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‘Descubra a orquestra’ com música e inclusão tem inscrições abertas até 14 de fevereiro

‘Descubra a orquestra’ com música e inclusão tem inscrições abertas até 14 de fevereiro

‘Descubra a orquestra’ prepara professores para aprimorar a educação musical nas salas de aula

Apreciar um concerto da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp) é uma experiência que Patrícia Ferraz da Silva faz questão de proporcionar aos seus alunos. Professora de Artes, ela atua na rede pública de ensino há 20 anos e assim que chegou à EE José de Oliveira Orlandi, na capital paulista, planejou levar uma turma dos Anos Finais do Ensino Fundamental para assistir à apresentação.

A história da Patrícia com a Osesp, que tem como sede a Sala São Paulo, começou em 2012. Na época, ela participou de sua primeira formação no Descubra a Orquestra, programa de capacitação em apreciação da música de concerto, dedicado a educadores de escolas públicas, particulares e instituições beneficentes. “Participar do curso é um dos pré-requisitos para levar as turmas aos concertos. Em mais de uma década frequentando as formações, estive lá com alunos do Ensino Médio, Fundamental I, Fundamental  II e do EJA (Educação de Jovens e Adultos). Possibilitar esse momento único para eles e vê-los emocionados por estarem ali é muito especial”, diz Patrícia. 

No programa, o professor participa de três encontros presenciais ao longo de um semestre, enquanto desenvolve seu projeto com os estudantes. “Eu gosto de começar fazendo com que o aluno veja a si mesmo como um instrumento musical. Como dou aula de Artes, faço essa sondagem e, depois, vamos construir os instrumentos a partir de materiais recicláveis”, conta.

“Percebo de fato os benefícios dessa formação. Na sala de aula, contextualizo a história da orquestra e mostro como é um concerto. Eu aprendi tanto nesses 11 anos participando das formações que tenho um livro chamado ‘Práticas Criativas’, em que eu cito a Osesp e falo dessa influência nas minhas atividades”, completa. No curso de Música e Inclusão, por exemplo, Patrícia relata que havia colegas com deficiências visuais e auditivas para que, além de aprender, fosse possível trocar experiências.

Descubra a Orquestra nasceu em 2001 com a proposta de multiplicar o acesso a conteúdos relacionados à música na rede básica de educação. Segundo Ana Vitória Prudente, analista de Programas Educacionais da Fundação Osesp, o programa capacitou aproximadamente 12 mil professores ao longo de sua existência – em 2023, foram 500. Já os concertos didáticos e as gincanas musicais começaram a acontecer em 2004 e, atualmente, chegam a reunir mais de mil estudantes nos dias dos eventos.

O professor inscrito pode trazer uma turma de até 45 alunos para participar dessas atividades. “Muitas vezes, são pessoas de regiões periféricas, de outras cidades e que nunca puderam assistir à orquestra. É muito especial porque a gente capacita os professores para que eles multipliquem o conhecimento dos estudantes”, diz Carmen Lígia Cavalheiro, que atua institucionalmente no programa.

Música e inclusão

Um dos cursos de apreciação musical da Osesp é voltado para professores que têm alunos com deficiência em suas salas de aula. Isabel Bertevelli, que atua na Osesp há mais de 13 anos, está à frente dessas formações. “Muitos vêm pensando que estudar música é aprender a ler partituras. Mas, como trabalho com inclusão, busco explorar bastante os aspectos multissensoriais. Como eu posso perceber um som e escutá-lo de olhos fechados? É possível perceber um ritmo tocando o corpo da pessoa? Eu mostro como usar possibilidades sensoriais”, diz.

Em 2023, os encontros presenciais tiveram a participação de alunos surdos pela primeira vez. “Trabalhamos utilizando movimento, gestos e percepções diferenciadas das sonoridades. Exploramos linguagens artísticas como a expressão corporal, a mímica, a percepção multissensorial, o fazer e a criação musical acessíveis, abordando diversas possibilidades pedagógicas”, conta Isabel. No final de cada aula presencial, o grupo fez uma avaliação sobre a conduta em sala e possíveis adaptações para atender os alunos. “Era importante buscar ideias inovadoras, estratégias para adaptar materiais e trocar conhecimento sobre as deficiências”, pontua Isabel. 

A professora Patrícia Ferraz da Silva esteve presente nesses módulos e relembrou o que serviu de inspiração para as atividades com as crianças. “Para aprender percussão corporal, reproduzimos o som da chuva por meio das palmas. Também usamos balões coloridos para representar momentos da música e construímos partituras não convencionais, substituindo as notas musicais por outros elementos, como emojis e tampinhas de garrafa”, detalha

Desenvolvimento de alunos e professores

A educadora musical Débora Nieri trabalha com o ensino de música há mais de 30 anos e integra a equipe de formadores do Descubra a Orquestra desde 2020. “É algo excepcional, a gente tem um orgulho enorme de trabalhar ali, pois são cursos que ampliam o repertório musical e a bagagem pedagógica. Sei que os professores saem transformados, porque trabalhamos na perspectiva da experiência compartilhada e das práticas”, afirma.  

Taynan de Souza Costa, que leciona nos Anos Iniciais da EE Miguel Hidalgo, confirma a visão de Débora. Durante anos, a professora de Artes encontrou obstáculos ao se deparar com as aulas de música nos livros didáticos, mas, por indicação de um colega, fez o curso da Osesp pela primeira vez em 2016. “Os professores ensinam de forma leve e divertida, facilitando a aprendizagem. Esses cursos transformaram minhas aulas, tornando-as mais lúdicas e atrativas”, avalia.  

