Marcio Cruz foi aprovado no II Concurso Nacional Unificado para a Magistratura do Trabalho e será a primeira pessoa com deficiência visual total que irá ocupar o cargo de Juiz do Trabalho de 1º grau
Marcio Aparecido da Cruz atuou por anos na Justiça do Trabalho do Paraná.
Márcio ficou cego ainda menino, com quatro anos, por reação alérgica a um medicamento (síndrome de Steven-Johnson). Antes de vir para o TRT, ele trabalhou como técnico judiciário na Vara Federal Criminal de Maringá, de 2005 a 2011. Ele esteve lotado no gabinete do desembargador Ricardo Tadeu Marques da Fonseca, primeiro juiz cego do Brasil.
Pelas redes sociais, ele comemorou o resultado na magistratura. “Após muitos anos de dedicação, persistência e resiliência, finalmente no último dia 13 recebi o resultado de minha aprovação na prova oral, 4ª e última etapa eliminatória do II Concurso Nacional Unificado para a Magistratura do Trabalho. Foi um longo período de muito estudo, ausências nos encontros dos familiares e dos amigos, cansaço e muitas, muitas viagens para realizar cursos e provas. Além disso, foram inúmeras barreiras de acessibilidade em razão de minha deficiência visual total. Cito, como alguns exemplos, a impossibilidade de aquisição de livros em formato acessível, dificuldade e/ou impossibilidade de acessar plataformas de cursos, reiterados problemas técnicos com computadores durante a feitura das provas, entre tantos outros percalços”.
O novo magistrado brasileiro também comentou que “digo categoricamente que o que estou sentindo hoje faz com que tudo isso tenha valido a pena!!! Não posso deixar de destacar, porém, que esta não foi uma caminhada solitária. Tive apoio incondicional de minha família, do meu cãozinho, de amigos e professores/amigos, mas, este é assunto para uma outra postagem, dada a fundamentalidade dessa gente linda para a minha jornada. Ademais, sinto-me muito honrado por ser a primeira pessoa com deficiência visual total que irá ocupar o cargo de Juiz do Trabalho (de 1º grau, portanto) na centenária Justiça do Trabalho. Encerro com a citação de uma frase que utilizei em dezembro de 2019 por aqui, quando me graduei faixa preta de jiu-jitsu: “Não sabendo que era impossível, ele foi lá e fez”.”
Não deveria ser novidade, mas ainda o é. Parabéns, que exerça sua função judicante repúblicanamente.