A maternidade revela uma realidade complexa quando a chegada do bebê envolve complicações, como prematuridade ou problemas de saúde. A psicóloga clínica do Hospital e Maternidade Sepaco Patrícia Mekler destaca que essa experiência desafia as expectativas ideais e impõe às mães uma jornada emocional intensa.
“Mesmo quando ocorre ‘tudo bem’, sem intercorrências, já temos uma ruptura e a mulher precisa lidar com uma série de questões hormonais e emocionais que impactam em sua saúde mental”, ressalta Patrícia.
A internação de um bebê recém-nascido em uma UTI neonatal representa um ponto crucial nesse percurso. A psicóloga descreve o ambiente da UTI como hostil, citando o impacto da separação entre mãe e bebê.
“Ver o bebê conectado a fios, equipamentos e quase sempre dormindo, com pouca interação, tende a produzir na mãe sentimentos diversos, como culpa, medo, frustração e insegurança”, explica.
Ao longo desse período desafiador, Patrícia enfatiza que “ansiedade, desamparo, angústias e depressão são emoções vividas pela mãe durante todo tempo de internação dos bebês.” É importante abordar esses sentimentos para evitar possíveis complicações a longo prazo.
O suporte psicológico é elemento fundamental para auxiliar as mães a dar voz às suas experiências. Para Patrícia, por meio do atendimento psicológico, é possível “construir novos significados ao momento vivenciado, levando sempre em consideração a subjetividade existente em cada relação.”
A equipe multiprofissional e o cuidado humanizado também desempenham um papel essencial. Incluir a mãe nos cuidados, estimular a participação em visitas multidisciplinares e incentivar a amamentação são algumas das ações voltadas para mitigar os impactos negativos e fortalecer o vínculo mãe-bebê.