A Lei Federal nº 14.796, publicada no Diário Oficial da União desta segunda-feira, 8, determina que “fica inscrito o nome de Dorina de Gouvêa Nowill no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, depositado no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, em Brasília”. A legislação foi assinada pelo Presidente da República e já entrou em vigor. Herói ou heroína da pátria é um título dado a personalidades que tiveram papel fundamental na defesa ou na construção do país. O nome é registrado no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria — ou Livro de Aço, pois a obra de fato é formada por páginas de aço — abrigado no Panteão da Pátria, na Praça dos Três Poderes, em Brasília.
Criado em 1992, o livro reúne protagonistas da liberdade e da democracia, que dedicaram sua vida ao país em algum momento da história. A inscrição de um novo personagem depende de lei aprovada no Congresso.
Até março de 2023, 64 títulos foram inscritos no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, sendo 51 homens e 13 mulheres. São militares, escritores ou intelectuais, revolucionários, políticos, enfermeiros, inventores, músicos e um imperador.
Entre os heróis e heroínas brasileiros, estão nomes como Tiradentes, Anita Garibaldi, Chico Mendes, Zumbi dos Palmares, Machado de Assis, Chico Xavier, Santos Dumont e Zuzu Angel.
Dorina Nowill: nova heroína da Pátria
Dorina nasceu em São Paulo, no dia 28 de maio de 1919 e acabou ficando cega aos 17 anos de idade, vítima de uma doença não diagnosticada. Ela foi a primeira aluna cega a frequentar um curso regular na Escola Normal Caetano de Campos, e conseguiu a integração de outra menina cega num curso regular da mesma escola. Posteriormente, Dorina colaboraria para a elaboração da lei de integração escolar, regulamentada em 1956.
Percebendo a carência, no Brasil, de livros em braille – sistema de escrita e leitura para cegos –, criou a então Fundação para o Livro do Cego no Brasil, que iniciou suas atividades em 11 de março de 1946.A Fundação Dorina leva o nome de sua idealizadora, Dorina de Gouvêa Nowill. Mais do que uma fundação, ela deixou a oportunidade de viver com dignidade à pessoa cega e com baixa visão e, às pessoas que enxergam, uma lição de vida. Perseverança, caridade, resignação e paciência são as lições deixadas por esta paulista que enxergava o mundo com os olhos da alma.
Dorina se especializou em educação de cegos no Teacher´s College da Universidade de Columbia, em New York, EUA. Naquela ocasião, participou de uma reunião com a Diretoria da Kellog’s Foundation, onde expôs o problema da falta de livros em braille para cegos brasileiros e a necessidade de se conseguir uma imprensa braille para a Fundação que havia criado no Brasil.
Assim, em 1948, a Fundação para o Livro do Cego no Brasil recebeu, da Kellog’s Foundation e da American Foundation for Overseas Blind, uma imprensa braille completa, com maquinários, papel e outros materiais.