• sex. jun 13th, 2025

Festival de Cinema Acessível Kids estreia edição 2025 em Porto Alegre

Festival de Cinema Acessível Kids estreia edição 2025 em Porto Alegre

Em Porto Alegre/RS, “Meu Malvado Favorito” será exibido nessa quinta-feira, 12 de junho, às 14h, na comunidade indígena da etnia Kaingang.  Segundo o Kacique Gog, 80% dos moradores do local nunca foram ao cinema. No dia 17 de junho, a partir das 14h, acontece uma oficina de capacitação de professores das escolas públicas da região.

No dia 12 de junho, quinta-feira, o Festival de Cinema Acessível Kids – a serviço da inclusão educacional estreará a sua temporada 2025, com a visita àcomunidade Kaingang, situada na região metropolitana de Porto Alegre. A exibição acontecerá às 14h, na Escola Estadual Indígena de Ensino Fundamental Fag Nhin, na rua João de Oliveira Remião, 9105, Parada 25, na Lomba do Pinheiro – em Porto Alegre/RS. O filme exibido será “Meu Malvado Favorito”, com entrada franca.  

O Festival de Cinema Acessível é voltado a crianças cegas ou com baixa visão, surdas ou com deficiência auditiva ou com deficiência intelectual ou cognitiva e, também, para a população de baixa renda e situada em regiões de pouco acesso a equipamentos culturais. No projeto, os filmes exibidos sempre contam com os recursos de audiodescrição, legendas descritivas e Língua Brasileira de Sinais. A audiodescrição permite ao público com deficiência visual (pessoas cegas ou com baixa visão) ter acesso aos filmes através da descrição dos elementos visuais da obra. Pesquisas demonstram que esse recurso beneficia, ainda, espectadores com autismo, Síndrome de Down, deficiência intelectual e déficit de atenção.

As legendas e a janela de Libras trazem acessibilidade ao público com deficiência auditiva. Além dos filmes acessíveis, o Festival promove uma recepção acolhedora do público, para que todos se sintam bem e possam aprender uns com os outros a partir das sessões de cinema. Na maioria dos eventos, acontece também uma ou mais oficinas de capacitação em inclusão social para grupos de até 25 professores das escolas públicas. Na comunidade Kaingang, a oficina acontecerá no dia 17 de junho, também na Escola Estadual Indígena de Ensino Fundamental Fag Nhin, a partir das 14h.

Segundo o Kacique Samuel da Silva (Kacique Gog), há duas aldeias na comunidade indígena da etnia Kaingang. “Na aldeia Fag Nhin vivem 52 famílias e na Oré Kipri, 29 famílias”. Ele acrescenta: “Gog significa Bugio”. E escreva, por favor, cacique com K, porque é assim que assino o meu nome”.

Kacique Gog conta que deu a permissão para que o evento acontecesse na comunidade por ver que “muitas famílias não conseguem ter acesso às telas de cinema, por problemas financeiros”. Ele revela que 80% das pessoas que vivem na comunidade nunca foram ao cinema.  “A maioria vive da comercialização de seus artesanatos. Fica muito caro ir ao cinema!  Essa primeira exibição de um filme em nossa comunidade indígena será ótima, um acontecimento. Ainda mais porque as crianças verão dentro da sua própria comunidade um filme que passa nas telas dos cinemas”.

         Segundo Sidnei Schames, o Sid, a escolha da comunidade Kaingang foi porque “até hoje nunca foi realizada uma ação de cinema acessível em aldeias do Rio Grande do Sul”.  Ele diz que este ano muitas das programações seguirão no estado, onde o Festival de Cinema Acessível Kids visitará comunidades e escolas que foram destruídas no período das enchentes e agora estão se recuperando. “Para combater a evasão escolar, nada melhor que uma atividade lúdica como cinema e, se for acessível, melhor ainda”, afirma.

           “Teremos ainda no Rio Grande do Sul, em agosto, uma ação no Festival no Cinema do Barra Shopping, em uma parceria que iniciamos este ano com a Fundação Iberê Camargo. Também no segundo semestre, acontecerá em Brasília a quarta edição de uma parceria do Festival de Cinema Acessível Kids com o Senado Federal”, acrescenta.

Ele informa ainda que mais duas cidades grandes do país serão visitadas pelo projeto em 2025 e que a definição dos locais acontecerá até o final de julho.  “Mas este ano nosso objetivo principal é fazer mais eventos no estado, para atender localidades e cidades impactadas pelas cheias”.       

           O Festival de Cinema Acessível Kids – a serviço da inclusão educacional tem a produção da Mais Criança, e conta com os seguintes apoiadores: Som m da Luz, Dextera, Total Seguros, Gontof Comunicação, Expressão Natura, Bem Promotora, Camale, iQueest Sopa Digital, Senado Federal e Mundo Melhor. 

