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  • ter. set 17th, 2024

Organizações que defendem os direitos de pessoas com deficiência são selecionadas na 8ª edição do Edital Mulheres em Movimento 

Organizações que defendem os direitos de pessoas com deficiência são selecionadas na 8ª edição do Edital Mulheres em Movimento 

Cada organização recebeu até R$ 50 mil do Edital Mulheres em Movimento 2024 – Por Democracia, Justiça de Gênero e Climática, realizado em parceria entre ELAS+ Doar para Transformar e a ONU Mulheres.

Edital Mulheres em Movimento 2024 – por Democracia, Justiça de Gênero e Climática, realizado em parceria entre o ELAS+ Doar para Transformar e a ONU Mulheres, selecionou 62 organizações e grupos liderados por mulheres de todas as regiões do Brasil para receber até R$ 50 mil  de apoio flexível para seu fortalecimento institucional. Das quase 2 mil organizações inscritas, foram escolhidos oito grupos que apoiam, em algum nível, a causa de pessoas com deficiência (PCD). As escolhidas são de quatro regiões do país, com exceção apenas do Sudeste. 

As organizações contempladas são a Associação das Fibromiálgicas e Doenças Raras Borboletas de Fibra (Afrafibra), de Alagoas, o Movimento Brasileiro de Mulheres Cegas e com Baixa Visão (MBMC), do Piauí, a Mulheres e Jovens Tikuna Plantando Futuro, do Amazonas, a Rede de Mulheres Artesãs do Acre (Remaac) e a Rede Nacional de Promotoras Legais Populares, do Distrito Federal, além de três do Rio Grande do Sul, o Coletivo Feminista Helen Keller de Mulheres com Deficiência, o Movimento Feminista Inclusivass de Mulheres e Meninas com Deficiência e a Ocupação Urbana Vila Resistência, do Rio Grande do Sul. Juntas, as organizações vão receber quase R$ 400 mil.

Esta é a oitava edição do programa, que chega ao montante de R$ 3 milhões para distribuir entre grupos, com ou sem registro formal (CNPJ), que atuam na defesa da democracia e da luta antirracista, além de questões como direitos LBTIs e trabalhistas, direito à moradia,  à saúde e  à cidade, e que advogam pela justiça climática e ambiental, inluindo até moda justa e sustentáve.As organizações selecionadas estão em todo o território nacional, sendo 11 na região Norte, 26 no Nordeste, 3 no Centro-Oeste, 16 no Sudeste e 6 no Sul. O edital tem apoio de Channel Foundation, Equality Fund, Fondation Chanel e Levi Strauss Foundation. 

As selecionadas compartilham o objetivo de promover a inclusão e a equidade para pessoas com deficiência. Elas buscam garantir o acesso a oportunidades e recursos, empoderando as pessoas através de espaços de acolhida, formação política e social, e atividades que fomentem sua expressão e sua autonomia. Além disso, esses grupos visam superar barreiras e aumentar a visibilidade, assegurando que os direitos das pessoas com deficiência sejam plenamente reconhecidos e respeitados na sociedade. Não são todos os grupos citados que atuam exclusivamente na causa PCD, porém, com diferentes frentes de atuação, eles abrangem em algum nível a missão de acesso e inclusão.

As organizações destacadas trabalham em frentes diferentes, por meio de abordagens coletivas e integradas. No processo de seleção dos grupos, foi levada em consideração a relevância estratégica de cada um para as comunidades, em sua área de atuação e no universo do movimento social. 

Originada de um grupo de mulheres que se organizou para reivindicar tratamento e acompanhamento para a fibromialgia, a Associação das Fibromiálgicas e Doenças Raras Borboletas de Fibra (Afrafibra) desempenha  papel ativo na disseminação de informações, promovendo reuniões e encontros terapêuticos para pacientes e seus familiares. A associação tem sede em Teotônio Vilela, no Alagoas, e também se dedica a garantir acesso a direitos de saúde e assistência social, além de articular esforços com outros grupos que apoiam mulheres com deficiência. Também no Nordeste, em Teresina, no Piauí, o Movimento Brasileiro de Mulheres Cegas e com Baixa Visão (MBMC) trabalha para assegurar que as particularidades de mulheres com esses problemas sejam reconhecidas em discussões sobre políticas públicas e igualdade de gênero. O grupo promove a inclusão político-social por meio de espaços onde as pessoas são acolhidas e podem participar de encontros e atividades que visam fortalecer seu empoderamento e protagonismo,  ampliando a formação política e socialização coletiva.

Dois grupos de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, foram selecionados por seu trabalho em prol dos direitos das mulheres com deficiência. O Coletivo Feminista Helen Keller de Mulheres com Deficiência foca na interseção entre gênero e deficiência para construir uma agenda política inclusiva. Seus principais objetivos incluem reconhecer a deficiência como um fator de discriminação, semelhante a gênero, raça, classe e sexualidade, e oferecer apoio às mulheres com deficiência afetadas também pela crise climática, como as enchentes recentes no estado, integrando os conceitos de justiça climática e deficiência. O outro grupo, o Movimento Feminista Inclusivass de Mulheres e Meninas com Deficiência, busca igualmente defender a cidadania e os direitos humanos para mulheres e meninas com deficiência. Promove ações e projetos voltados para gênero, deficiência e feminismo, trabalhando em conjunto com outros movimentos femininos para dar mais visibilidade a um público frequentemente negligenciado por sociedade e políticas públicas.

