O Abril Azul é uma campanha criada pela Organização das Nações Unidas (ONU), de conscientização sobre o autismo, que visa promover a inclusão, combater o preconceito e garantir direitos. O tema da campanha nacional de 2025 é “Informação gera empatia, empatia gera respeito!”.
O Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (HC-UFTM), administrado pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), realiza diagnóstico e acolhimento dos pacientes com Transtorno do Espectro Autista (TEA), por meio do Ambulatório de Pediatria. Esses pacientes recebem atendimento multidisciplinar de profissionais de fisioterapia, terapia ocupacional, pediatria, pneumologia, neurologia e psiquiatria infantil.
A neurologista pediátrica do HC-UFTM, Fernanda Brandão Berto Resende explica que o autismo é uma condição frequente dentro da neuropediatria, sendo uma das principais patologias. Ainda segundo a especialista, o diagnóstico do transtorno do neurodesenvolvimento é clínico, ou seja, é necessário ter essa avaliação do especialista ou pediatra. “Não existe exame específico para diagnosticar o TEA. Algumas ferramentas podem ajudar o diagnóstico, como por exemplo, a avaliação multidisciplinar. O diagnóstico é baseado em critérios”, explicou.
Os critérios são os sintomas indicativos, aos quais os pais precisam ficar atentos. São eles: criança que tem dificuldade de comunicação (de compartilhar uma conversa com os seus pares), atraso de fala com ecolalia (repetição de palavras), dificuldade de interação social (criança que tem dificuldade de compartilhar das brincadeiras com seus pares), comportamentos restritos ou estereotipias (crianças que têm dificuldade de
mudança de rotina, que são muito restritos a determinadas coisas, tem hiperfocos, que tem movimentos de rotação, de girar em torno de si, que tem uma preferência importante para objetos que giram, andar na ponta dos pés, seletividade alimentar), isolamento social (se tem uma roda de criança, ela se isola brincando, tem dificuldade de compartilhar os brinquedos).
“É claro que entendemos que as crianças menores têm essa dificuldade e não necessariamente terão o TEA. Vale lembrar que é necessário ter os três critérios para fazer o diagnóstico. É um conjunto de sintomas. Pode ser necessário algumas avaliações para o diagnóstico. Às vezes não conseguimos fazer o diagnóstico no primeiro atendimento, na primeira intervenção”, explicou a neuropediatra.
“O tratamento principal é multidisciplinar com terapias individualizadas para cada criança. Outra ferramenta importante no tratamento é o conhecimento, para os cuidadores das crianças com TEA lidarem com a criança. Regras, rotinas, diminuição do uso de telas são muito importantes. Existem casos, que são casos de tratamento medicamentoso, que também deve ser individualizado para a criança, e nunca somente o tratamento medicamentoso: deve ser junto com a terapia e instalação de rotinas em casa”, orientou a especialista.
Caso os pais suspeitem que a criança apresente esse tipo de transtorno é necessária uma avaliação com pediatra na rede primária de atendimento via Unidade Básica de Saúde (UBS). Após avaliação do pediatra, caso se comprovem sinais indicativos, e após triagem via teleinterconsulta, o paciente pode ser encaminhado para tratamento no HC-UFTM. Os atendimentos do Ambulatório de Pediatria do HC-UFTM são feitos em sua grande maioria para pacientes de zero a 14 anos, porém algumas especialidades recebem acompanhamento até os 20 anos.
A fisioterapeuta Luana Cunha Barbosa atua no Ambulatório de Pediatria, atendendo em média 30 crianças e adolescentes com TEA por mês. “Criamos um vínculo com eles e a família, o que, associado à fisioterapia respiratória, os mantém sempre estáveis, organizados e respirando bem. A respiração é um dos pilares para a qualidade de vida e organização”, afirmou a fisioterapeuta.
Pedro Henrique Monteiro de Oliveira é um dos pacientes da Luana. A necessidade dos atendimentos de fisioterapia respiratória é consequência de uma bronquiolite aos sete meses de vida. Ele recebeu o diagnóstico de autismo no HC-UFTM no ano passado (2024) e, desde então, faz acompanhamento psiquiátrico na instituição.
Katia Gonzaga Monteiro é mãe do Pedro, que hoje tem 14 anos. Para ela, ser mãe de uma criança autista no Brasil é uma jornada de amor, mas também de desafios: “O diagnóstico é difícil devido à falta de informação e de profissionais capacitados. Após a confirmação, a luta continua para conseguir terapias adequadas. Na educação, apesar dos direitos garantidos por lei, escolas frequentemente recusam matrículas ou não oferecem o suporte necessário. Além disso, o preconceito e a desinformação ainda são obstáculos, tornando a inclusão social uma batalha diária”.
Rede Ebserh
O HC-UFTM faz parte da Rede Ebserh desde janeiro de 2013. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo em que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
IMAGEM/DESCRIÇÃO/CRÉDITO: Pedro é um dos pacientes que faz acompanhamento no Ambulatório de Pediatria do HC-UFTM. Na foto com a mãe Kátia e a fisioterapeuta Luana Barbosa