No dia 28 de maio de 1919, nascia em São Paulo Dorina de Gouvêa Nowill, que se tornaria um dos principais nomes na história brasileira quando o assunto é acessibilidade, educação e dignidade da pessoa com deficiência visual. Aos 17 anos, Dorina perdeu completamente a visão, devido a uma doença não diagnosticada. A partir desse momento, iniciou sua luta pela inclusão da pessoa cega e com baixa visão na sociedade.
Dorina sempre foi uma grande propagadora da importância da educação e dos livros. Em 1945, ela foi a primeira pessoa com deficiência visual a frequentar um curso regular na Escola Normal Caetano de Campos, em São Paulo, local onde se formaria como professora. Após diplomar-se, e percebendo a escassez de materiais em braille, Dorina criou a Fundação para o Livro do Cego no Brasil em 1946. A partir do início da década de 90, a Fundação passou a levar seu nome: Fundação Dorina Nowill para Cegos.
Por meio de uma bolsa de estudos, Dorina teve a oportunidade de cursar uma especialização em educação para as pessoas com deficiência visual na Universidade de Columbia, em Nova York, nos Estados Unidos. Nessa ocasião, percebeu a falta de oportunidades para o desenvolvimento do braille no Brasil e conseguiu que duas grandes instituições – a Kellog’s Foundation e American Foundation for Overseas Blind – doassem uma imprensa completa com maquinários para impressão em braille, papel e outros itens para sua fundação. Essa foi a oportunidade de disseminar os conteúdos em braille e, principalmente, permitir que as pessoas cegas e com baixa visão tivessem acesso aos livros e, inclusive, à alfabetização.
Dorina foi presidente do Conselho Mundial para o Bem-Estar dos Cegos, hoje, União Mundial de Cegos, e recebeu diversos prêmios e medalhas nacionais e internacionais ao longo de mais de seis décadas de trabalho à frente da Fundação Dorina.
Em 2004, Mauricio de Sousa, criador da Turma da Mônica, admirado com a luta de sua amiga Dorina Nowill pela inclusão da pessoa com deficiência visual, criou a personagem Dorinha como forma de homenageá-la.
Recentemente Dorina também foi uma das homenageadas na exposição Monalisas Brasileiras, que ficou em cartaz na Unibes Cultural, em São Paulo, e retratou mulheres que são referências históricas.
Dorina de Gouvêa Nowill faleceu em 2010, aos 91 anos, sendo reconhecida nacional e internacionalmente. O trabalho realizado pela Fundação, com atendimentos gratuitos para habilitar e reabilitar pessoas cegas e com baixa visão, oferecer serviços de soluções em acessibilidade e capacitação, contribuem para a autonomia e inclusão na sociedade, sendo esse o seu legado.
Mesmo com 77 anos de atuação, a Fundação está em constante evolução, seguindo o compromisso de Dorina Nowill, que é trazer inovações e proporcionar cada vez mais oportunidades e inclusão. Dessa forma, lançou serviços diferenciados, como: capacitação por meio dos cursos na Central de Formações, plataforma de ensino a distância da Fundação; estúdios com tecnologia de ponta e acesso ao trabalho, por meio da intensificação da área da Empregabilidade.
Sobre a Fundação Dorina Nowill para Cegos
A Fundação Dorina Nowill para Cegos é uma organização sem fins lucrativos e de caráter filantrópico. Há 77 anos se dedica à inclusão social de crianças, jovens, adultos e idosos cegos e com baixa visão. A instituição oferece serviços gratuitos e especializados de habilitação e reabilitação, dentre eles orientação e mobilidade e clínica de visão subnormal, além de programas de inclusão educacional e profissional.
Responsável por um dos maiores parques gráficos braille em capacidade produtiva da América Latina, a Fundação Dorina Nowill para Cegos é referência na produção e distribuição de materiais nos formatos acessíveis braille, áudio, impressão em fonte ampliada e digital acessível, incluindo o envio gratuito de livros para milhares de escolas, bibliotecas e organizações de todo o Brasil.
A instituição também oferece uma gama de serviços em acessibilidade, como cursos, capacitações customizadas, sites acessíveis, audiodescrição e consultorias especializadas. Com o apoio fundamental de colaboradores, conselheiros, parceiros, patrocinadores e voluntários, a Fundação Dorina Nowill para Cegos é reconhecida e respeitada pela seriedade de um trabalho que atravessa décadas e busca conferir independência, autonomia e dignidade às pessoas com deficiência visual.