Alexandre Andrade de Almeida, aluno autista do Colégio Objetivo de São Paulo, faz parte da equipe brasileira que conquistou medalhas na Olimpíada Internacional de Biologia (IBO), no Cazaquistão. Ele agora segue para a Geórgia, para participar da Olimpíada Europeia de Física
Três estudantes capacitados no Instituto Butantan, órgão ligado à Secretaria de Estado da Saúde (SES) de São Paulo, receberam medalhas de prata e bronze durante a Olimpíada Internacional de Biologia (IBO), realizada neste sábado (13) no Cazaquistão.
Os medalhistas foram Alexandre Andrade De Almeida, do Colégio Objetivo, Clara Nakata De Carvalho e Iara Vieira Vitarelli, ambas do Colégio Etapa. Alexandre e Iara receberam medalhas de prata, enquanto Clara ficou com a medalha de bronze. Também participou da competição o estudante Bruno Di Giorno Deeke, do Colégio Etapa, que não recebeu medalha.
Aos 13, Alexandre foi diagnosticado com autismo. Paula Almeida – a mãe, afirma que o hiperfoco dele sempre foi o estudo.
“Uma nutricionista disse que era para eu levá-lo a um profissional para verificar a possibilidade do autismo. E ele foi diagnosticado mesmo, em grau leve. Mas com acompanhamento certo de profissional, ele consegue fazer tudo normalmente. O hiperfoco sempre foi o estudo. Ama estudar.”
A condecoração dos estudantes permitiu que o Brasil tivesse o melhor resultado entre os países Ibero-americanos. Todos os participantes haviam recebido medalha de ouro na 20ª Olimpíada Brasileira de Biologia (OBB), organizada pelo Instituto Butantan e apoiada pela Escola Superior do Instituto Butantan (ESIB).
A premiação na OBB permite aos jovens passar por uma capacitação no Butantan junto a outros estudantes, com duração de uma semana. Durante esse período, os alunos são submetidos a atividades e provas, teóricas e práticas, elaboradas pela equipe do instituto. Participam, no total, 16 adolescentes, que ao final realizam uma prova classificatória para a IBO e a OIAB. Essa segunda competição ocorrerá em Cuba no mês de setembro.
Alexandre, Clara e Iara, por exemplo, já haviam participado da Olimpíada Iberoamericana de Biologia (OIAB) em 2023, realizada na Espanha, com os três conquistando medalhas de ouro.
Dois pesquisadores do Butantan acompanharam os jovens na viagem ao Cazaquistão: José Ricardo Jensen e Milton Y. Nishiyama-Jr. Segundo Milton, “a olimpíada desperta um desejo natural de conhecimento e engajamento acadêmico global, oferecendo experiências culturais e conexões intercontinentais.”
O pesquisador acredita que essa experiência e conquista tem o poder de moldar trajetórias de carreira, “ajudando os estudantes a descobrir seus interesses, aumentar a autoconfiança ao ganhar prêmios e aprimorar habilidades de resolução de problemas, trabalho em equipe e organização.”
Alexandre, autista, 16 anos e dezenas medalhas em olimpíadas científicas no Brasil e no exterior
O estudante Alexandre de Andrade de Almeida tem apenas 16 anos, mas já acumula uma série de conquistas em sua jornada acadêmica. Recentemente alcançou nota máxima (958,6) na prova de Matemática e suas Tecnologias no Enem 2023.
“Eu já tinha feito no ano anterior e resolvi fazer em 2023, mesmo estando no 2º ano do ensino médio. As questões que vieram na prova de matemática eram coisas que já tinha tido contato, então foi mais tranquilo. Eu estou muito feliz e mostra que estou no caminho certo para conseguir ser médico. Agora, só continuar estudando.”
Alexandre acumula mais de 70 medalhas em olimpíadas científicas no Brasil e no exterior, segundo conta a mãe dele, Paula Almeida.
Em setembro do ano passado, por exemplo, conquistou medalha de ouro na Olimpíada Ibero-americana de Biologia, realizada na Espanha. No mesmo mês, foi medalha de ouro na 28ª Olimpíada Ibero-Americana de Física, organizada pela Costa Rica e de forma online.
“Apenas nas olimpíadas de matemática são 19 medalhas, sendo seis de ouro, seis de prata, quatro medalhas de bronze e três menções honrosas. Ele é um orgulho para nós. E costumo dizer que por onde ele passa, ele vai compartilhando suas conquistas, o que ele é”, disse a mãe.
Paula contou que o filho sempre gostou da parte científica, seja a área de robótica, de matemática ou biologia. Foi no 5º ano do ensino fundamental que ele conquistou as primeiras medalhas de ouro, sendo uma na Olimpíada Paulista de Física Júnior e a outra na Olimpíada Brasileira de Astronomia.
Depois da conquista, por sugestão de uma professora de matemática, ele passou a assistir a aulas de biologia preparatórias para olimpíadas científicas ao lado de estudantes do ensino médio. Na época, estava no 6º ano.
Modalidade
Tanto as olimpíadas brasileiras de conhecimento quanto as internacionais abrem portas para os estudantes. Isso porque algumas instituições já permitem o ingresso de candidatos medalhistas sem a necessidade de vestibular, como é o caso da USP, Unicamp, Unesp, Universidade Federal do ABC (UFABC), Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) e Federal de Itajubá (UNIFEI). Os critérios de admissão dependem de cada instituição e da medalha obtida.
No início de 2024, quatro participantes da 19ª OBB foram aprovados na universidade pela modalidade olímpica. Foram eles João Pedro Albuquerque Damasceno (ciências biológicas USP), João Tomás de Camargo Silva (medicina UNESP), Nailton Gama de Castro e Igor Bersanetti Gabilondo (ambos medicina USP).
Nailton e João Tomás haviam conquistado medalha de bronze na Olimpíada Internacional de Biologia (IBO), realizada na primeira quinzena de julho de 2023 nos Emirados Árabes. Igor também foi para a IBO, mas não alcançou medalha. João Pedro, por sua vez, conquistou medalha de prata na Olimpíada Iberoamericana de Biologia (OIAB), realizada em setembro na Espanha.
De acordo com a pesquisadora e coordenadora nacional da OBB, Sonia Andrade Chudzinski, “o ingresso nas melhores universidades via vaga olímpica é transformador, pois premia o(a) estudante em sua área de afinidade.”
OBB
A Olimpíada Brasileira de Biologia (OBB) busca disseminar o conhecimento nessa área de atuação e também aproximar os estudantes do ensino médio à pesquisa científica. Além disso, o projeto serve como incentivo para que os jovens participem de competições internacionais de conhecimento e, mais tarde, ingressem nas universidades. Em 2024, a OBB somou mais de 163 mil inscritos.
A OBB é apoiada pelo Instituto Butantan, Fundação Butantan, Escola Superior do Instituto Butantan (ESIB), Centro de Toxinas, Resposta-imune e Sinalização Celular (CeTICS), Centre of Excellence for New Target Discovery (CENTD), Governo Federal do Brasil, Governo do Estado de São Paulo, Ministério da Educação, Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Fonte: www.gazetasp.com.br
CRÉDITO/IMAGEM: A condecoração dos estudantes permitiu que o Brasil tivesse o melhor resultado entre os países Ibero-americanos / Arquivo Pessoal