A Comissão de Saúde (CS) da Alesp – Assembleia Legislativa de São Paulo, realizou na manhã desta quarta-feira (11), uma audiência pública para discutir o acesso ao diagnóstico e tratamento adequado da retinopatia diabética. A reunião contou com a presença de autoridades médicas no tema e lideranças da sociedade civil relacionadas à causa.
A retinopatia diabética é uma complicação do diabetes que afeta os vasos sanguíneos da retina, a região posterior do olho. O paciente diabético deve controlar seus níveis de açúcar no sangue, a chamada glicemia. Se a glicemia é mal controlada, isso pode vir a afetar uma série de funções vitais do corpo, dentre as quais o funcionamento adequado da retina. Em casos graves, a condição pode levar à cegueira. “É um relevante problema de saúde pública no Brasil”, destacou Maria Lúcia Amary (PSDB), presidente da sessão.
“É um tema sensível para a saúde da população”, afirmou Maria Lúcia ao início da audiência. “Protocolei um projeto de lei que estabelece prazo para o tratamento da retinopatia diabética (…) Quero colocar o meu mandato à disposição de todos vocês”, destacou Amary em alusão ao Projeto de lei 1.166/2023.
Problemas e sugestões
De acordo com Vanessa Pirolo, coordenadora da Associação Botucatuense de Assistência ao Diabético (ABAD) e da coalização Vozes do Advocacy, a audiência é de suma importância para pautar o tema e debater os aspectos de adesão e acesso ao tratamento.
“Sabemos que a adesão ao tratamento de diabetes é muito baixa. Um dado publicado pelo próprio Ministério da Saúde (MS) revelou um gasto com diabates de 42 bilhões de dólares em 2021. Claro que há aí o custo de insumos e medicamentos, mas abrange também o custo de todas as complicações por diabetes”, afirmou Vanessa.
Segundo a coordenadora da ABAD, o cenário se torna ainda mais grave diante das filas de espera por consultas e tratamentos. “O diabetes está crescendo assustadoramente. Precisamos aumentar o acesso aos tratamentos, especialistas, insumo e informação quanto ao diabetes”, ressaltou Pirolo. “Boa parte dos profissionais está concentrada no Estado de São Paulo, em especial nas grandes regiões. Precisamos redistribuir os profissionais”, ponderou a coordenadora.
Ao fim da apresentação, Vanessa Pirolo sintetizou algumas sugestões da coalização Vozes do Advocacy para a questão, tais como: contratações de mais oftalmologistas, implantar a telemedicina, capacitar os profissionis de atenção básica com informações sobre diabetes e aprimorar o sistema da Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde (CROSS).
Principal causa da cegueira
“A retinopatia diabética é uma das principais causas da cegueira no Brasil, mas ela é tratável. Basta o diagnóstico e o tratamento precoce”, destacou Maria Julia Araújo, representante da associação Retina Brasil. “O custo da doença supera os gastos que teríamos ao tratar adequadamente dessas pessoas”, completou Araújo.
Arnaldo Bordon, presidente da Sociedade Brasileira de Retina e Vitreo (SBRV), destacou que a retinopatia diabética é a principal causa de cegueira na população economicamente ativa (PEA). O impacto da doença, assim, reverbera na geração de renda, emprego e crescimento econômico.
O diagnóstico deve ser feito o quanto antes, o que nem sempre é possível. “A retinopatia diabética é uma doença silenciosa. Na primeira fase, ela não causa sintoma nenhum, e aí reside o perigo, pois essa também seria a melhor fase para identificarmos a doença e evitar a evolução para a cegueira. Não precisa ser um médico especializado, a atenção primária poderia fazer isso”, disse Arnaldo.
Maximizar resultados
Rubens Belfort Jr, autor de 10 livros sobre oftalmologia, saudou o aprimoramento de tecnologia e de recursos humanos para “maximizar os resultados com o que temos”. “Há 50 anos, ouvimos falar sobre isso. Grandes avanços aconteceram nos últimos anos e essa reunião é mais um deles”, afirmou o médico.
Carmela Maggiuzzu Grindler, representante da Secretaria Estadual de Saúde na audiência, destacou “a importância do Sistema Único de Saúde (SUS) como protagonista” na questão. De acordo com Carmela, a pasta já estuda um projeto de capilarização do atendimento nos municípios paulistas, sobretudo para aprimorar o acesso em cidades com poucos habitantes e sem a estrutura de grandes centros urbanos. O estudo de caso, afirmou Grindler, é crucial para “dimensionar” o tema e orientar as resoluções.
Fonte: Assessoria de Comunicação da ALESP / Foto: Carol Jacob