Sobre o Festival de Cinema Acessível Kids

O projeto nasceu há dez anos em Porto Alegre, como “Festival Cinema Acessível”, idealizado pelo empreendedor e musicista Sidnei Schames, presidente da OSC Mais Criança (a proponente do projeto) e diretor da empresa Som da Luz. Logo na estreia, em 2015, seu filho, David, então com oito anos, não pode entrar no cinema, por não ter a idade necessária. Acabrunhado, exclamou: “meu pai criou um Festival Acessível para os outros; mas não é acessível para mim!”. Logo depois, transformou a indignação em projeto: “Pai, que tal a gente criar também um festival para as crianças? Já tenho até nome e slogan: ‘Festival de Cinema Acessível Kids, leve seu pai ao cinema”.

Esse é o projeto que estreou em 2017 e que recebeu a chancela da Unesco. Em 2022 foi expandido, com a participação na 36ª edição do Criança Esperança, onde ganhou uma maior relevância e saiu pela primeira vez da região Sul do país. No ano passado, participou da 38ª edição do Criança Esperança.

Até hoje, em suas versões adulto e infantil, o Festival de Cinema Acessível foi assistido por cerca de 23.580 pessoas, em 41 cidades (São Paulo, Natal, Niterói, Recife, Florianópolis e Brasília, além de 33 no Rio Grande do Sul e duas em Santa Catarina), com um total de 125 exibições.

“Tivemos casos de pessoas que fizeram curso de Libras para poder se comunicar com pessoas surdas a partir da experiência que tiveram nas edições anteriores. O Festival Kids é muito mais do que a exibição de filmes acessíveis. Trata-se de uma oportunidade de troca e aprendizado”, afirma Schames.

Exibição de filmes e oficinas para professores

Desde 2022, o Festival de Cinema Acessível Kids – a serviço da inclusão educacional passou a ser alicerçado em duas grandes ações: a exibição de filmes acessíveis com um debate após a sessão e a capacitação de professores das escolas públicas em inclusão social, em oficinas de seis horas, para grupos de até 25 professores.

Isso porque no Criança Esperança o projeto integra, no âmbito educacional, a formação de educadores inclusivos. Tem como foco desencadear um processo de inclusão educacional e social das crianças, adolescentes e jovens com e sem deficiência; e outros grupos minorizados. Para valorizar a educação e lutar contra a evasão escolar, o projeto busca atuar de forma mobilizadora e fortalecer os vínculos de alunos e professores, através de atividades lúdicas que despertem o interesse de crianças e jovens no convívio entre os diferentes.

“O investimento na formação das crianças garante uma sociedade melhor no futuro. Ações como esta do Festival possibilitam que as crianças e jovens já cresçam em um contexto que acolhe e respeita as particularidades de cada indivíduo. Estar em um ambiente com pessoas com deficiência e pessoas sem deficiência, com todos assistindo a um filme de forma independente, provoca de maneira efetiva o pensar no que realmente podemos e sobre o que precisamos para exercer o nosso direito à cidadania. O acesso à cultura é fundamental. É notável a diferença na formação do adulto se já na infância houver a convivência e a troca entre crianças com e sem deficiência”, diz Sidnei Schames.

             O Festival de Cinema Acessível Kids traz como diferencial a adaptação de obras cinematográficas infanto-juvenis, mas que fazem sucesso com a família toda. Oferece conteúdo acessível de qualidade para uma parcela da população privada do direito de ter acesso à magia do cinema. As ações de inclusão cultural para o público das pessoas com deficiência são raras e, quando existem, invariavelmente assistencialistas.

             Os filmes têm audiodescrição das cenas para quem não enxerga, janela de libras para quem não ouve e legendas descritivas para quem não sabe Libras. “Para chegar às telas de cinema com toda a acessibilidade necessária, tudo é gravado em estúdio. É preciso de tecnologia e muita sensibilidade”, diz Schames. E acrescenta: “Todos somos diferentes, mas podemos compartilhar uma mesma sala de cinema. Nas sessões tem o pai com deficiência visual, com o filho que enxerga; a filha com deficiência auditiva com a mãe que escuta, crianças com deficiência intelectual ou cognitiva e todos estão juntos se divertindo dentro do cinema”.  David, hoje com 18 anos, afirma: “Criamos o Festival para todo mundo ser igual. Não igual no sentido de ter as mesmas características, mas os mesmos direitos e possibilidades. É um momento de inclusão estar todo mundo, pessoas com e sem deficiência, assistindo ao filme”.

