• qui. jun 5th, 2025

Governo Federal ataca judiciário por decisões que garantem BPC para pessoas com deficiência

Governo Federal ataca judiciário por decisões que garantem BPC para pessoas com deficiência

Para Wellington Dias, Ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome do Brasil, “muitas vezes, alguém que não tem o direito está ali sendo beneficiada, e isso é um impacto nas contas públicas. Gastos do governo com pagamento do BPC crescem mais de R$ 50 bilhões em cinco anos”

Os gastos do governo com pagamento do BPC- Benefício de Prestação Continuada – aumentaram mais de R$ 50 bilhões nos últimos cinco anos. Um aumento provocado, principalmente, pelas concessões por ordem judicial.

Mais de 6 milhões de pessoas recebem hoje o BPC, o Benefício de Prestação Continuada. Em junho de 2022, eram menos de 5 milhões – uma curva que vem crescendo. O BPC é pago a idosos com mais de 65 anos e pessoas com deficiência de qualquer idade. O valor é equivalente a um salário mínimo: R$ 1.518. É pago para famílias com renda igual ou menor que 25% do salário mínimo por pessoa. No caso dos PCDs, a condição tem que impossibilitar que a pessoa participe de forma plena e efetiva na sociedade e igualdade de condições com outras pessoas.

Só com o BPC, o governo deve gastar em 2025 cerca de R$ 113 bilhões. Em 2022, foram R$ 74 bilhões. Segundo o governo, a alta no número de concessões do BPC, com o consequente aumento das despesas para pagá-lo, acontece principalmente por causa do crescimento das decisões da Justiça para as pessoas com deficiência.

Essas decisões representam 25% do total das concessões, e a maioria delas sem qualquer indicação de CID, a identificação da doença ou deficiência. Até setembro de 2024, foram quase 3 milhões de novas concessões de BPC a pessoas com deficiência. Dessas, 711 mil foram por determinação da Justiça. A maior parte não possuía indicação de CID. Só em dezembro de 2024 passou a valer uma lei que obriga que as decisões judiciais tenham o registro do código da doença.

Apesar disso, segundo o governo, muitas das outras exigências para a obtenção do BPC não estão sendo cumpridas pela Justiça.

“A área, a assistência social, os CRAS, as equipes levaram em conta, a renda, o tipo de vulnerabilidade, enfim… E ali, ao avaliar, disseram: não preenche o requisito. É alguém que tem uma renda mais elevada, etc. Neste caso cabe recurso? Sim, cabe recurso dentro do próprio Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social. Mas não, vão direto à Justiça e, ali, também sem uma perícia, sem apresentar nenhum ponto novo, muitas vezes nós temos a decisão para o pagamento. Muitas vezes, alguém que não tem o direito está ali sendo beneficiada, e isso é um impacto nas contas públicas”, diz o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome do Brasil, Wellington Dias.

É esse impacto nas contas públicas que preocupa economistas. Muitos afirmam que é fundamental combater as fraudes e irregularidades na concessão do BPC. Mas ressaltam que é necessário também desvincular o benefício do salário mínimo. É que, do jeito que está, o BPC é reajustado acima da inflação.

“Claro, tem que corrigir pela inflação, manter o valor real, claro, né? Isso é cláusula pétrea da Constituição. Agora, valorização a partir disso tem que estar em linha com o próprio comportamento da produtividade ou comportamento da economia. Se você está repassando o desempenho da economia, que é fruto do trabalho de quem está na ativa, e esse ganho também vai para quem está na inativa, olha, de certa forma, você está gerando um desequilíbrio com custos fiscais óbvios”, opina a economista Zeina Latif.

Fonte: https://g1.globo.com/

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