A Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo sediou, na tarde da quinta-feira (22), o evento de lançamento da Frente Parlamentar de Proteção às Pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Rafael Saraiva (União), requerente da reunião, é coordenador do bloco suprapartidário que reúne, além dele próprio, 9 membros efetivos e mais 15 membros apoiadores.
Frentes parlamentares são blocos compostos por deputados interessados na defesa conjunta de propostas e ideias de um assunto em comum. A organização desses blocos é realizada de modo independente às bancadas dos partidos.
“Essa Frente Parlamentar, apesar do nome, se estende a todas as pessoas atípicas”, disse Rafael Saraiva na abertura da solenidade. “O nosso intuito é aproximar o Executivo Paulista dos Executivos das 645 cidades do Estado”, completou o parlamentar.
Além de Saraiva, os deputados da Alesp Eduardo Suplicy (PT) e Andrea Werner estiveram presentes. Outras lideranças políticas e autoridades no tema compuseram a Mesa Diretora, tais como Jersey Pereira da Silva, pró-reitor acadêmico do Centro Universitário Ítalo-Brasileiro; Silvia Grecco, secretária da Pessoa com Deficiência da cidade de São Paulo; o deputado federal Felipe Becari (União-SP); Marcos da Costa, secretário Estadual da Pessoa com Deficiência; e Jorginho Mota (Agir), vereador de Guarulhos.
Futuro e oportunidades
“O autista, hoje, precisa de oportunidades para que, no futuro, todos os autistas tenham possibilidades”, disse Jorginho Mota, o primeiro parlamentar autista do Brasil.
O vereador saudou a iniciativa de Rafael Saraiva e clamou por políticas públicas que garantam isonomia de direitos à população enquadrada no TEA. “O autista tem o direito de estar em todo o lugar, pois tem capacidade igual a qualquer outro”, completou Mota.
‘Os direitos não são cumpridos’
A igualdade de direitos, entretanto, ainda é um desafio para a população autista e suas respectivas redes de apoio. “A gente não tem políticas públicas [para o transtorno do TEA]”, declarou a deputada Andrea Werner.
A parlamentar do PSB narrou os eventos de vida que a levaram a se engajar pela causa da pessoa com deficiência. “Cheguei aqui porque, 15 anos atrás, tive um bebê que aparentemente era de desenvolvimento típico. (…) Aos 2 anos, ele entrou para a escolinha e acabei por descobrir que ele era autista”, contou Werner. Logo após o diagnóstico, disse a deputada, “fui começando a perceber como os direitos não são cumpridos”, pois passou a receber negativas constantes de matrículas escolares.
Hoje, o filho da deputada tem 15 anos. Andrea afirmou que os problemas enfrentados ao longo da sua trajetória, na verdade, são parte de um emaranhado maior de negação de direitos. “No Sistema Único de Saúde (SUS), às vezes, demora dois anos para se obter o diagnóstico”, relembrou a deputada. “E o Rafael Saraiva tem sido um grande parceiro da causa”, finalizou.
Felipe Becari, deputado federal presente no evento, reiterou como a defesa de políticas públicas para as pessoas com deficiência deve ser um exercício de empatia de toda a sociedade. “Não tenho um filho autista, então não sei o que as pessoas que passam por isso sentem. Algumas dores eu não sinto na pele”, disse Felipe, que é presidente da Frente Parlamentar de Proteção às Pessoas Autistas na Câmara dos Deputados, em Brasília.
Políticas em conjunto
Como dito por Rafael Saraiva no início do evento, a construção de políticas públicas para a população com deficiência depende, sobretudo, da cooperação entre Poderes Estadual e Municipal. “Temos uma parceria muito boa com a Secretaria de Estado. Nossas conversas são sempre [no sentido de] trabalharmos em conjunto para transformar nossa cidade e o estado em espaços mais inclusivos”, disse Silvia Grecco, secretária Municipal da Pessoa com Deficiência na Capital Paulista.
A secretária destacou que o ambiente escolar é um dos mais importantes a serem pensados em termos inclusivos. “A inclusão escolar é totalmente importante e necessária. Devemos fazer com que sejam bem acolhidos. Não basta convidá-los para o baile, tem que os chamar para dançar”, disse Grecco. “As pessoas com deficiência devem ser amadas, respeitadas e incluídas”, completou.
Fonte: Comunicação Social da ALESP
Foto/Imagem: Rodrigo Romeo / Agência Alesp