• sáb. jun 14th, 2025

Os talentos certos no lugar certo podem mudar o mundo

Os talentos certos no lugar certo podem mudar o mundo - OPINIÃO - * Por Felipe Gruetzmacher

OPINIÃO

  • * Por Felipe Emílio Gruetzmacher

Dados do Censo IBGE 2022 apontaram que há 18,6 milhões de pessoas com deficiência no
Brasil. Desse total, menos de 500 mil estão empregadas. Além disso, há a estimativa de
que 76% de empresas brasileiras utilizam testes psicológicos em processos seletivos.
Entretanto, nenhum destes testes é acessível para pessoas com deficiência. Essa falta de
acessibilidade em testes psicológicos pode significar um obstáculo para o mercado
contratar talentos diversos.


O que uma pessoa com deficiência tem a dizer sobre essa realidade tão desafiadora tanto
para a diversidade quanto para as empresas?


Este artigo faz uma breve retrospectiva da minha jornada profissional, um homem autista
com grande paixão pelo empreendedorismo. Quero detalhar os contextos adversos que
enfrentei tendo que lidar com processos de seleção de pessoas inacessíveis e falta de
apoio estratégico.


Bom, eu sou Felipe Emílio Gruetzmacher, formado em gestão ambiental e pós-graduado em
educação ambiental. Eu me formei em um período em que a sigla ESG não era tão
divulgada quanto nos dias de hoje. Assim, minha cidade não oferecia empregos alinhados
com a minha formação. Além do mais, as agências de emprego da minha cidade apenas
ofereciam empregos que não exigiam formação superior. Logo, eu percebi que essas vagas
não ofereciam oportunidade de crescimento para uma pessoa como eu.


Até tinha falado com terapeutas sobre meus talentos. Contudo, eles só sabiam me sugerir
fazer concurso público. Esta área, o setor público, não me atraia.


Sem saber o que fazer, aceitei uma vaga como auxiliar de escritório. Nas horas vagas, eu
aprimorei meu conhecimento em negócios e marketing. Eu até investi grande parte do meu
salário em palestra, cursos e consultoria. Graças a tanta proatividade, tentei procurar novas
oportunidades profissionais.

Os meus planos foram frustrados por vários motivos que
fugiram do meu controle. Falta de sintonia com consultores que eu contratava era um
desses motivos, por exemplo. Cheguei até a fazer trabalho voluntário, usando minha paixão
pela escrita para divulgar projetos que envolviam acolher pessoas idosas com deficiência.
Apesar de contar com vários contatos no ecossistema de inovação local, não me
sintonizava com nenhum profissional responsável pelo RH. Depois de vivenciar esse
contexto todo, posso dizer que conheço a dor de enfrentar um emprego precário e falta de
oportunidade. Até que minha função de auxiliar administrativo foi automatizada. Agora,
estava desempregado e com uma nova certeza: nasci para ser copywriter, alguém que
escreve anúncios para apresentar produtos e serviços ao mercado. Posteriormente,
descobri que posso unir meu talento para a escrita com meu conhecimento como gestor
ambiental. Graças a essa percepção transversal, comecei a atuar como voluntário em
iniciativas voltadas para divulgar ESG. Além disso, atuei como colaborador em
organizações voltadas a beneficiar o público com deficiência de alguma forma.
Desde 2024, eu comecei a trabalhar na diverSCInnova como diretor de produção textual.
Por ironia do destino, a startup diverSCInnova comercializa um software chamado AIA, uma
solução neurocientífica para mapear capacidade cognitiva de pessoas candidatas a emprego.

Dessa forma, o AIA funciona como um teste acessível e inclusivo para candidatos
com e sem deficiência. Isso amplia as possibilidades das empresas acessarem os talentos
certos. Na época em que eu estava procurando emprego, por exemplo, uma
tecnologia como o AIA teria me colocado nas áreas de pesquisa, marketing e escrita
com menos esforço e mais agilidade.


Minha jornada como profissional com deficiência e como diretor de produção textual da
diverSCInnova é um convite para sonhar com um mercado de trabalho mais empático e
acolhedor.


*Texto dedicado a minha equipe diverSCInnova formada por Emmanuelle Fernandes, Lawton
Benatti e Diogo Santos.

  • Felipe Emílio Gruetzmacher é formado em gestão ambiental e pós-graduado em educação ambiental.

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