Muita gente pensa que a surdez é uma deficiência de nascença, sem possibilidade de cura, e que a única solução para transpor a limitação comunicativa imposta por ela é por meio do aprendizado da linguagem de sinais.
De fato, há muitos casos que são, sim, de nascença e de difícil recuperação. E a linguagem de sinais, claro, é uma aliada importantíssima em termos de comunicação.
No entanto, esse universo é bem mais amplo do que se imagina. Existem diferentes tipos de surdez – e alguns deles podem surgir ao longo da nossa vida. Da mesma forma, também podem ser reversíveis a depender do caso, conforme explica a Dra. Bruna Assis, otorrinolaringologista do Hospital Paulista.
“Tudo depende do local da lesão que afeta o sistema auditivo. Esse é o grande desafio que os médicos têm: realizar o diagnóstico adequado, para depois buscar um tratamento que possa restaurar a audição ou, ao menos, melhorar a qualidade de vida do paciente”, esclarece.
A médica destaca que o ouvido é dividido em três partes: externa, média e interna. Conforme o local, os problemas de surdez ou perdas de audição podem variar, assim como os tratamentos indicados.
Dessa forma, cabe aos médicos avaliarem se:
– A surdez é por condução. Ou seja, acontece quando o problema ocorre no ouvido externo e/ou médio, que tem como função conduzir o som até o ouvido interno;
– A surdez neurossensorial. Ou seja, ocorre quando há uma lesão no ouvido interno, impedindo que essas células levem o estímulo do som do ouvido interno até o cérebro;
– A surdez é mista. Quando combina duas lesões, simultaneamente. Exemplo: uma lesão tanto no ouvido externo e/ou médio como no ouvido interno;
– A surdez é central. Ou seja, causada por variações na compreensão da informação sonora.
Esse último caso, segundo a especialista, é considerado o mais desafiador. “É o tipo mais complexo de perda auditiva, por envolver todo o processamento, interpretação dos sons e a capacidade mental do paciente. A causa do problema pode não estar propriamente no ouvido ou em uma de suas estruturas.”
Nos demais casos, contudo, a médica afirma que há chances bem maiores de recuperação, mesmo que seja com a ajuda de instrumentos, a exemplo do aparelho auditivo.
Conscientização
Neste mês, aliás, o assunto é o tema central da campanha “Setembro Azul” ou “Setembro Surdo”, que desde 2011 mobiliza a comunidade médica de todo o país. O objetivo é chamar a atenção para as lutas e conquistas da comunidade surda no Brasil e no mundo, além de conscientizar o público sobre a importância do diagnóstico e tratamento dessa disfunção.
“É muito importante que tenhamos o cuidado de manter o paciente surdo ou com dificuldade auditiva inseridos à sociedade. O isolamento, principalmente do idoso, pode contribuir para o desenvolvimento de doenças como depressão, demência e Alzheimer. Portanto, é fundamental sempre procurar atendimento, nesses casos.”
Existe prevenção?
Além da conscientização, a médica destaca que também é possível adotar medidas de prevenção à surdez.
“Apesar de existirem fatores genéticos envolvidos no processo da evolução da perda auditiva, alguns hábitos de vida podem reduzir riscos. Por exemplo: evitar a exposição a ruídos intensos por longos períodos. O mesmo vale para as doenças crônicas, como hipertensão, diabetes e dislipidemia (doença que se caracteriza por anomalias nos níveis de lipídios no sangue, principalmente do colesterol total e dos triglicérides).”
Dra. Bruna ainda recomenda avaliações de rotina com o médico otorrino para manter uma audição saudável.
Sobre o Hospital Paulista de Otorrinolaringologia
Fundado em 1974, o Hospital Paulista de Otorrinolaringologia possui quase cinco décadas de tradição no atendimento especializado em ouvido, nariz e garganta e durante sua trajetória, ampliou sua competência para outros segmentos, com destaque para Fonoaudiologia, Alergia Respiratória e Imunologia, Distúrbios do Sono, procedimentos para Cirurgia Cérvico-Facial, bem como Buco Maxilo Facial.