Há esperança no horizonte
“A construção de uma sociedade anti-capacitista requer o engajamento de todos, para promover a inclusão, respeitar a diversidade e garantir que as pessoas com deficiência sejam tratadas com igualdade, valorizando suas capacidades e proporcionando oportunidades de pleno desenvolvimento.” (Além das limitações: uma jornada pela história da deficiência e a sociedade do cuidado, Pérola de Paula Sanfelice e Daniele Schorne de Souza)
No dia 3 de Dezembro, será comemorado o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência. A data marca o momento de refletir sobre um grupo que representa 8,9% da população brasileira, mas que mesmo assim ganha R$792 reais a menos do que pessoas sem deficiência, segundo o IBGE (PNAD,2022). Mais da metade dessas pessoas, 55%, vive na informalidade, enquanto a taxa de informalidade em pessoas sem deficiência é de 38%. Os problemas começam na educação: apenas ¼ das Pessoas com Deficiência concluíram a educação básica, e só 7% a graduação. E mesmo com um cota que reservou 701 mil vagas no mercado de trabalho, em 2022, apenas 372 mil dessas estavam efetivamente ocupadas.
Para somar na luta contra essa desigualdade, no dia 8, as historiadoras Pérola de Paula Sanfelice e Daniele Schorne de Souza, empenhadas na luta contra o capacitismo e em prol de uma sociedade mais atenta e inclusiva, lançarão o livro “Além das limitações: uma jornada pela história da deficiência e a sociedade do cuidado”. Ele é um dos resultados de um projeto cultural aprovado na Lei Rouanet e conta com o patrocínio das empresas Rumo Logística, Itambé Energética e PremieRpet. É uma realização do Núcleo de Mídia e Conhecimento, com o apoio da Fundação Iniciativa e da ASID Brasil.
A obra começa definindo deficiência e elencando seus tipos, e costura estes conceitos básicos com os modos de tratamento de Pessoas com Deficiência e o capacitismo do dia-a-dia. As autoras proporcionam uma viagem à história da Pessoa com Deficiência e os avanços no Brasil – como a Lei Brasileira de Inclusão – e no mundo, bem como desafios que ainda temos que enfrentar. Tem até dicas de filmes sobre a temática. Em seguida, há um manual de facilidades. Este recurso reúne resumos das principais leis e políticas públicas voltadas para pessoas com deficiência, além de medidas de acessibilidade que devem ser implementadas em diversos setores da sociedade. Além disso, o manual fornecerá informações práticas sobre como acessar e usufruir dessas facilidades, direcionando a recursos e contatos relevantes.
O objetivo é fornecer não apenas conhecimento histórico, mas também oferecer ferramentas e informações úteis para o engajamento ativo na promoção da inclusão e do cuidado mútuo.
O protagonismo, no entanto, vai para o conceito de Sociedade do Cuidado, uma sociedade na qual todos estaremos dispostos e preparados para lidar com as diferenças e abraçar a inclusão.
Por isso, e “especialmente pela linguagem que o livro contém” , segundo Edilayne Ribeiro, líder de projetos da ASID Brasil, vale a pena conhecer a obra e aproximar-se ainda mais de uma realidade nada distante, mas que por vezes acaba invisibilizadas.
“É um bom ponto de partida. Precisamos de bons pontos de partida. É uma forma de consultar temas que você está em dúvida ou que você esqueceu, especialmente a questão histórica.” (Edilayne Ribeiro – líder de projetos da ASID Brasil)
A transmissão ao vivo do evento ocorrerá por esse link.
Serviço
O quê?
Lançamento do livro “Além das limitações: uma jornada pela história da deficiência e a
sociedade do cuidado”.
Quem?
Autoras: Pérola de Paula Sanfelice e Daniele Schorne de Souza
Realização: Núcleo de Mídia e Conhecimento e Governo Federal, através do Ministério
da Cultura;
Patrocínio: Itambé, Rumo e PremieRpet, através da Lei Rouanet;
Apoio: ASID Brasil e Fundação Iniciativa;
Quando?
Dia 8 de Dezembro
Onde?
No canal da ASID no Youtube.
Como?
O lançamento ocorrerá de forma online. As autoras vão abordar os principais tópicos do livro e responder perguntas. Também vai rolar um painel de debates sobre o histórico de lutas e responsabilidade social.
Por quê?
8,9% da população brasileira possui algum tipo de deficiência. Isso são 18,6 milhões. Com o preconceito e as dificuldades que ele gera, surgem dados preocupantes:
A taxa de analfabetismo entre pessoas com deficiência é de 19,5%. Em pessoas sem deficiência a taxa é de 4,1%.
Das pessoas com deficiência com 25 anos ou mais, 25,6% concluíram a educação básica (até o ensino médio). Em pessoas sem deficiência, essa taxa é de 57,3%
A taxa de pessoas com deficiência com 25 anos ou mais que concluíram o ensino superior é de 7%, contra 20% de pessoas sem deficiência
O livro é um esforço para a compreensão da história da Pessoa com Deficiência, do capacitismo e da luta pela inclusão. É combater o preconceito entendendo o conceito.
Sobre as autoras
Sou Pérola de Paula Sanfelice, entusiasta por uma vida plural e igualitária. Sou historiadora, e desde o início da minha formação até o meu doutorado trabalhei com a “Historia dos excluídos “, mas confesso que não me atentava para exclusão social e histórica das pessoas com deficiência. Até que a vida me presenteou com a minha primeira filha, Pétala, que possui uma condição rara e que me apresentou um novo mundo.
Também sou mãe da Coral, que com os seus singelos 4 aninhos acolhe e compreende a sua irmã em sua singularidade, e que também me mostra que a exclusão e preconceito, intrínsecos em nossa sociedade, não são naturais. Ninguém nasce preconceituoso. E por acreditar nisso, me dedico a escrever esse livro que conta um pouco da História da Pessoa com deficiência e apresenta um singelo manual de como facilitar a vida nesse mundo preso na normatização de corpos e subjetividades.
Sou Daniele Shorne de Souza, autora, historiadora e editora de material didático, minha trajetória de vida é marcada por desafios físicos desde meu nascimento, devido à síndrome de Ehrles Danlos. Apesar das limitações, encontrei refúgio nos livros e me dediquei à história dos excluídos, obtendo um mestrado em história das mulheres.
Sou casada com Luiz Rodrigo, uma pessoa com deficiência, e recentemente fui diagnosticada com Lúpus. Tornei-me uma pessoa com deficiência invisível. Deficiências, sejam elas visíveis ou invisíveis, estão presentes em todos os lugares.
Acredito que a única preparação que podemos fazer é olhar ao nosso redor e trabalhar para tornar o mundo mais acessível e inclusivo.
Ao olhar para meu filho Levi, vejo a esperança de um futuro inclusivo, destacando a importância de reconhecer e trabalhar para tornar o mundo acessível a todos.