Garantia de conquistas: principais motivos para assistir os Jogos Paralímpicos de Paris 2024
Os Jogos Paralímpicos de Paris 2024 começam em 28 de setembro, com uma cerimônia de abertura inédita. Pela primeira vez na história, a solenidade ocorrerá fora de um estádio.
Até o momento, o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) convocou 124 atletas de 10 modalidades (badminton, canoagem, esgrima em cadeira de rodas, futebol de cegos, goalball, hipismo, natação, taekwondo, tênis de mesa e vôlei sentado) para o megaevento na capital francesa.
Representantes de outros dez esportes (atletismo, bocha, ciclismo, halterofilismo, judô, remo, tênis em cadeira de rodas, tiro esportivo, tiro com arco e triatlo) serão divulgados em duas datas: 11 e 18 de julho. Das 22 modalidades que compõem o programa dos Jogos, o Brasil só não terá atletas no basquete em cadeira de rodas e rúgbi em cadeira de rodas.
O Brasil chegará a Paris após quatro edições no top-10 do quadro de medalhas. Desde de Pequim 2008, a delegação brasileira figura entre as 10 melhores do mundo nos Jogos Paralímpicos. Na capital francesa, a expectativa é que os atletas brasileiros se mantenham entre as principais potências paralímpicas mundiais.
Serão 11 dias de evento, com a participação de 4,4 mil atletas oriundos de 184 nações. A seguir, confira alguns motivos para não perder um segundo dos Jogos Paralímpicos de Paris 2024.
400ª medalha brasileira na história dos Jogos
O Brasil tem 373 medalhas conquistadas em Jogos Paralímpicos, em 11 edições. Ou seja, está a 27 da 400ª.
A primeira vez em que o país foi ao pódio no evento faz 48 anos, nos Jogos de Toronto, Canadá, em 1976. Os responsáveis foram Luiz Carlos da Costa e Robson Sampaio de Almeida, dupla masculina do Lawn Bowls (um esporte parecido com a bocha). À oportunidade, eles ficaram com a prata.
A melhor campanha foi a última, em Tóquio 2020, ocasião em que a delegação brasileira ficou na sétima posição, com 22 ouros, 20 pratas e 30 bronzes – 72 no total.
Na história, o Brasil tem 109 ouros, 132 pratas e 132 bronzes, sendo que o top-3 de modalidades que mais garantiram pódios paralímpicos ao país é formado por atletismo (170 medalhas – 48 ouros, 70 pratas e 52 bronzes), natação (125 medalhas – 40 ouros, 39 pratas e 46 bronzes) e judô (25 medalhas – cinco ouros, nove pratas e 11 bronzes).
Busca por campanha histórica
Em seu Planejamento Estratégico 2022-2024, o CPB se propõe a realizar uma campanha em Paris igual ou superior à realizada em Tóquio, com uma expectativa de conquistar de 70 a 90 pódios. Outra meta do Comitê é que o Brasil se mantenha no top-8 do quadro de medalhas.
O país chega com perspectivas de bons resultados em uma série de modalidades, após campanhas históricas em mundiais ao longo do ciclo. No atletismo, por exemplo, o país conquistou 42 pódios no Mundial disputado em Kobe, no Japão, em maio deste ano, sendo 19 ouros, 12 pratas e 11 bronzes, o que garantiu a segunda colocação no quadro geral de medalhas, atrás apenas da China.
Já a Seleção Brasileira de natação teve o melhor desempenho histórico na Ilha da Madeira, em Portugal, em 2022. Foram 53 pódios, sendo 19 ouros, 10 pratas e 24 bronzes. Com isso, o país ficou na terceira colocação do quadro de medalhas do evento, atrás de Estados Unidos e Itália.
Abertura fora de estádio e competições ao lado de monumentos
Os Jogos Paralímpicos acontecerão em solo francês com novidades desde o seu primeiro dia. Esta será a primeira edição do megaevento a ter uma cerimônia de abertura fora de um estádio, no dia 28 de agosto.
Durante a cerimônia de abertura, os competidores desfilarão por alguns dos mais belos marcos da capital francesa. Eles começarão seu desfile na parte inferior da Champs-Elysées, passarão pelo Arco do Triunfo, chegando até a icônica Place de la Concorde, a maior praça de Paris, que oferece uma vista da cidade do Louvre e do Jardin des Tuileries.
O Comitê Organizador dos Jogos estima que cerca de 65 mil espectadores poderão assistir à cerimônia de abertura, o que equivale à capacidade de um estádio.
