O Carnaval é um dos eventos mais aguardados do ano. Nas últimas décadas, a festa mais popular do Brasil, tem tido avanços quando o assunto é acessibilidade e inclusão. No entanto, ainda existem desafios.
“A acessibilidade é essencial para garantir que pessoas com deficiência tenham os mesmos direitos e oportunidades que qualquer outra pessoa. Ela é um princípio fundamental para a inclusão social, que precisa ser considerada em todos os momentos. Inclusive, no Carnaval. Os espaços precisam ser democráticos e acessíveis para todos”, explica Rebeca Costa, CEO da empresa Look Little, que presta consultoria de acessibilidade para o Folia Tropical, camarote localizado no setor 8 do empresário Mickael Noah.
O Folia Tropical, fundado há 13 anos, foi o primeiro camarote do Rio de Janeiro a oferecer tradução simultânea de libras em todos os shows. “Lá, o ambiente é acolhedor e inclusivo. O objetivo é permitir que qualquer pessoa (independente da sua deficiência) possa viver a magia de assistir os desfiles das escolas de samba na Sapucaí e participar de todas as iniciativas do espaço sem nenhuma limitação ou barreira. O camarote é o mais acessível do sambódromo. Ele conta com adaptações que são essenciais para quem tem deficiência: rampas de acesso, espaço para cadeirantes, banheiros adaptados, assim como audiodescrição para deficientes visuais”, complementa Rebeca, que foi a primeira pessoa com acondroplasia, a forma mais comum de nanismo,[1] a ir ao Folia Tropical.
Sobre a acondroplasia: é a causa mais comum de nanismo; apesar disso, a acondroplasia é uma doença rara que afeta os ossos e a cartilagem devido a uma mutação no gene FGFR3,[2] o que reduz a velocidade de crescimento ósseo, resultando em ossos de tamanhos desproporcionais e altura abaixo da média. Trata-se de uma alteração genética que compromete o crescimento de 1 a cada 25 mil crianças nascidas vivas, todos os anos.[3] 80% das crianças com acondroplasia nascem de pais de estatura mediana.[4]
A acondroplasia vai além da baixa estatura e pode afetar outras partes do corpo, como por exemplo os ouvidos, com infecções e otites que afetam até 25% das crianças e pode levar à perda auditiva; a boca com problemas de desalinhamento dos dentes, palato estreito, mordida aberta ou prognatismo; problemas na coluna como a cifose; cotovelos, com rigidez que pode limitar a capacidade de endireitar totalmente seus braços;[5] nas pernas, com o arqueamento dos membros que afetam o caminhar e o correr e, podem necessitar de cirurgias; e outros problemas como obesidade, pressão arterial e dores nas costas e nas pernas.[6]
Referências:
[1] Horton, W.A., J.G. Hall, and J.T. Hecht, Achondroplasia. The Lancet, 2007. 370(9582): p. 162-172. Available from: Link.
[2] Hoover-Fong J, Cheung MS, Fano V, et al. Lifetime impact of achondroplasia: Current evidence and perspectives on the natural history. ScienceDirect. https://www. sciencedirect.com/science/article/pii/S875632822100034X?via%3Dihub Published February 3, 2021. Accessed July 7, 2021.
[3] . Al-Saleem A, Al-Jobair A. Achondroplasia: Craniofacial manifestations and considerations in dental management. The Saudi Dental Journal. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3804960/. Published October 2010. Accessed July 6, 2021.
[4] About Achondroplasia. Genome.gov. https://www.genome.gov/Genetic-Disorders/Achondroplasia. Published July 15, 2016. Accessed July 6, 2021
[5] Hoover-Fong JE, Alade AY, Hashmi SS, et al. Achondroplasia Natural History Study (CLARITY): a multicenter retrospective cohort study of achondroplasia in the United States. Nature News. https://www.nature.com/articles/s41436-021-01165-2. Published May 18, 2021. Accessed July 7, 2021
[6] . Hunter AG, Bankier A, Rogers JG, Sillence D, Scott CL. Medical complications of achondroplasia: a multicentre patient review. Journal of Medical Genetics. 1998;35(9):705-712. https://onlinelibary.wiley.com/doi/10.1002/ajmg.a.37394