Instituto Benjamin Constant, onde ele cursou o Ensino Fundamental e aprendeu a lidar com sua deficiência causada pela retinose pigmentar, doença degenerativa da visão.
A alegria de trabalhar com carteira assinada numa grande empresa não fez esse carioca cheio de talento se acomodar. Consciente de seu potencial, ele não perdeu tempo quando soube da abertura de uma vaga de locutor na própria loja onde atuava.
“Pedi uma oportunidade ao gerente, e ele deixou eu anunciar um energético. Anunciei e vendeu quase tudo, rapidamente”, lembra Luan.
No Prezunic, ele também conheceu Ivete, auxiliar de operações, hoje esposa e mãe de sua filha, Ester, de 1 ano e 3 meses. Após a experiência bem-sucedida com o energético, Luan decidiu fazer um curso de locução oferecido pelo Prezunic. Ivete o ajudou a treinar em casa, lendo as ofertas em voz alta, para que ele decorasse tudo numa só tacada.
Aprovado no curso, Luan aguardou a abertura de uma nova vaga, o que não demorou a acontecer. No dia do teste, havia outros candidatos concorrendo. Ele chegou sozinho na loja do Prezunic Barra, demonstrando que sua capacidade de comunicação poderia o levar até onde quisesse.
“Minha deficiência não me limita. No dia do teste, como a Ivete tinha de trabalhar no Catumbi, eu fui sozinho. No ônibus, comecei a conversar com os passageiros, contei minha história e, um deles, gentilmente, me conduziu até a porta do Prezunic Barra, onde seria realizada a prova”, lembra Luan.
Luan conquistou a vaga e, hoje, é locutor na mesma loja onde começou como auxiliar de operações. O próximo passo na vida profissional, ele também sabe de cor: cursar a faculdade de Marketing, se formar e concorrer a uma posição no setor, no Prezunic, é claro. Enquanto isso, vai dando show no microfone e conquistando a simpatia de clientes e colaboradores do Catumbi para a alegria de todos, principalmente, da Ivete.
A gerente de Recursos Humanos do Prezunic, Ana Behrens, ressalta a política de inclusão da empresa, que busca dar oportunidades e incentivar todos os colaboradores a crescerem profissionalmente, de acordo com suas capacidades.
“Aqui, gostamos e respeitamos a diversidade, então, se você é bom no que faz, é protagonista na sua carreira e respeita nossos valores, vai crescer!“, garante Ana Behrens.