Ao longo dos Jogos, cenários mundialmente conhecidos da Cidade-Luz farão parte da paisagem das competições. As partidas de futebol de cegos, por exemplo, serão realizadas ao pé da Torre Eiffel. Os eventos equestres ocorrerão nos jardins do Chateau de Versailles. Já as disputas de esgrima em cadeira de rodas e taekwondo acontecerão no Grand Palais.
Tricampeonato de Petrúcio Ferreira nos 100m
O velocista paraibano Petrúcio Ferreira está se preparando para disputar a sua terceira edição de Jogos Paralímpicos. Aos 27 anos, vai em busca do tricampeonato paralímpico nos 100m da classe T47 (para atletas amputados de braço) e de se manter no topo do atletismo paralímpico mundial.
Antes, havia sido medalhista de ouro na prova em que é especialista nos Jogos do Rio 2016, com o tempo de 10s47, e, em Tóquio 2020, com 10s43. O velocista ainda é o atual recordista mundial dos 100m T47, com o tempo de 10s29, registrados em 2022, durante o Desafio CPB/CBAt, no Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo.
Para ser tricampeão paralímpico, Petrúcio vai apostar novamente em uma parceria que tem por trás das pistas – o seu técnico Pedro de Almeida Pereira, conhecido como Pedrinho. Essa parceria, inclusive, completa 10 anos neste ano. Juntos, os dois já conquistaram cinco medalhas paralímpicas, sete nos Jogos Parapan-Americanos e seis em mundiais.
Carol Santiago: maior medalhista do Brasil nos últimos Jogos volta à ação
A nadadora pernambucana Carol Santiago, da classe S12 (baixa visão), está entre os 124 brasileiros convocados, até agora, para os Jogos Paralímpicos de Paris 2024.
Na última edição do evento, Tóquio 2020, Carol foi a atleta do Brasil que mais vezes subiu ao pódio – cinco vezes (três ouros, uma prata e um bronze).
Desde então, a pernambucana participou de mais três missões internacionais: dois Mundiais (Ilha da Madeira 2022 e Manchester 2023) e o Parapan de Santiago 2023. Nessas competições, ela conquistou 20 medalhas, sendo que, na Inglaterra, foi a atleta que mais subiu ao pódio entre todos os 538 competidores. Foram oito no total – cinco ouros, uma prata e dois bronzes.
Além disso, neste ano, a nadadora bateu o recorde mundial nos 50m livre da sua classe, com o tempo de 26s61, no World Series de Berlim. A melhor marca da prova já era da pernambucana, que registrara 26s65 em Manchester, no ano passado, na mesma data em que completou 38 anos.
Hegemonia no futebol de cegos
Em Paris 2024, o Brasil também vai buscar manter a sua hegemonia dentro das quatro linhas. A Seleção Brasileira de futebol de cegos não sabe o que é perder desde que a modalidade foi incluída no programa dos Jogos Paralímpicos, em Atenas 2004. Até agora, são cinco medalhas de ouro em cinco participações.
No total, o Brasil disputou 27 jogos, sendo 21 vitórias e seis empates, sendo que dois desses resultaram em disputas de pênaltis – ambas contra a Argentina, em Atenas 2004 e Londres 2012. Na primeira oportunidade, o time nacional se sagrou campeão. Na segunda, classificou-se para a decisão diante da França.
A campanha mais goleadora do Brasil também aconteceu na Grécia, quando o país marcou 14 gols em seis jogos. Já em Pequim 2008, foram 11 gols em seis partidas, em Londres 2012, seis gols em cinco confrontos, enquanto no Rio, nove gols em cinco duelos. No pentacampeonato em Tóquio 2020, foram 13 gols em cinco encontros.
A atleta cega mais rápida do mundo é do Brasil
A acreana Jerusa Geber chegará a Paris como o status de ser a atleta cega mais rápida do mundo. Medalhista em três edições de Jogos Paralímpicos (Pequim 2008, Londres 2012 e Tóquio 2020), a velocista é a atual recordista mundial dos 100m da classe T11 (deficiência visual), com o tempo de 11s83, anotados durante a 1ª Fase Nacional do Circuito Loterias Caixa de atletismo, no CT Paralímpico, em 2023.
Em 2019, Jerusa se tornou a primeira atleta cega a correr os 100m em menos de 12 segundos. No Mundial de Dubai, ela completou a mesma a mesma distância em 10s80, que lhe rendeu a medalha de ouro da prova. A marca, porém, não foi validada como recorde mundial da prova, pois o vento registrado durante a disputa era de 2,4 m/s positivo – o limite é 2m/s.