Quem participa conta com pontuação no Programa de Valorização pelo Mérito, que permite evoluir na carreira docente na rede estadual paulista. Mas Débora ressalta que as turmas chegam sempre muito animadas por estarem fazendo uma formação que acontece dentro da Sala São Paulo e é ligada à Osesp. “Nós temos pessoas que voltam 15 vezes, porque você sai transformado e sensibilizado musicalmente. Discutimos ideias que motivam o professor a levar o conhecimento para a sua escola, e são profissionais de todas as áreas: História, Geografia, Matemática, Língua Portuguesa e outras”, destaca. 

Para Débora, ainda que alguns cheguem com certo receio de não conseguir acompanhar o curso, por nunca terem estudado música, percebem que é possível. “A gente dá voz aos professores e os faz pensar. Não é um ensino de música passivo, a ideia é preparar esse indivíduo para trabalhar com os alunos”, explica a formadora. 

Concertos didáticos, gincanas musicais e patrimônio

Não dá para esquecer que a Osesp é a maior orquestra da América Latina, e a Sala São Paulo é uma das principais salas de concerto do mundo. “É inegável o encanto das crianças e dos adolescentes com esse monumento”, diz Ana. “Também acho que muitos alunos, por meio das visitas e do que os professores ensinam com as formações, descobrem um hobby ou uma carreira”. 

Ana Vitória e Carmen organizam a logística da vinda dos alunos à Sala São Paulo e reforçam que a música orquestral, seja ela clássica, erudita ou contemporânea, faz parte da cultura brasileira e precisa ser difundida. “O Descubra a Orquestra quer fazer com que a música orquestral e o ensino musical cheguem a todos, justamente por meio da educação”, aponta Carmen. 

O historiador e supervisor do Núcleo de Educação Patrimonial da Sala São Paulo, Nathan Gomes, é quem atua diretamente na visita dos estudantes. Nos concertos, faz uma breve fala antes da apresentação, afinal, a grande atração é a orquestra. Já as gincanas musicais permitem avançar na compreensão sobre o espaço físico e a história da sede da Osesp, que fica no edifício da Estrada de Ferro Sorocabana, uma antiga estação de trem. Os estudantes são desafiados em um quiz. “A gente põe o grupo para observar a arquitetura, a acústica, o projeto arquitetônico e como essa questão histórica e contemporânea dialoga. Tentamos ser o mais lúdico possível, pensando em dinâmicas diferentes para as turmas”, descreve Nathan. 

O historiador reforça o quanto é essencial que a sociedade se aproprie desse patrimônio cultural. “Se as pessoas não se apropriam, elas não entendem aquilo como parte de si mesmo, da sua cidade, do seu estado. Para muita gente, entrar aqui pode ser intimidador, né? Então, nosso trabalho é promover a aproximação com esse patrimônio, seja física ou pelo conhecimento”.

Para Rogério Zaghi, diretor da academia e coordenador do Departamento Educacional da Osesp, os programas da instituição evidenciam a relevância da Osesp na área da educação, sendo polo importante de capacitação em educação musical – com o Programa Descubra a Orquestra -, de treinamento profissionalizante e com os cursos técnicos em instrumento musical e canto, reconhecidos pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo e oferecidos pela Academia de Música da Osesp a jovens bolsistas. 

“Além disso, também é uma instituição conectada com a sociedade e suas necessidades, oferecendo atendimento à pessoa em situação de vulnerabilidade social mediante bolsas filantrópicas e auxílio financeiro para custear despesas de transporte e alimentação, facilitando o acesso daqueles que mais necessitam. Isso tudo faz da Fundação Osesp uma instituição cultural moderna, em sintonia com as melhores práticas de atendimento ao público em sua diversidade étnica, social e cultural”, finaliza Rogério.

‘Descubra a Orquestra’ 1º semestre 2024

Os cursos acontecerão entre março e maio de 2024 e são homologados pela Escola de Formação e Aperfeiçoamento dos Profissionais da Educação Paulo Renato Costa Souza (EFAPE). Em 2024, cada curso atenderá a 57 educadores, totalizando 400 participantes no semestre. Consulte a seguir os dados sobre as formações oferecidas pela Osesp:

Público-alvo: educadores que trabalham com todos os perfis etários.

Carga horária:

  • 24 horas presenciais.
  • 38 horas de atividades online. 

Sete cursos de apreciação musical

  • Música e Inclusão.
  • Orquestral 1A.
  • Orquestral 2.
  • Coral Infantil (para professores de Anos Iniciais e Finais do Ensino Fundamental).
  • Canto Coral.
  • Percussão Corporal. 
  • Rodas, Festejos e Aprendizados Musicais Decoloniais. 

Critérios do processo de seleção

  • Ordem de inscrição. 
  • Disponibilidade de vagas (70% para escolas estaduais e 30% para escolas municipais, particulares e outras instituições).
  • Avaliação de desempenho (para professores e escolas que já participaram em anos anteriores). 

Calendário:

Período de inscrição – 25/01/2024 a 14/02/2024 às 23h59.

O contato oficial do Descubra a Orquestra é: descubra@osesp.art.br

IMAGEM/CRÉDITO: Isabel Bertevelli (à dir. de blusa branca) trabalha com inclusão e explora em suas formações aspectos multissensoriais. Foto: Ana Dujardin/NOVA ESCOLA

Fonte: https://novaescola.org.br/

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