De Santa Maria, também no Rio Grande do Sul, a Ocupação Urbana Vila Resistência é uma comunidade matriarcal formada por mulheres, indígenas, negros, pessoas com deficiência, imigrantes e LGBTQIAPN+, que surgiu em 2016 após uma violenta reintegração de posse. Atualmente, a Vila luta por moradia e acesso à cultura, à arte, ao lazer, à saúde e à educação, servindo como referência cultural e educacional para 53 famílias, estendendo-se à  população periférica da cidade.

No Norte, o Coletivo Mulheres e Jovens Tikuna Plantando Futuro, criado durante uma reunião da Associação das Mulheres Indígenas Ticuna (AMIT), se dedica a unir as lutas de mulheres, jovens e pessoas com deficiência com a preservação ambiental e a luta contra as mudanças climáticas. Fica na cidade de Benjamin Constant, no Amazonas, e seu  principal projeto  é plantar 20 mil árvores para restaurar os igarapés na região do Rio Solimões, que sofreu grande perda após período de seca em 2023. O objetivo é preparar a área para enfrentar futuros eventos climáticos. Ainda na mesma região, em Rio Branco, a Rede de Mulheres Artesãs do Acre congrega mulheres em situação de vulnerabilidade, além de homens trans, indígenas e pessoas com deficiência, para gerar renda com a confecção de adereços de miçangas e absorventes ecológicos. O movimento visa promover a saúde, a autoestima e o empoderamento das participantes, oferecendo também atividades culturais, com apresentações de músicas tradicionais e rodas de conversa, que incentivam a expressão e o fortalecimento da comunidade.

Por último, no Centro-Oeste, a Rede Nacional de Promotoras Legais Populares é um movimento feminista e plural que se dedica à articulação política em nível nacional. Focada na defesa dos direitos sociais e humanos das mulheres, a Rede atua contra o racismo, a intolerância religiosa e o capitalismo, enquanto apoia os direitos das pessoas com deficiência, de idosos, crianças e adolescentes, além dos povos indígenas e da população LGBTQI+, respeitando as particularidades regionais.

“O Edital Mulheres em Movimento 2024 – por Democracia, Justiça de Gênero e Climática, mais uma vez, coloca em prática o que o ELAS+ acredita. As mulheres, em toda sua diversidade, conhecem suas realidades, seus territórios, seus desafios, e têm para isso soluções sociais e ambientais. O que elas precisam é de apoio para colocar em prática ou continuar fazendo o que já fazem. A riqueza das propostas recebidas de todas as regiões do Brasil é emocionante!”, diz Savana Brito, diretora executiva do ELAS+.

O ELAS+ é o primeiro fundo filantrópico feminista e antirracista que atua em prol da justiça social do Brasil. Ao longo de seus quase 25 anos, o ELAS+ já apoiou  mais de 1,2 mil grupos e organizações. Lançado em 2017, o Mulheres em Movimento é o maior programa do fundo e trabalha com recursos direcionados a iniciativas e soluções sociais desenvolvidas e lideradas por mulheres. As atividades propostas no Edital foram iniciadas em agosto com uma reunião virtual de boas-vindas e apresentação do programa. Os grupos serão acompanhados pelo ELAS+, com encontros virtuais e presenciais, como o Diálogo Mulheres em Movimento, que reúne os grupos financiados para que tenham a oportunidade de construir conjuntamente, entre os diversos segmentos, análises de conjuntura, estratégias coletivas e alianças que impulsionam o seu desenvolvimento. A ação está prevista para maio de 2025. 

Sobe o ELAS+

O ELAS+ Doar para Transformar foi o primeiro fundo a investir exclusivamente na promoção do protagonismo das mulheres, pessoas trans, não binárias. Reconhece toda a multiplicidade e singularidade desse universo. A organização é um fundo de justiça social e ambiental, feminista e antirracista, que há 24 anos investe no fortalecimento de organizações e grupos liderados por mulheres cis, trans e outras transidentidades. Apoia organizações que movem e sustentam a economia e as relações sociais nas suas localidades, promovem impacto social positivo em comunidades, cidades, estados, apoiando a transformação coletiva da sociedade. Mobiliza recursos no Brasil e no exterior, com empresas, governos, fundações, organismos internacionais e pessoas físicas para aplicá-los no fortalecimento de  organizações, com ou sem CNPJ. A atuação se dá no ecossistema de filantropia para justiça social e tem o tamanho do Brasil, já que apoia organizações nas cinco regiões do país.

CRÉDITO/IMAGEM: Encontro Diálogo Mulheres em Movimento 2024 promovido pelo ELAS+ com os grupos apoiados no edital de 2023. Foto: Acervo ELAS+

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