OPINIÃO
- * Por Renato Loffi
Fomentar a reflexão e promover a defesa dos direitos das crianças é o propósito do Dia Mundial da Infância, celebrado em 21 de março e instituído pela Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância). No Brasil, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) define como crianças aquelas com até 12 anos completos, ressaltando a importância de assegurar oportunidades para o desenvolvimento pleno.
Tudo começa na primeira infância. De acordo com a legislação, essa fase abrange os primeiros seis anos de vida e é crucial para a formação infantil. Isso porque é um momento repleto de descobertas e desafios. O período demanda atenção redobrada, especialmente para crianças com deficiências ou transtornos do neurodesenvolvimento. A interação em casa, na escola e demais ambientes é fundamental para fortalecer habilidades.
Conforme último relatório divulgado pela Unicef, cerca de 240 milhões de crianças são portadoras de alguma deficiência no mundo, as quais se encontram em desvantagem em comparação com as demais na maioria das medidas de bem-estar: nutrição e saúde; acesso à água e saneamento; proteção contra violência e exploração; e educação, segundo o estudo que inclui dados de 42 países e avalia mais de 60 indicadores.
Um dos principais temas abordados no relatório é o acesso à educação, ou melhor dizendo, a falta dele. Apesar do reconhecimento sobre a importância do tema, é alarmante observar que crianças com deficiência continuam sendo deixadas para trás nesse aspecto, independentemente do nível de instrução. Notavelmente, a evasão escolar é mais alta entre esse grupo e as disparidades se acentuam ainda mais quando se considera a gravidade da deficiência.
Nesse cenário, a escola deve desempenhar papel primordial no desenvolvimento infantil, ao lado de outros ambientes, como o lar. Para tais crianças, esse processo apresenta desafios únicos, que podem se manifestar em barreiras físicas, comportamentais ou metodológicas. A ausência de rampas de acesso, apoio de professores e materiais adaptados, por exemplo, são apenas algumas das dificuldades enfrentadas por esses alunos.
Para evitar esse distanciamento educacional e fortalecer a inclusão é importante que a criança tenha o apoio de professores especializados, tecnologias assistivas e adaptações na estrutura física. A educação inclusiva busca reconhecer e potencializar as habilidades de cada aluno, além de criar um ambiente seguro para que essas crianças possam superar os desafios na busca por uma educação digna e, sobretudo, igualitária.
Todas as crianças, apesar das habilidades ou características, têm direito a uma infância feliz e saudável. Elas devem ter acesso à educação, saúde, lazer e ao acolhimento da comunidade. Em meio a dificuldades de aprendizagem, comunicação e interação social, é necessário que crianças com deficiência e transtornos do neurodesenvolvimento recebam o apoio necessário para alcançar o potencial pleno, como todas as outras.
Existem alguns caminhos para isso, começando pelo combate ao preconceito e à discriminação. Outras medidas complementares, e igualmente importantes, são a promoção de acessibilidade em espaços e serviços, o investimento em educação e saúde, o apoio e orientação às famílias. Ao trabalharmos juntos nesses aspectos, podemos construir um mundo mais justo.
Em síntese, é necessário um esforço conjunto e coordenado para assegurar que cada criança, independentemente de habilidades e limitações, tenha acesso aos recursos educacionais e às oportunidades necessárias para prosperar plenamente nessa importante fase da vida. Neste Dia Mundial da Infância, celebremos a diversidade e o potencial ilimitado de nossos pequenos.
*Renato Loffi é fisioterapeuta neurofuncional, especializado em Neurociências, Comportamento, Educação, Desenvolvimento Infantil, Ortopedia e Esportes. Pós-graduando em Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem, com MBA em Gestão, Inovação e Serviços de Saúde. Idealizador da Treinitec, empresa de tecnologia assistiva para crianças e adolescentes com deficiência.