- * Por Bruno Horta
A contribuição da Inteligência Artificial (IA) na inclusão de pessoas com deficiência é um tema muito relevante. Embora não seja amplamente associada à temática da inclusão, a IA possui o potencial de ser uma ferramenta poderosa para promover a participação plena de todos os indivíduos na sociedade.
Muitas universidades, entidades sem fins lucrativos e, até mesmo, Startups que enxergam oportunidades
nessa área já desempenham projetos de melhoria da qualidade de vida de pessoas com deficiência. As novas tecnologias de IA podem potencializar muito essas inovações conforme citarei a seguir. Vale mencionar antes que não é uma área completamente nova, visto que muitos projetos, como o da bengala eletrônica para pessoas com deficiência visual, já existem há mais de uma década.
O que deve mudar bastante daqui em diante é a interatividade da pessoa com os instrumentos habilitadores, a acurácia e precisão desses instrumentos, a personalização e a implementação de novas funcionalidades.
Um dos principais benefícios da IA para pessoas com deficiência é a capacidade de melhorar a acessibilidade. Por exemplo, a tecnologia de reconhecimento de voz pode permitir que pessoas com deficiências motoras ou visuais interajam com dispositivos e sistemas de forma mais fácil e eficiente. Além disso, os avanços em tecnologias de tradução em tempo real podem ajudar a superar barreiras linguísticas, facilitando a comunicação entre pessoas com deficiência auditiva ou da fala e aqueles que não compartilham da mesma língua de sinais.
A IA também pode ser utilizada para o desenvolvimento de próteses e dispositivos assistivos mais avançados e personalizados. Por exemplo, com a aplicação de algoritmos de aprendizado de máquina, é possível criar próteses que se adaptem de forma mais intuitiva aos movimentos e necessidades específicas de cada pessoa, proporcionando uma maior sensação de conforto, controle e autonomia.
A IA pode adaptar-se às necessidades individuais das pessoas com deficiência, oferecendo soluções personalizadas de aprendizado. Por meio da análise de dados e do uso de algoritmos de aprendizado de máquina, a IA pode ajudar a criar ambientes de aprendizado inclusivos e adaptados às capacidades de cada pessoa. Inclusive, vale ressaltar, que essa é uma área não apenas focada em pessoas com deficiência, mas deve atingir todas as pessoas. Depois da chegada do ChatGPT, muito se fala sobre IA individualizada. Ou seja, sistemas de IA exclusivos para cada indivíduo que vão auxiliar no aprendizado e servirão como um personal coach, potencializando o indivíduo em suas atividades diárias.
Além disso, a IA pode contribuir para a criação de ambientes mais inclusivos e acessíveis. Por meio de sensores e câmeras, sistemas de IA podem identificar e sinalizar obstáculos em espaços públicos, facilitando a locomoção de pessoas com deficiência visual. Algoritmos de IA também podem ser utilizados para melhorar a navegação em sites e aplicativos, tornando-os mais amigáveis e adaptados às
necessidades de pessoas com deficiências cognitivas ou visuais.
Esses são apenas alguns exemplos de como a IA pode propiciar uma melhora significativa na qualidade de vida de pessoas com deficiência. No entanto, é importante reconhecer que a IA não é uma solução única e que é necessário um esforço conjunto para garantir uma inclusão efetiva. Isso envolve a participação ativa das pessoas com deficiência no processo de desenvolvimento de soluções de IA, considerando suas experiências e perspectivas. Além disso, é fundamental que a ética e a responsabilidade sejam incorporadas na implementação da IA, garantindo que os direitos e a privacidade das pessoas sejam respeitados.
- Bruno Horta é Head de Data Science da Peers Consulting & Technology