Durante o mês de Novembro aconteceram ações para a Conscientização sobre a Doença Ocular da Tireoide (DOT), doença rara, crônica e progressiva – uma condição extremamente heterogênea, na qual os sintomas podem variar de pessoa para pessoa e evoluir de maneira leve, moderada ou severa.
A enfermidade também é conhecida como orbitopatia de Graves ou oftalmopatia de Graves.
O corpo humano é um sistema inteligente, complexo e interligado. Para seu pleno funcionamento são necessários cuidados e atenção. Alguns sinais e sintomas, por exemplo, podem ser alertas para condições graves que afetam os olhos — como é o caso da DOT.
Por ser autoimune, a doença ocular da tireoide acontece quando o organismo começa a atacar as próprias células ao redor dos olhos, causando inflamação e inchaço do tecido adiposo e muscular na região.1
Dor, vermelhidão, sensibilidade à luz, olhos arregalados (retração palpebral) e saltados (proptose), diplopia (visão dupla), olhos desalinhados ou que não se movem juntos, inchaço e lacrimejamento excessivo são alguns dos principais sinais e sintomas da doença que, em alguns casos, podem levar à cegueira.
Não é incomum a DOT ser associada à doença de Graves, a causa mais comum de hipertireoidismo, um problema na tireoide (glândula que regula a função de órgãos importantes como o coração, o cérebro, o fígado e os rins), que se caracteriza pela produção desordenada dos hormônios T3 (triiodotironina) e T4 (tiroxina).
Aproximadamente um terço dos pacientes com doença de Graves apresentam algum sinal e/ou sintoma nos olhos, o que explica o nome da enfermidade. Embora a maioria das pessoas com DOT (90%) tenha hipertireoidismo concomitante, a DOT também pode ocorrer em pessoas com a tireoide normal ou com hipotireoidismo, quando há queda na produção dos hormônios T3 e T4 (10% dos casos).
A prevalência de pessoas com DOT não é conhecida, mas é estimada que a condição afete 16 a cada 100 mil mulheres na população mundial e 2,9 a cada 100 mil homens2. Embora seja mais frequente em mulheres, a forma mais grave da doença é mais comum em homens e em pessoas tabagistas.
Assim como todas as condições raras, o diagnóstico precoce e o cuidado adequado é fundamental para um melhor manejo da doença. O diagnóstico da DOT é clínico, feito por meio de um exame detalhado com médico oftalmologista especialista em cirurgia plástica ocular. É possível complementar a investigação com exames de sangue para avaliar a função tireoidiana e de imagem. A tomografia computadorizada ou ressonância nuclear magnética podem fornecer informações mais precisas, por exemplo.
Referências
1 McKeag D, et al. Clinical features of dysthyroid optic neuropathy: a European Group on Graves’ Orbitopathy (EUGOGO) survey. Br J Ophthalmol. 2007;91(4):455-458.
2 McAlinden C. An overview of thyroid eye disease. Eye Vis (Lond). 2014 Dec 10;1:9. doi: 10.1186/s40662-014-0009-8.