Compromisso com a diversidade vem transformando o ambiente de trabalho em diversos setores
A diversidade e a inclusão são pilares fundamentais no ambiente corporativo, contribuindo não apenas para a inovação e o desempenho organizacional, mas também para a criação de um local de trabalho mais justo e equitativo. Dados do Great Place to Work (GPTW) Brasil, para 2024, mostram que a diversidade e inclusão continuam sendo temas estratégicos nas empresas, mas enfrentam desafios de implementação. Cerca de 66,8% das organizações entrevistadas reconhecem a importância dessas pautas, embora o engajamento efetivo ainda seja uma barreira, principalmente devido à falta de conscientização das lideranças.
Em 2016, a GPTW lançou, pela primeira vez, uma premiação na categoria de diversidade, avaliando marcas em relação à equidade de gênero, raça, orientação sexual, pessoas com deficiência, entre outros aspectos da diversidade.
Em 2024, o Grupo Farmácia Artesanal foi uma das 10 empresas destaque no ranking de inclusão de pessoas com deficiência e a única do Centro-Oeste a levar a certificação. Além disso, se classificou entre as cinco melhores empresas do Brasil para se trabalhar no ranking saúde do GPTW. A rede é hoje um dos maiores conglomerados de manipulação do país e investe a mais de 40 anos em iniciativas que promovem a inclusão e o sentimento de pertencimento.
De acordo com o fundador e presidente do Conselho Consultivo do Grupo Farmácia Artesanal, Evandro Tokarski, a trajetória em direção à inclusão é tanto pessoal quanto profissional. “Sou cadeirante e sinto-me privilegiado por ser o fundador e ainda liderar uma empresa que valoriza a diversidade e proporciona oportunidades iguais para todos. Acredito firmemente que somos cidadãos com direitos iguais à participação na sociedade e no mercado de trabalho. Precisamos avançar para uma verdadeira inclusão em todos os níveis de liderança”, afirma.
Atualmente, 71% das lideranças da Farmácia Artesanal são ocupadas por mulheres, incluindo sua CEO, e 60% do conselho é composto também por mulheres, demonstrando a forte dedicação à equidade de gênero. Além disso, 18% dos colaboradores da empresa se identificam como LGBTQIA+, uma representação significativa da diversidade interna, e há também uma rica diversidade geracional, com 32% da equipe composta por pessoas com menos de 30 anos e 18% com mais de 40 anos. Outro dado de destaque é que 6,3% dos colaboradores possuem algum tipo de deficiência, evidenciando o empenho contínuo em oferecer um ambiente inclusivo para todos.
Para o presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos – Seção Minas Gerais (ABRH-MG), Leandro Souza de Pinho, os temas diversidade e inclusão têm ganhado, cada vez mais, força no cenário corporativo, impulsionado por uma maior conscientização sobre a importância de se criar ambientes de trabalho mais justos e representativos “As empresas que investem em um compromisso com a justiça e a equidade, agindo em prol da diversidade e inclusão, não apenas se tornam mais competitivas, mas também contribuem para um mundo mais justo. Essa mudança cultural tem o potencial de influenciar outras organizações e a sociedade como um todo”, ressalta.
De acordo com Leandro, a mudança cultural, que começa de dentro das organizações, tem o potencial de reverberar para fora, influenciando outras empresas e a sociedade como um todo. “A diversidade e inclusão nas empresas não são apenas questões éticas, mas também estratégicas que podem impactar diretamente o desempenho dos negócios. Em um mundo cada vez mais globalizado, as equipes trazem uma gama de perspectivas, experiências e habilidades que enriquecem a cultura corporativa e estimulam a criatividade”, enfatiza.
Educando para incluir
No mundo da construção civil, a Emccamp Residencial, construtora com 47 anos de história em Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, acaba de finalizar com sucesso uma série de ações educativas para colaboradores. Durante todo o mês de setembro, a empresa preparou encontros inclusivos pensados especialmente para tornar o ambiente de trabalho mais democrático. A ação foi pensada no contexto do ‘Setembro Azul’, mês de visibilidade da comunidade surda, e contou com uma palestra com compartilhamento de experiências reais.
Na Emccamp, uma grande virada de chave para a realização dessas ações inclusivas foi o pensamento da colaboradora PcD (Pessoa com Deficiência), Ester Garcia da Silva, que possui surdez, é bilíngue e atua no setor jurídico da companhia. Ester e outras duas colaboradoras PcD, Scarlet e Fernanda, estiveram à frente de uma palestra onde puderam compartilhar com os colegas um pouco da realidade e também importantes aprendizados sobre os direitos da pessoa com deficiência. O maior objetivo do encontro foi disseminar a mensagem de luta por um ambiente de trabalho mais acolhedor e adequado a todos. O evento foi transmitido para colaboradores das demais unidades da empresa.
“Falar e adotar medidas sobre acessibilidade e inclusão é importante para a construção de um ambiente de trabalho mais justo e igualitário diante dos desafios no dia a dia, pois permitem que todos tenham os seus direitos respeitados. Abraçar essa iniciativa, além de promover a inclusão, também pode contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos colaboradores com deficiência e para aqueles ao seu redor. Muitas vezes, o melhor caminho é a informação”, ressalta Ester Garcia.
A construtora também preparou aulas de libras para os colaboradores durante três quartas-feiras do mês de setembro. A última turma ocorreu no dia 25 de setembro, mas a empresa já garantiu que, graças ao sucesso na adesão, dará continuidade ao projeto. Para Christina Santana, gerente de Recursos Humanos da Emccamp, todas as ações desenvolvidas visaram aproximar os colaboradores e ressaltar a importância da inclusão na cultura das empresas. “Incluir no nosso dia a dia os desafios das pessoas com deficiência é criar uma mentalidade de solidariedade e, o mais importante, promover possibilidades de contribuição efetiva ao trabalho. Esse é um desejo contínuo nosso”, completa.