Cada organização recebeu até R$ 50 mil do Edital Mulheres em Movimento 2024 – Por Democracia, Justiça de Gênero e Climática, realizado em parceria entre ELAS+ Doar para Transformar e a ONU Mulheres.
O Edital Mulheres em Movimento 2024 – por Democracia, Justiça de Gênero e Climática, realizado em parceria entre o ELAS+ Doar para Transformar e a ONU Mulheres, selecionou 62 organizações e grupos liderados por mulheres de todas as regiões do Brasil para receber até R$ 50 mil de apoio flexível para seu fortalecimento institucional. Das quase 2 mil organizações inscritas, foram escolhidos oito grupos que apoiam, em algum nível, a causa de pessoas com deficiência (PCD). As escolhidas são de quatro regiões do país, com exceção apenas do Sudeste.
As organizações contempladas são a Associação das Fibromiálgicas e Doenças Raras Borboletas de Fibra (Afrafibra), de Alagoas, o Movimento Brasileiro de Mulheres Cegas e com Baixa Visão (MBMC), do Piauí, a Mulheres e Jovens Tikuna Plantando Futuro, do Amazonas, a Rede de Mulheres Artesãs do Acre (Remaac) e a Rede Nacional de Promotoras Legais Populares, do Distrito Federal, além de três do Rio Grande do Sul, o Coletivo Feminista Helen Keller de Mulheres com Deficiência, o Movimento Feminista Inclusivass de Mulheres e Meninas com Deficiência e a Ocupação Urbana Vila Resistência, do Rio Grande do Sul. Juntas, as organizações vão receber quase R$ 400 mil.
Esta é a oitava edição do programa, que chega ao montante de R$ 3 milhões para distribuir entre grupos, com ou sem registro formal (CNPJ), que atuam na defesa da democracia e da luta antirracista, além de questões como direitos LBTIs e trabalhistas, direito à moradia, à saúde e à cidade, e que advogam pela justiça climática e ambiental, inluindo até moda justa e sustentáve.As organizações selecionadas estão em todo o território nacional, sendo 11 na região Norte, 26 no Nordeste, 3 no Centro-Oeste, 16 no Sudeste e 6 no Sul. O edital tem apoio de Channel Foundation, Equality Fund, Fondation Chanel e Levi Strauss Foundation.
As selecionadas compartilham o objetivo de promover a inclusão e a equidade para pessoas com deficiência. Elas buscam garantir o acesso a oportunidades e recursos, empoderando as pessoas através de espaços de acolhida, formação política e social, e atividades que fomentem sua expressão e sua autonomia. Além disso, esses grupos visam superar barreiras e aumentar a visibilidade, assegurando que os direitos das pessoas com deficiência sejam plenamente reconhecidos e respeitados na sociedade. Não são todos os grupos citados que atuam exclusivamente na causa PCD, porém, com diferentes frentes de atuação, eles abrangem em algum nível a missão de acesso e inclusão.
As organizações destacadas trabalham em frentes diferentes, por meio de abordagens coletivas e integradas. No processo de seleção dos grupos, foi levada em consideração a relevância estratégica de cada um para as comunidades, em sua área de atuação e no universo do movimento social.
Originada de um grupo de mulheres que se organizou para reivindicar tratamento e acompanhamento para a fibromialgia, a Associação das Fibromiálgicas e Doenças Raras Borboletas de Fibra (Afrafibra) desempenha papel ativo na disseminação de informações, promovendo reuniões e encontros terapêuticos para pacientes e seus familiares. A associação tem sede em Teotônio Vilela, no Alagoas, e também se dedica a garantir acesso a direitos de saúde e assistência social, além de articular esforços com outros grupos que apoiam mulheres com deficiência. Também no Nordeste, em Teresina, no Piauí, o Movimento Brasileiro de Mulheres Cegas e com Baixa Visão (MBMC) trabalha para assegurar que as particularidades de mulheres com esses problemas sejam reconhecidas em discussões sobre políticas públicas e igualdade de gênero. O grupo promove a inclusão político-social por meio de espaços onde as pessoas são acolhidas e podem participar de encontros e atividades que visam fortalecer seu empoderamento e protagonismo, ampliando a formação política e socialização coletiva.
Dois grupos de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, foram selecionados por seu trabalho em prol dos direitos das mulheres com deficiência. O Coletivo Feminista Helen Keller de Mulheres com Deficiência foca na interseção entre gênero e deficiência para construir uma agenda política inclusiva. Seus principais objetivos incluem reconhecer a deficiência como um fator de discriminação, semelhante a gênero, raça, classe e sexualidade, e oferecer apoio às mulheres com deficiência afetadas também pela crise climática, como as enchentes recentes no estado, integrando os conceitos de justiça climática e deficiência. O outro grupo, o Movimento Feminista Inclusivass de Mulheres e Meninas com Deficiência, busca igualmente defender a cidadania e os direitos humanos para mulheres e meninas com deficiência. Promove ações e projetos voltados para gênero, deficiência e feminismo, trabalhando em conjunto com outros movimentos femininos para dar mais visibilidade a um público frequentemente negligenciado por sociedade e políticas públicas.
