Doenças que afetam a retina das pessoas e podem prejudicar a visão a longo prazo são cada vez mais prevalentes no Brasil e no mundo. A degeneração macular relacionada à idade (DMRI) úmida e o edema macular diabético (EMD), por exemplo, são duas das principais causas de perda de visão entre pessoas acima de 55 anos e afetam cerca de 40 milhões de pessoas em todo o mundo. No Brasil, essas duas doenças atingem hoje 1,4 milhão de pessoas, segundo dados da Clarivate Decision Resources Group, e podem exigir tratamento com injeções intravítreas (dentro do olho) até uma vez por mês.
Ambas as condições podem acometer a mácula, uma região no fundo do olho, que é responsável pela formação da visão mais nítida e detalhada. Atividades de rotina, como dirigir ou fazer compras no supermercado, podem se tornar difíceis para os pacientes que, além dos sintomas, precisam encarar outros desafios, como explica o médico oftalmologista Arnaldo Furman Bordon, presidente da Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo (SBRV), chefe do Setor de Retina e Vítreo do Hospital Oftalmológico de Sorocaba e diretor da clínica Oftalmo Furman.
“Os cuidados exigem muito do paciente, que normalmente precisa ter visitas mensais às clínicas e consultórios”, afirma o médico, que ressaltou que esse é um dos maiores obstáculos dos pacientes. Uma pesquisa realizada pela ONG Retina Brasil em 2022, com apoio da Roche, atesta a experiência na clínica: mais de 40% dos pacientes com DMRI úmida em tratamento em algum momento de sua jornada não aderiram ao cuidado. Alguns deles queixaram-se das muitas aplicações de injeção e do desconforto, dor e irritação gerados pelos cuidados, bem como do tempo de espera para marcar consultas, exames e do deslocamento necessário para receber o tratamento.
Nos últimos anos, a ciência tem investido em pesquisa clínica com o objetivo de preservar a visão das pessoas e atenuar a jornada dos pacientes com doenças da retina, em busca de inovações capazes de melhorar a qualidade de vida dos pacientes e de suas redes de apoio, familiares e cuidadores. “Tivemos um salto muito grande nos últimos 15 anos com o advento das terapias chamadas antiangiogênicas, que são medicações injetáveis que mudaram o curso dessas patologias, capazes de não só estabilizar a doença como melhorar a visão”, contextualiza o Dr. Bordon.
Segundo o oftalmologista, que também é pesquisador e participa regularmente de protocolos de pesquisa clínica nacionais e internacionais envolvendo condições como a DMRI e o EMD, os estudos e inovações têm focado em manter a qualidade de resultado visual para o paciente, com segurança, porém com maior qualidade de vida. “Atuando nisso podemos conseguir uma melhor aderência do paciente, e isso é um avanço bastante importante”, finaliza o médico.