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  • qui. nov 21st, 2024

Oratória é considerada fundamental para desenvolvimento pessoal dos Autistas

Oratória é considerada fundamental para desenvolvimento pessoal dos Autistas

É comum que os meses do ano estejam vinculados a cores, que representam campanhas voltadas à conscientização e à prevenção de doenças e problemas de saúde. Pelo fato de ainda não existir um calendário oficial, os meses acabam recebendo mais de uma cor específica. O mês de abril já é reconhecido pelo verde, que alerta para a segurança e saúde no trabalho, e o azul, que representa a conscientização sobre o autismo.

O autismo possui níveis e dentro do espectro, existem vários comportamentos diferentes, que podem tornar o convívio social mais difícil e às vezes turbulento. A comunicação é uma das maiores dificuldades enfrentadas pelos autistas, tanto que alguns são ‘não verbais’, ou seja, não se comunicam por meio da fala. Por outro lado, mesmo aqueles que conseguem conversar normalmente, podem apresentar obstáculos no caminho. 

É por esse motivo que Fran Rorato, especialista em comunicação e oratória, fundadora da 2Talk Show e CEO da Vox2You São Paulo, acredita que cursos de oratória, quando bem aplicados, podem ajudar efetivamente na evolução de pessoas com autismo. Os cursos são alternativas interessantes porque permitem que os autistas participem de um meio em que a linguagem vai chegar até eles de forma ideal.

Segundo Fran, o objetivo é sempre melhorar a comunicação. “O autista precisa de pessoas que conversem utilizando gestos, que tenham linguagem assertiva e clara, com respiração adequada, fazendo pausas estratégicas, tendo organização de ideias. Ao colocar alguém com autismo em um curso, é possível gerar socialização e fazer com que se comunique com outras pessoas, que estão utilizando essas técnicas”, explica.

No entanto, para garantir que o autista esteja à vontade mesmo, em seu curso de oratória Fran oferece a primeira aula experimental, para entender se faz sentido para aquela pessoa estar ali. De acordo com a especialista, às vezes o mais adequado pode ser começar as aulas de maneira individual e só depois seguir com as dinâmicas em grupo. Todas as decisões são conversadas com os responsáveis previamente, para garantir o melhor desenvolvimento.

Aliado a essa tratativa, Fran conta com parcerias de fonoaudiólogos e psicopedagogos. “Ao percebermos que a dificuldade de comunicação é mais clínica do que emocional, fazemos o encaminhamento para tratar fora da escola e depois trazemos de volta. O nosso trabalho é um processo de construção contínuo e que só funciona se respeitarmos os limites de todos os envolvidos”, afirma.

Para Fran, os professores do curso estão preparados para lidarem com autistas. As atividades realizadas costumam ser iguais para todos, sem diferenciação. O ambiente em que o curso é realizado é sempre acolhedor, para que seja possível potencializar o entendimento dos alunos, especialmente os com autismo.

Visto isso, é perceptível que o curso certo pode ajudar o autista a estar mais conectado com o mundo, o que representa uma grande evolução. “A melhora da comunicação gera muitos progressos, como na autoestima. Além da acessibilidade, pois o autista deve trocar de igual para igual, não sendo colocado à margem. Prezamos pela inclusão, ou seja, é uma pessoa diferente que pode agregar e também nos ensinar. É uma interação valiosa”, ressalta.

No curso de oratória oferecido por Fran, o jornalista Cesar Augusto Ramos da Silva, de 25 anos, é um dos alunos e possui síndrome de asperger no grau leve. Ser grau leve é um fator importante que deve ser considerado, visto que graus mais severos podem apresentar mais resistência em participar de experiências assim. César procurou o curso com o objetivo de controlar a sua ansiedade, se expor mais e ter naturalidade e motivação nas apresentações que realiza.

Segundo o aluno, já é possível notar algumas melhorias, como controlar a agitação, evitar falar rápido, conseguir entender as expressões, além de ter começado a se expressar com autoestima. “A oratória ajuda a expandir minha imagem para os outros. Transmitir isso com clareza, enfrentar as diferenças de inclusão, sem preconceito e ter uma boa autoconfiança, perdendo o medo e me aperfeiçoando sempre”, finaliza César.

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