O Dia Mundial de Conscientização do Autismo, 2 de abril, tem como objetivo chamar a atenção da sociedade para a importância da conscientização sobre o autismo e a inclusão das pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) na sociedade.
É de conhecimento de especialistas e pesquisadores que autismo não é uma doença. De acordo com o Manual Estatístico e Diagnóstico de Transtornos Mentais, autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento que traz dificuldades de comunicação, interação social e déficits na reciprocidade socioemocional. Crianças com autismo podem apresentar alterações e atrasos em várias áreas do desenvolvimento, dificuldade em compartilhar brincadeiras imaginativas e apresentar rigidez cognitiva.
De acordo com o relatório do Centro de Controle de Doenças e Prevenção (CDC), publicado em março de 2023, uma em cada 36 crianças aos 8 anos de idade, nos Estados Unidos, é diagnosticada com TEA. O número deste estudo científico, com mais de 226 mil crianças, é 22% maior que o anterior, divulgado em dezembro de 2021, que foi de 1 em 44 (com dados de 2018). Numa transposição dessa prevalência para o Brasil, poderíamos ter cerca de 5,95 milhões de autista no país.
Frente a essa realidade, a conscientização incentiva a inclusão e a acessibilidade das crianças atípicas em todos os setores da sociedade, como escolas, espaços públicos e de lazer. Dessa forma, falar sobre a acessibilidade na instituição escolar é fundamental para garantir o aprendizado e o desenvolvimento dessas crianças.
O profissional pedagógico tem um papel importante para criar ambientes que favoreçam a inclusão, pois toda criança apresenta pontos fortes, e suas dificuldades precisam ser observadas para que sejam trabalhadas. A inclusão efetiva consiste em, de maneira sensível e respeitosa, enxergar toda criança, como pessoa que é, com suas necessidades e diversidades”, afirma Carla Maria, pedagoga, especialista em Gestão Escolar pela Universidade de São Paulo (USP), acompanhante terapêutica, mediadora escolar pelo CBI of Miami e idealizadora do Espaço Girassol.
Segundo o estudo “Marcos do Desenvolvimento: reconhecimento dos sinais de autismo pelos professores da educação infantil”, realizado pela pedagoga, para trabalhar com educação infantil é muito importante conhecer o conjunto de habilidades que a maioria das crianças atingem em uma determinada idade. Os marcos ajudam as famílias e os profissionais a perceberem quando o desenvolvimento da criança não está acompanhando o esperado, e podem ser divididos em: socioemocional, linguagem, cognitivo e motor.
“Os marcos são um bom começo para tornar a educação de fato inclusiva, respeitando cada criança como ser único e sem presumir competência, pois toda criança é capaz de aprender. Cabe ao profissional buscar recursos para amenizar as dificuldades e evidenciar as potencialidades, estimular habilidades para o desenvolvimento da autonomia, proporcionar estratégias para a criança aprender, valorizando as características individuais de cada uma.”, afirma Carla.
A especialista acrescenta que não existe apenas uma forma de existir e adquirir experiências. As crianças são diversas e pensar que todos são iguais só torna inviável as diferenças e pode impossibilitar que tenham intervenções necessárias para o seu desenvolvimento. “Ainda é necessário aprender sobre a neurodiversidade, que existem pessoas neurodivergentes, e que precisamos ter mais respeito às diferenças, pois existem diversas formas de ver e conceber o mundo. Não somos todos iguais e pensar assim vai nos ajudar a entender o que é diversidade”, conclui.