Na história, além da acreana, apenas as chinesas Cuiqing Liu e Guohua Zhou, além da britânica Libby Clegg, conseguiram tal feito. Outras duas atletas do Brasil chegaram perto: a paranaense Lorena Spoladore, que registrou o tempo de 12s02, em 2019, e a mineira Terezinha Guilhermina, que terminou a distância em 12s10, nos Jogos Paralímpicos do Rio 2016.
Após título em Tóquio, taekwondo dobra equipe para os Jogos de Paris
O taekwondo estreou nos Jogos Paralímpicos em Tóquio 2020. O Brasil foi representado por três atletas e retornou com três medalhas: um ouro para Nathan Torquato, uma prata para Debora Menezes e um bronze para Silvana Fernandes. O resultado consagrou o país como campeão da modalidade naquela edição do megaevento.
Para 2024, a Seleção Brasileira da modalidade terá o dobro de atletas. Além dos medalhistas da última edição dos Jogos, passam a compor a equipe Ana Carolina Moura, Claro Lopes e Maria Eduarda Stumpf.
A Seleção chegará a Paris após seu melhor resultado em um Mundial da modalidade. Em 2023, o Brasil conquistou dois ouros em Vera Cruz, no México, com Silvana Fernandes e Ana Carolina Moura, além de três bronzes, com Nathan Torquato, Debora Menezes e Joel Gomes, e encerrou a competição na primeira colocação por equipes femininas e terceira colocação geral. O país também foi o único a se manter entre os três primeiros colocados em todas as quatro etapas de Grand Prix do ano passado.
Quando se observa o desempenho nos Jogos Parapan-Americanos, o saldo também é positivo. O país foi de oito atletas classificados e quatro medalhas em Lima 2019 para 21 participantes e 16 medalhistas em Santiago 2023.
Tricampeã mundial, Seleção Brasileira de goalball defende título paralímpico
A Seleção Brasileira masculina de goalball chega a Paris como atual campeã paralímpica e tricampeã mundial. Em Tóquio, a equipe conquistou sua primeira medalha de ouro da modalidade em uma edição dos Jogos ao vencer a China por 7 a 2 na decisão. O país já havia sido prata em Londres 2012 e bronze no Rio 2016. Foram 3 gols de Leomon Moreno, 3 de Parazinho e um de Romário Marques, atletas novamente convocados para o megaevento.
Em dezembro de 2022, a Seleção Brasileira ainda conquistou seu terceiro campeonato mundial. O título veio em Matosinhos, Portugal, novamente com uma vitória sobre a China, por 6 a 5. A campanha do Brasil foi perfeita, com 10 jogos e dez vitórias.
Já a Seleção Brasileira feminina de goalball chega a Paris em busca de sua primeira medalha, após encerrar os Jogos de Tóquio na quarta colocação. Para isso, a equipe contará com o comando do treinador Alessandro Tosim, técnico que esteve à frente da Seleção masculina nos três pódios em Jogos conquistados pela equipe.
Bruna Alexandre: primeira atleta paralímpica brasileira a disputar os Jogos Olímpicos ficará 49 dias na França
A mesatenista catarinense Bruna Alexandre, 29, foi convocada para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Paris 2024. É a primeira atleta paralímpica brasileira, entre homens e mulheres, a atingir tal feito.
Ao participar dos dois eventos, a catarinense ficará 49 dias direto na França. Nos Jogos Olímpicos, ela jogará por equipes ao lado das irmãs Bruna e Giulia Takahashi. Já nos Paralímpicos, a mesatenista disputará medalhas nas duplas femininas, mistas e no individual. Nas duas edições anteriores do evento, Bruna subiu ao pódio em quatro oportunidades – três bronzes (dois por equipes e um individual) e uma prata individual.
No atual ciclo, com Paulo Salmin, outro atleta convocado para os Jogos Paralímpicos de Paris, a catarinense se sagrou campeã mundial em 2022.
Mariana D’Andrea: a mulher com baixa estatura mais forte do mundo
Em competições oficiais recentes do Comitê Paralímpico Internacional (IPC, na sigla em inglês), nenhuma halterofilista com baixa estatura levantou mais de 151kg, recorde mundial alcançado pela paulista Mariana D’Andrea, 26.
