O terceiro festival de inclusão aconteceu no Ginásio do Ibirapuera (Clube Escola Mané Garrincha), com o apoio da Secretária Municipal da Pessoa com Deficiência e da Secretaria Especial do Esporte de São Paulo.
Durante o evento foram apresentados os resultados das oficinas de artes marciais realizadas pelo Olga, que, há 16 anos, atende pessoas com deficiência e em situação de vulnerabilidade. Além da tradicional cerimônia de entrega da faixa preta, os convidados também puderam assistir à apresentação de taekwondo, judô, capoeira e futsal.
O Olga ainda celebrou uma grande conquista para todas as pessoas com deficiência: a entrega da faixa preta à primeira mulher com síndrome de Down, Mônica Rocha, de 28 anos, que conheceu o instituto no CIEJA (Centros Integrados de Educação de Jovens e Adultos), onde estudava na região do Campo Limpo. Monica teve que convencer o pai que o taekwondo era também praticado por mulheres.
Após trazer o entendimento para o seu pai e responsável, que hoje é um dos seus maiores incentivadores, Monica acumulou muitas conquistas e vitórias de forma gradual, de faixa em faixa, se tornando instrutora no Olga e agora, honrosamente, recebeu a faixa preta. E destaca: “mulher também luta”. Luta que ela vivencia diariamente, no ambiente escolar, por exemplo, Monica foi tão questionada quanto a sua capacidade, que a diretora insinuou que ela poderia passar de ano sem frequentar as aulas. Ela ainda observou que, em alguns lugares em que treina, é a única pessoa com deficiência.
É importante salientar que, no taekwondo, há nove graduações de faixas: Branca, Amarela, Amarela ponta verde, Verde, Verde ponta azul, Azul, Azul ponta vermelha, Vermelha, Vermelha ponta preta, preta. O símbolo da faixa preta representa a sabedoria e o conhecimento, o alcance da maturidade, o desenvolvimento intelectual do praticante. Monica é a primeira faixa preta no país e compartilha que após entrar no Olga e praticar taekwondo perdeu a timidez, a ansiedade, e preencheu o vazio. A mãe da Monica, Gildete Rocha, detalha que são nove anos de dedicação: “houve épocas que achamos que não iríamos chegar na faixa preta”.
Segundo Ranniere Couto dos Anjos, instrutor de taekwondo do Olga, “a ideia do evento é demonstrar o quão benéfico é a utilização das artes marciais como forma de inclusão. As artes marciais trabalham o respeito, a disciplina e a força de vontade em superar as dificuldades para sobrevivência e muito disso vemos no mundo das pessoas com deficiência. O Olga foi fundamental neste processo, porque foi a partir dele que a Monica teve contato com o esporte e descobriu que era capaz. Agora chegou o momento tão esperado que é a conclusão desse ciclo”. Já o presidente do Olga, Wolf Kos, expressou a sua satisfação e confiança de que ela será a primeira dentre muitas pessoas com deficiência a receber a faixa preta, pelo menos, se depender do Olga.