A primeira trombectomia aconteceu no dia 26 de março e envolveu uma paciente de 37 anos; já a segunda foi realizada em 29/3, com um paciente de 61 anos de idade da cidade de Santo Antônio de Posse/SP
O Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp realizo em março deste ano a primeira trombectomia mecânica para tratamento do Acidente Vascular Cerebral (AVCi) isquêmico agudo por arteriografia oferecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em Campinas/SP. A paciente de 37 anos veio transferida do hospital Ouro Verde. Ela chegou ao HC da Unicamp sem conseguir falar e com dificuldade de mexer o lado direito do corpo. A equipe da área de neurologia do HC da Unicamp fez uma ressonância do crânio para determinar a hora exata que o AVC ocorreu e confirmar se a paciente era candidata ao procedimento.
“Pela ressonância magnética nós vimos que ela teve um evento de AVC antes das quatro horas e meia e estava dentro da janela de tempo, que é até oito horas. Como o AVC era extenso e apresentava uma oclusão da artéria carótida, nós optamos pela trombectomia. Conseguimos poupar toda a região cortical do cérebro. Com esse procedimento, prevenimos essa paciente de fazer uma neurocirurgia em que é preciso tirar a toda a calota craniana para se chegar ao local do trombo”, contou o neurologista Wagner Mauad Avelar, responsável pelo serviço de neurologia vascular do HC da Unicamp.
A segunda trombectomia foi realizada ainda em março em um paciente de 61 anos de idade da cidade de Santo Antonio de Posse/SP. Ele foi atendido no hospital de Jaguariúna e transferido para o HC da Unicamp via Central de Regulação de Oferta de Serviços de Saúde (CROSS). Ele também chegou ao HC da Unicamp sem conseguir falar e com dificuldade de locomoção. Após a retirada do trombo, o paciente voltou a falar e se mexer normalmente.
A trombectomia é um procedimento realizado através de um equipamento de angiografia com o uso de cateteres do tipo stent-retriever ou tipo aspiração, para retirada do trombo que esteja obstruindo o fluxo sanguíneo arterial cerebral. A trombectomia mecânica aumenta em quase três vezes a chance do paciente com AVC isquêmico com oclusão de uma grande artéria do cérebro, ficar independente e com sequelas mínimas, quando realizado dentro das primeiras oito horas do início dos sintomas.
O HC da Unicamp foi um dos 12 hospitais credenciados pelo Ministério da Saúde no ano passado para oferecer esse procedimento pelo SUS. A Portaria 1.996/23, publicada no Diário Oficial da União na última semana novembro, estabelece que os pagamentos serão através do Fundo de Ações Estratégicas e Compensação (FAEC). Serão disponibilizados pelo Ministério da Saúde aproximadamente R$ 74 milhões por ano do Bloco de Manutenção das Ações e Serviços Públicos de Saúde – Grupo de Atenção Especializada – para o tratamento. O Fundo Nacional de Saúde (FNS) adotará as medidas necessárias para a transferência dos valores mensais, de acordo com a apuração da produção de serviços registrada na base de dados do Sistema de Informações Hospitalares (SIH/SUS).
Sobre o AVC
O acidente vascular cerebral ocorre quando vasos que levam sangue ao cérebro entopem ou se rompem, provocando a morte de um tecido cerebral que ficou sem circulação sanguínea. No caso do AVC isquêmico, há a obstrução de uma artéria, impedindo a passagem de oxigênio para células cerebrais, que acabam morrendo. Este é o mais comum e representa 85% de todos os casos. No Brasil, foram registradas mais de 185 mil internações e cerca de 110.000 mortes por AVC no ano de 2022. O AVC é a segunda causa de morte por doenças no Brasil, atrás das doenças isquêmicas do coração.
“O AVC é uma catástrofe, pois não só deixa o paciente incapacitado, como muda toda a dinâmica familiar. A cada um minuto transcorridos de um AVC morrem 1,9 milhões de neurônios. Se há suspeita de AVC, a regra básica é o SAMU: peça para a pessoa sorrir (S), abraçar (A) ou cantar uma música (M). Se ela não conseguir fazer isso, corra para o hospital porque é urgente (U)”, explica Avelar.
Fonte: https://hc.unicamp.br/