De Santa Maria, também no Rio Grande do Sul, a Ocupação Urbana Vila Resistência é uma comunidade matriarcal formada por mulheres, indígenas, negros, pessoas com deficiência, imigrantes e LGBTQIAPN+, que surgiu em 2016 após uma violenta reintegração de posse. Atualmente, a Vila luta por moradia e acesso à cultura, à arte, ao lazer, à saúde e à educação, servindo como referência cultural e educacional para 53 famílias, estendendo-se à população periférica da cidade.
No Norte, o Coletivo Mulheres e Jovens Tikuna Plantando Futuro, criado durante uma reunião da Associação das Mulheres Indígenas Ticuna (AMIT), se dedica a unir as lutas de mulheres, jovens e pessoas com deficiência com a preservação ambiental e a luta contra as mudanças climáticas. Fica na cidade de Benjamin Constant, no Amazonas, e seu principal projeto é plantar 20 mil árvores para restaurar os igarapés na região do Rio Solimões, que sofreu grande perda após período de seca em 2023. O objetivo é preparar a área para enfrentar futuros eventos climáticos. Ainda na mesma região, em Rio Branco, a Rede de Mulheres Artesãs do Acre congrega mulheres em situação de vulnerabilidade, além de homens trans, indígenas e pessoas com deficiência, para gerar renda com a confecção de adereços de miçangas e absorventes ecológicos. O movimento visa promover a saúde, a autoestima e o empoderamento das participantes, oferecendo também atividades culturais, com apresentações de músicas tradicionais e rodas de conversa, que incentivam a expressão e o fortalecimento da comunidade.
Por último, no Centro-Oeste, a Rede Nacional de Promotoras Legais Populares é um movimento feminista e plural que se dedica à articulação política em nível nacional. Focada na defesa dos direitos sociais e humanos das mulheres, a Rede atua contra o racismo, a intolerância religiosa e o capitalismo, enquanto apoia os direitos das pessoas com deficiência, de idosos, crianças e adolescentes, além dos povos indígenas e da população LGBTQI+, respeitando as particularidades regionais.
“O Edital Mulheres em Movimento 2024 – por Democracia, Justiça de Gênero e Climática, mais uma vez, coloca em prática o que o ELAS+ acredita. As mulheres, em toda sua diversidade, conhecem suas realidades, seus territórios, seus desafios, e têm para isso soluções sociais e ambientais. O que elas precisam é de apoio para colocar em prática ou continuar fazendo o que já fazem. A riqueza das propostas recebidas de todas as regiões do Brasil é emocionante!”, diz Savana Brito, diretora executiva do ELAS+.
O ELAS+ é o primeiro fundo filantrópico feminista e antirracista que atua em prol da justiça social do Brasil. Ao longo de seus quase 25 anos, o ELAS+ já apoiou mais de 1,2 mil grupos e organizações. Lançado em 2017, o Mulheres em Movimento é o maior programa do fundo e trabalha com recursos direcionados a iniciativas e soluções sociais desenvolvidas e lideradas por mulheres. As atividades propostas no Edital foram iniciadas em agosto com uma reunião virtual de boas-vindas e apresentação do programa. Os grupos serão acompanhados pelo ELAS+, com encontros virtuais e presenciais, como o Diálogo Mulheres em Movimento, que reúne os grupos financiados para que tenham a oportunidade de construir conjuntamente, entre os diversos segmentos, análises de conjuntura, estratégias coletivas e alianças que impulsionam o seu desenvolvimento. A ação está prevista para maio de 2025.
Sobe o ELAS+
O ELAS+ Doar para Transformar foi o primeiro fundo a investir exclusivamente na promoção do protagonismo das mulheres, pessoas trans, não binárias. Reconhece toda a multiplicidade e singularidade desse universo. A organização é um fundo de justiça social e ambiental, feminista e antirracista, que há 24 anos investe no fortalecimento de organizações e grupos liderados por mulheres cis, trans e outras transidentidades. Apoia organizações que movem e sustentam a economia e as relações sociais nas suas localidades, promovem impacto social positivo em comunidades, cidades, estados, apoiando a transformação coletiva da sociedade. Mobiliza recursos no Brasil e no exterior, com empresas, governos, fundações, organismos internacionais e pessoas físicas para aplicá-los no fortalecimento de organizações, com ou sem CNPJ. A atuação se dá no ecossistema de filantropia para justiça social e tem o tamanho do Brasil, já que apoia organizações nas cinco regiões do país.
CRÉDITO/IMAGEM: Encontro Diálogo Mulheres em Movimento 2024 promovido pelo ELAS+ com os grupos apoiados no edital de 2023. Foto: Acervo ELAS+