A marca lhe garantiu o título de campeã do mundo em Dubai, em agosto do ano passado, na categoria até 79kg. Nos Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020, a atleta foi medalhista de ouro, em uma faixa de peso abaixo, até 73kg, ao suportar 137kg. Ou seja, em dois anos, Mariana aumentou em 14kg sua carga em competições internacionais.
A convocação do halterofilismo brasileiro para os Jogos de Paris 2024 acontecerá nesta quinta-feira, 11, a partir das 15h. A paulista deve estar entre os convocados, pois atende a todos os critérios de entrada definidos pelo CPB.
Estreia de novos talentos
Os Jogos Paralímpicos de Paris vão marcar a estreia de jovens atletas que já acumularam resultados expressivos em outras competições internacionais ao longo do último ciclo.
Um desses talentos é o paulista Samuel Oliveira, 18 – fará 19 no dia da abertura dos Jogos. Ele chegará ao evento como bicampeão mundial nos 50m borboleta da classe S5 (limitação físico-motora) – Ilha da Madeira 2022 e Manchester 2023. Além disso, em Portugal, no ano retrasado, conquistou mais dois ouros (50m costas e revezamento 4x50m livre).
Já a mesatenista carioca Sophia Kelmer, 16, da classe 8, foi prata no individual feminino e bronze nas duplas femininas WD14-20 e duplas mistas XD14-17 nos Jogos Parapan-Americanos de Santiago 2023. Também conquistou dois ouros no Parapan de Jovens, em Bogotá, na Colômbia, no mesmo ano: individual e duplas femininas. No final de 2022, ainda com 14 anos, foi bronze no Mundial de Granada, Espanha.
Outro jovem atleta que se destacou no Parapan adulto de Santiago e que estreará em Jogos Paralímpicos é o nadador paulista Victor Almeida, 16, da classe S9 (comprometimento físico-motor). O jovem foi ouro nos 100m costas, prata nos 50m borboleta, além de bronze nos 200m medley e 400m livre nos Jogos Parapan-Americanos de Santiago 2023.
A participação de jovens talentos brasileiros no megaevento na capital francesa vai ao encontro do Plano Estratégico do CPB de 2017, revisado em 2021. O documento define como meta a delegação brasileira ter 17% dos finalistas nos Jogos Paralímpicos de Paris 2024 nascidos após setembro de 2000.
Seleção feminina de vôlei sentado chega aos Jogos pela primeira vez como campeã mundial
A Seleção Brasileira feminina de vôlei sentado foi medalhista de bronze nas duas últimas edições dos Jogos Paralímpicos – Rio 2016 e Tóquio 2020. No entanto, neste ciclo, a equipe chega pela primeira vez ao evento como a atual campeã mundial. O título inédito em Sarajevo, inclusive, garantiu a presença do time na capital francesa.
Do elenco que representou o país nos Jogos de Tóquio 2020, houve duas mudanças. Saíram Jani Batista e Ana Luísa Soares e entraram Suellen Lima e Janaína Petit. Ambas estiveram na campanha vitoriosa na Bósnia e Herzegovina. O técnico Fernando Guimarães, campeão mundial, também está mantido no comando do conjunto.
20 anos não são 20 dias
Enquanto alguns farão sua estreia, a cearense Edênia Garcia, 37, nadadora da classe S3 (limitações físico-motoras), vai completar 20 anos da sua primeira participação em Jogos Paralímpicos durante a edição parisiense. A sua primeira participação no evento aconteceu em Atenas 2004, quando foi medalhista de prata nos 50m costas S4, sua prova favorita até os dias de hoje.
A nadadora, que nasceu com atrofia fibular muscular, condição que afetou os movimentos de seus membros inferiores, ainda soma mais dois pódios paralímpicos na carreira: bronze nos 50m livre S4, em Pequim 2008, e prata nos 50m costas S4, em Londres 2012.
Nos Jogos Parapan-Americanos de Santiago 2023, Edênia também completou 20 anos de participação na mesma competição. Ela conquistou o bronze nos 50m costas naquela ocasião.
Em toda a carreira, Edênia tornou-se pentacampeã parapan-americana (Mar del Plata 2003, Rio 2007, Guadalajara 2011, Toronto 2015 e Lima 2019) e tetra mundial (Londres 2019, Eindhoven 2010, Durban 2006 e Mar del Plata 2002) na prova dos 50m costas.
CRÉDITO/IMAGEM: Phryges, mascote dos Jogos Paralímpicos de Paris 2024, está à beira da pista de atletismo, com torcida ao fundo | Foto: Alessandra Cabral/CPB
Fonte: Assessoria de Comunicação do Comitê Paralímpico Brasileiro