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  • sáb. out 5th, 2024

Crianças fora das creches e problemas para famílias de pessoas com deficiência no momento das matrículas

Crianças fora das creches e problemas para famílias de pessoas com deficiência no momento das matrículas

O Brasil tem 2,5 milhões de crianças de até 3 anos de idade fora das creches, segundo levantamento da Fundação Getúlio Vargas (FGV) a partir de informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad). De acordo com o estudo, produzido com dados de 2022 e divulgado este mês, apenas 30% das crianças dessa faixa etária estão matriculadas na educação infantil. A meta do Plano Nacional de Educação (PNE), do Ministério da Educação, é de que até o próximo ano 50% delas estejam frequentando escolas. 

A pedagoga e especialista em educação infantil, Fernanda King, diretora do Petit Kids Cultural Center, afirma que restringir o acesso das crianças pequenas a uma educação de qualidade é um retrocesso social e traz consequências que não podem ser revertidas. Segundo ela, a alfabetização deve começar desde cedo para garantir o pleno desenvolvimento infantil. “Muitos pais deixam a educação infantil de lado na primeira infância e ela é fundamental para criar toda a base de conhecimento. É preciso levar em consideração o desenvolvimento da criança e não a conveniência ou vontade dos pais”, afirma. 

A especialista também destaca as dificuldades que envolvem as famílias com crianças com deficiência. “As dificuldades enfrentadas por pessoas com deficiência acontecem desde a primeira infância. É óbvio que o mercado de trabalho é cruel, mas esse processo de exclusão já se inicia desde a primeira escola. Apesar da lei da inclusão estar vigente em nosso país há alguns anos, muitas escolas ainda dão um jeito de recusar a vaga quando percebem que a criança tem algum tipo de deficiência física ou intelectual. Já ouvi depoimentos de pais de alunos com deficiência afirmando que estava tudo bem durante a visita para conhecer a escola, e que quando contaram a respeito da síndrome de Down, ou do autismo, por exemplo, a vaga “sumiu”. Dizem que são colocados em uma lista de espera e que não são chamados nunca mais”.

Fernanda King afirma que “hoje muitas instituições de ensino tanto públicas quanto particulares já estão capacitadas a receber e acolher todos os tipos de famílias e alunos, com muito amor e sabedoria. Felizmente já avançamos nesse sentido, e a conscientização das famílias a respeito de seus direitos também está maior, fazendo com que se posicionem de forma mais impositiva com as escolas. Dessa forma, quando crianças com e sem deficiência convivem no mesmo ambiente desde pequenas, crescem juntas de maneira natural, a empatia é praticada no dia a dia. A tendência é que no futuro haja menos discriminação no mercado, nas ruas, na vida. Só assim vamos construindo pouco a pouco uma sociedade mais humana e inclusiva”.

Fernanda King é Pedagoga com pós graduação em Desenvolvimento Infantil, tendo formação especializada em educação infantil em Reggio Emília (Itália) e na Argentina é diretora e fundadora da Petit Kids.

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