Iniciativa do Instituto Lucas Amoroso, com patrocínio da BASF, promove qualificação, empregabilidade e mapeamento inédito da realidade das PCDs no município. Levantamento realizado em Guaratinguetá (SP) identificou entraves sociais, estruturais e atitudinais que dificultam a inclusão de pessoas com deficiência
O Brasil possui mais de 18,6 milhões de pessoas com deficiência, segundo o último Censo do IBGE. Apesar disso, apenas 26,6% delas encontram espaço no mercado de trabalho. E quando o foco se volta ao interior do país, o cenário se torna ainda mais excludente, muitas vezes, sem dados, sem políticas públicas específicas, sem visibilidade.
Foi com esse pano de fundo que nasceu o projeto Incluir+, do Instituto Lucas Amoroso (ILA) com a parceria da BASF, cujo foco é em empregabilidade de jovens PCDs em Guaratinguetá, interior de São Paulo. Mais do que capacitação, a iniciativa mapeou pela primeira vez a população com deficiência da cidade e revelou um retrato alarmante: grande parte dessas pessoas vive em condição de pobreza, sem acesso a transporte adaptado, apoio familiar ou políticas públicas de inclusão ativa.
“O Incluir+ é a continuação da trajetória que começamos com o Instituto Lucas Amoroso em 2023. Primeiro, estivemos ao lado das mães, oferecendo ferramentas para geração de renda. Agora, voltamos o olhar para os filhos e jovens que precisam não só de oportunidades, mas de um sistema que os enxergue. Para a BASF, apoiar essas iniciativas é contribuir com a transformação real da comunidade, unindo impacto social e desenvolvimento local”, afirma Ivânia Palmeira, consultora de Sustentabilidade e Engajamento Social da BASF.
Com mais de 300 pessoas com deficiência ou seus responsáveis entrevistados, o levantamento realizado pelo ILA, em parceria com a Universidade Estadual Paulista e instituições locais como CRAS, CREAS, APAE e hospitais, trouxe à tona não apenas estatísticas, mas histórias deixadas de lado por anos. Sete em cada dez pessoas ouvidas vivem com renda familiar de até um salário-mínimo. Muitas delas enfrentam, cotidianamente, barreiras atitudinais e estruturais que vão muito além da ausência de rampas ou transporte adaptado: trata-se da ausência de políticas públicas específicas, da dependência total de familiares para mobilidade e do não reconhecimento de suas condições, inclusive por falta de documentação ou laudos atualizados. Grande parte dessas pessoas nunca teve acesso a cursos profissionalizantes ou a qualquer tipo de orientação para o mercado de trabalho.
O recorte mais preocupante se concentra entre jovens com deficiências cognitivas ou menos visíveis, como o transtorno do espectro autista, deficiência intelectual e paralisia cerebral, que são os perfis mais excluídos da lógica de empregabilidade. Além dos dados quantitativos, o estudo trouxe evidências qualitativas que revelam o impacto psicológico do isolamento. Muitos jovens relataram falta de perspectivas, baixa autoestima e até abandono escolar precoce. “Encontramos jovens que sequer sabiam que tinham direitos garantidos. Em muitos casos, são os próprios familiares que, por medo ou desinformação, mantêm essas pessoas em casa, fora da escola, fora da sociedade”, relata Márcia Amoroso, fundadora do Instituto Lucas Amoroso.
Inserção que começa na confiança
O projeto Incluir+ não se limitou à formação técnica. Com metodologia de emprego apoiado, a iniciativa acompanhou jovens desde o momento da capacitação até o ingresso no ambiente profissional, oferecendo suporte técnico, psicológico e logístico.
Um dos participantes, Ávilas Caíque, hoje com 22 anos, enfrenta distrofia muscular e passou por depressão severa após perder o pai. Por falta de mobilidade, chegou a deixar de se alimentar para tentar facilitar que sua mãe, de baixa estatura, conseguisse carregá-lo. Ele concluiu cursos de informática e atendente de farmácia, participou do programa de empregabilidade e hoje atua como auxiliar de farmácia no Hospital CEPOG.
“O projeto esteve comigo desde o início. Me prepararam para a entrevista, me acompanharam na adaptação ao trabalho e garantiram que eu tivesse condições reais de exercer minha função com dignidade. Isso fez toda a diferença para eu acreditar que era possível”, conta Ávilas.
Além de Ávilas, outros jovens com autismo, síndrome de Down e paralisia cerebral participaram do projeto. Muitos enfrentam desafios ainda mais graves do que a deficiência em si: falta de acesso à saúde, abandono escolar e negligência familiar.
Mesmo diante de contextos tão adversos, o projeto alcançou avanços concretos: foram mil pessoas impactadas direta e indiretamente, com 13 jovens formados em cursos técnicos do Qualifica Guará e cinco contratações formais efetivadas até o momento. O projeto também estruturou o Banco de Currículos “Sob Medida”, exclusivo para PCDs, e realizou 27 ações paralelas de sensibilização, apresentações teatrais, visitas técnicas e rodas de conversa.
Com a entrega da pesquisa e dos indicadores de impacto, o Instituto Lucas Amoroso agora trabalha para apresentar o modelo do Incluir+ a gestores públicos, empresas e entidades sociais de outros municípios. O estudo completo, que traça o perfil da população com deficiência em Guaratinguetá e aponta os principais entraves à inclusão, está disponível no site.
Sobre a BASF
Na BASF, criamos química para um futuro sustentável. Nossa ambição: queremos ser a empresa química preferida para viabilizar a transformação verde de nossos clientes. Combinamos sucesso econômico com proteção ambiental e responsabilidade social. Cerca de 112 mil colaboradores e colaboradoras do Grupo BASF contribuem para o sucesso de nossos clientes em quase todos os setores e em quase todos os países do mundo. Nosso portfólio compreende, como negócios principais, os segmentos de Químicos, Materiais, Soluções Industriais e Nutrição e Cuidados; nossos negócios autônomos estão agrupados nos segmentos de Tecnologias de Superfície e Soluções para Agricultura. A BASF gerou vendas de € 65,3 bilhões de euros em 2024. As ações da companhia são negociadas na bolsa de valores de Frankfurt (BAS) e como American Depositary Receipts (BASFY) nos Estados Unidos. Mais informações em BASF.
Fonte: Projeto ILA insere jovens com deficiência no mercado | Divulgação: BASF