A trombose é uma doença perigosa, que ocorre quando um coágulo se forma no sistema circulatório, impedindo o fluxo sanguíneo. Esses coágulos, também chamados de trombos, normalmente se formam nas veias internas das pernas, caracterizando a trombose venosa profunda (TVP). No entanto, as complicações podem acometer outras partes do corpo, como os pulmões, representando risco à vida.
Visando aumentar a consciência da população sobre a trombose e seus perigos, o dia 13 de outubro é lembrado mundialmente como o Dia Mundial da Trombose. Conhecer os sintomas e fatores de risco trombose é a melhor forma de evitar a doença e assegurar um diagnóstico rápido, o que pode auxiliar a salvar vidas. Com este objetivo, Erich de Paula, médico hematologista e professor associado da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), responde as principais questões sobre a trombose, formas de prevenção e tratamento. Confira, abaixo, a sua entrevista:
1. O que é trombose?
Trombose pode ser definida como uma obstrução de um vaso sanguíneo por um coágulo, podendo ser venosa ou arterial. A trombose venosa ocorre quando o trombo e forma nas veias que trazem o sangue do coração aos tecidos e órgãos, enquanto a arterial afeta as artérias que levam o sangue. A última é mais grave, pois interrompe a oxigenação para o tecido, podendo causar infartos ou derrames (AVC). No caso da trombose venosa, os mais afetados são os membros inferiores, normalmente acometendo somente uma das pernas. No entanto, há casos em que o coágulo pode acabar se soltando e chegar até os pulmões através da circulação sanguínea, ocasionando a embolia pulmonar (EP), que compromete a função de oxigenação do sangue, podendo neste caso ser fatal.
2. Quais são os principais sintomas?
Os sintomas da trombose venosa profunda são dor, calor, mudança na coloração e inchaço da área afetada. O inchaço é unilateral e assimétrico, ou seja, uma das pernas fica mais volumosa que a outra. No caso da embolia pulmonar, os sinais clínicos são dor no peito, falta de ar e, em alguns casos, tossir sangue.
3. Existem fatores de risco para a trombose?
Sim, idade avançada, tabagismo, obesidade, sedentarismo, gravidez e puerpério, uso de medicamentos como anticoncepcionais a base de estrógenos e de reposição hormonal, tendência familiar e longos períodos de imobilização, como internações e viagens prolongadas, são todos fatores de risco da trombose venosa. Já as arteriais estão associadas a fatores como diabetes, hipertensão e alterações do colesterol. É muito importante às pessoas conhecerem os fatores de risco e comunicá-los aos profissionais de saúde caso os sintomas de trombose sejam observados.
4. Quais são as formas de prevenção da doença?
A prevenção, tanto da trombose arterial quanto da venosa, envolve principalmente a adoção de um estilo de vida saudável, com controle de peso, prática de exercícios e alimentação balanceada. Evitar ficar muito tempo sentado ou deitado e se certificar de movimentar o corpo de vez em quando também é recomendado para prevenir a formação dos trombos. Em alguns casos, como pessoas que apresentam fatores de risco adicionais ou que já possuem histórico de trombose, os pacientes devem discutir com seus médicos a necessidade de medidas preventivas adicionais em situações especiais, como o uso de meias elásticas e anticoagulantes profiláticos.
5. Como é feito o tratamento da trombose?
O tratamento da trombose envolve o uso de anticoagulantes e deve ser iniciado o quanto antes para evitar complicações graves, como a embolia pulmonar. O tratamento com esses medicamentos costuma durar de três a seis meses, podendo ultrapassar esse período caso haja recomendação médica. É importante o paciente passar por uma avaliação médica após o período de tratamento, para analisar o risco de desenvolver novas tromboses e definir a melhor estratégia preventiva.
Sobre o Dia Mundial da Trombose – No dia 13 de outubro é lembrado o Dia Mundial da Trombose, que tem como objetivo aumentar a consciência sobre a trombose entre profissionais da saúde, pacientes e entidades do governo e do terceiro setor. No entanto, devemos estar em alerta para essa afecção todos os dias. Em âmbito global, a campanha desta efeméride é liderada pela Sociedade Internacional de Trombose e Hemostasia (ISTH, na sigla em inglês) e, no Brasil, por entidades médicas, entre as quais se destaca a Sociedade Brasileira de Trombose e Hemostasia (SBTH). Para saber mais, acesse o site do Dia Mundial da Trombose e também o site da SBTH.