Segundo as estatísticas, o número de pessoas com autismo aumenta a cada ano. No Brasil, de acordo com o neurologista Abram Topczewski, já são cerca de 4 milhões de indivíduos identificados com o Transtorno do Espectro Autista. Mas, segundo ele, esse número pode ser ainda maior.
Convivendo diariamente com pessoas em estado de vulnerabilidade que chegam ao atendimento do Notea – Núcleo de Orientação para o Transtorno do Espectro Autista, em São Paulo, o médico acredita que existam ainda muitos outros que sofrem com o transtorno e ainda não foram diagnosticados, seja porque raramente saem de casa, seja porque – ainda pior – não possuem condições nem mesmo de aguardarem uma avaliação pelo SUS.
“O autismo não escolhe classe social”, afirma o doutor Abram, que fundou o Notea em 2020 para oferecer tratamento humanizado a quem não tem recursos para enfrentar o transtorno. “Grande parte dessas pessoas com o espectro autista exige cuidados que impedem que os pais trabalhem, agravando as condições de precariedade da família. São pessoas de poder aquisitivo mínimo, que vão depender do SUS, onde a espera é enorme”, explica o neurologista.
“Entender a importância de integrar o autista é uma luta que independe de data, que precisa ser travada diariamente, com toda a família. Portanto, o 2 de abril é na verdade mais um dia para nos lembrarmos das pessoas com transtorno do espectro autista. Elas não podem ser esquecidas nunca”, completa o médico, à frente de uma instituição que oferece contato com neurologistas, psiquiatras, equipes de psicologia e psicopedagogia, fonoaudiologia, terapia ocupacional e outras formas de terapias.
“O que significa integrar nesse caso? É não confinar o autista, ter a sensibilidade de valorizar suas habilidades e lhe oferecer a possibilidade de uma vida digna”, acrescenta.
Doutor Abram lembra, por exemplo, que há direitos garantidos por lei para o autista que nem sempre são lembrados ou respeitados, como o transporte gratuito, benefício extensivo ao acompanhante. “Negar esse transporte gratuito é ilegal e discriminatório”, alerta.