            Quando David e Sid contam sobre pessoas sem deficiência, se referem à presença de familiares, crianças, adolescentes e jovens não PCDs; e também a quem vai às exibições como um exercício de aprendizado e empatia. “Fizemos sessões em escolas, onde as crianças assistem aos filmes de olhos fechados ou com venda nos olhos, para sentir como é um mundo sem imagens. Assim, esses alunos tentam se colocar na posição do Outro e aprendem a entender e respeitar as diferenças”, reflete Sid. 

             O organizador destaca as oficinas para a formação de educadores inclusivos que acontecem em edições do Festival de Cinema Acessível Kids, como parte do Criança Esperança. “Temos contribuído com os educadores para fazer o acolhimento de forma adequada. Cumprimos uma função muito importante, já que aumentamos – e precisamos ampliar ainda mais – a velocidade dessa mudança na sociedade. Se mostramos que a inclusão é perfeitamente possível, ela se torna natural. Estamos fazendo parte de uma história importante, do caminho da acessibilidade, do tudo para todas as pessoas”, reflete Schames, que acrescenta: “O reconhecimento e a continuidade do nosso trabalho são uma comprovação de que estamos no caminho certo na construção de uma sociedade melhor e igualitária”.

Lei de Inclusão

Em dezembro de 2015, a Lei Brasileira da Inclusão surgiu para reforçar o direito das pessoas com deficiência quando, em seu primeiro artigo, diz que “é instituída a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência), destinada a assegurar e a promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando a sua inclusão social e cidadania.”

A participação das pessoas com deficiência é um direito inquestionável, porém ainda não é concreto e pleno. “As leis existem, mas na prática não são cumpridas. Por isso entendemos que projetos como esse, que promovem a acessibilidade e inclusão de todos, ainda são fundamentais. O Festival de Cinema Acessível Kids – a serviço da inclusão educacional oferece conteúdo acessível de qualidade para uma parcela da população que é privada do direito de ter acesso à magia do cinema. “As ações de inclusão cultural para o público das pessoas com deficiência são raras e, quando existem, invariavelmente assistencialistas”, diz Schames.

O Festival de Cinema Acessível Kids, assim como o Festival de Cinema Acessível, segue os direcionamentos presentes nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, definidos pela ONU. Contribui diretamente para a educação inclusiva, equitativa e de qualidade, promove a oportunidade de aprendizagem, crescimento inclusivo e sustentável da sociedade e oportuniza trabalho digno para todos (pessoas com e sem deficiência). “Estamos alinhados com os objetivos do desenvolvimento sustentável – ODS 4, ODS 8 e ODS 10 – e participamos diretamente da agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável”, conta o presidente da Mais Criança.

Títulos do acervo da Som da Luz na edição Kids

Avatar 1, Harry Potter e a Pedra Filosofal, Aladdin – Live Action, Malévola, Meu Malvado Favorito 1 e 2,Universidade Monstros, Frozen – Uma Aventura Congelante e Divertida Mente.

Sobre a OSC Mais Criança

A OSC atua na defesa e promoção dos direitos humanos para a inclusão social, desenvolvendo e adotando tecnologias e abordagens inovadoras com a acessibilidade universal. Tem como referência os ODSs, em especial aqueles voltados para o desenvolvimento socioambiental, a educação, a cultura e a saúde, em busca de uma sociedade democrática equitativa e com acesso e participação de todos e de todas.

Sobre a OSC Som da Luz

             A empresa Som da Luz Tecnologias de Inclusão, idealizadora e realizadora do Festival de Cinema Acessível Kids, através de seu braço social, a OSC Mais Criança, foi a grande vencedora do TOP de MKT 2024, da ADVB/RS, prêmio que homenageia e divulga as principais práticas criadas e realizadas por instituições de diversos segmentos no Rio Grande do Sul. A Som da Luzrecebeu o primeiro prêmio nas categorias de Cultura – Troféu Eva Sophe” e Top Inclusão à Diversidade. Também foi agraciada com o “Distinção”, prêmio concedido aos três cases melhores avaliados entre os finalistas. Ficou com o Ouro com o TOP Inclusão à Diversidade. A edição 2024 contou com um recorde de empresas (60) e cases (116), inscritos em 30 categorias.

​“Estamos felizes e orgulhosos com todo esse reconhecimento, que amplia ainda mais nossas possibilidades de trabalhos e parcerias”, disse na ocasião, final de outubro, Sidnei Schames, diretor da Som da Luz Tecnologias de Inclusão. “Sem qualquer demagogia, queremos destacar ao receber essa premiação representamos aqui todos os projetos sérios que trabalham pela acessibilidade, pela cultura e pela inclusão educacional em nosso estado. E destacamos ainda que os vencedores são todas as entidades e empresas que ajudaram e seguirão ajudando o Rio Grande do Sul em um ano tão difícil como este de 2024, mas que demonstrou mais uma vez a resiliência e a capacidade de superação dos gaúchos”.    

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