Em 2003, a Fundacentro e o Espaço da Cidadania lançaram a exposição Trabalho Eficiente. Passados 20 anos, parte dos atores sociais daquela época retornaram à instituição para um novo encontro em 9 de agosto de 2023. O coordenador do Espaço da Cidadania, Carlos Clemente, e 36 parceiros engajados na inclusão no mercado de trabalho das pessoas com deficiência foram recebidos pelo presidente Pedro Tourinho e pelo diretor de Conhecimento e Tecnologia, Remígio Todeschini.
“A ideia desse encontro na Fundacentro foi trazer um grupo de pessoas que mais se dedica a pensar na inclusão das pessoas com deficiência no mundo do trabalho. São pessoas de várias áreas de atuação: movimento sindical, empresas, escolas, entidades especializadas, poder público. São consultores de inclusão que de alguma maneira têm trabalhado em rede com o Espaço da Cidadania nos últimos anos para fortalecer, assim, a presença da pessoa com deficiência no mundo do trabalho e o cumprimento da Lei de Cotas”, explica Clemente.
O artigo 93 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, conhecido como Lei de Cotas, completou 32 anos, e o Espaço da Cidadania tem sido um agente para que a inclusão ocorra de fato. Ele prevê que toda empresa com 100 funcionários ou mais tenha de 2% a 5% dos seus cargos preenchidos por pessoas com deficiência. A Fundacentro tem uma história de atuação nessa área com a realização do curso “Inclusão das Pessoas com Deficiência no Mercado de Trabalho”, sob a coordenação da servidora, atualmente aposentada, Eliane Vainer, realizado entre 2008 e 2019. Foram 12 edições. Além do curso, também se realizava ciclo de palestras.
Questões como acessibilidade e inclusão têm relação direta com a Segurança e Saúde no Trabalho. “A pauta da saúde do trabalhador e da trabalhadora não pode caminhar separada da pauta da inclusão”, avalia Pedro Tourinho. “Os mecanismos de inclusão são imprescindíveis para que possamos assegurar o pleno exercício do trabalho, o pleno desenvolvimento de potencialidades, entendendo inclusive que a negativa desses mecanismos de inclusão contribui de forma muito determinante para processos de adoecimentos relacionados ao trabalho”, completa.
Para o presidente da Fundacentro, ter mecanismos de inclusão é uma forma de combater o assédio moral no trabalho e valorizar os trabalhadores. “Estamos hoje com um esforço cada vez maior para incluir as formas distintas de assédio como parte do processo de adoecimento, não por acaso a Cipa ganhou uma ‘A’ a mais [voltado para esse tema]”, explica.
Esse encontro, para Tourinho, é uma oportunidade para “aprender ouvindo” e, a partir desse aprendizado, desenhar possibilidades de processos formativos, de divulgação para enfrentar a invisibilidade dos mecanismos de exclusão, presentes no dia a dia dos trabalhadores e trabalhadoras, e. por fim, realizar pesquisas na área com os recursos existentes na instituição.
Uma nova atividade será realizada pelo Espaço da Cidadania: uma visita ao Centro de Referência Nacional de alunos com deficiência e desenvolvimento de tecnologias para a inclusão, do Senai Ítalo Bologna (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), em Itu/SP, prevista para 3 de outubro.
Encontro com Nilton Freitas
Nilton Freitas, presidente da Fundacentro em 2003, atualmente é representante regional da Internacional de Trabalhadores da Construção e da Madeira (ICM), responsável pela América Latina e Caribe. Vivendo no Panamá, aproveitou a estadia no Brasil, para participar do encontro do Espaço da Cidadania.
“Quando fui presidente da Fundacentro, incorporei esse tema na agenda da casa. Esse apoio lá atrás foi importante, mas, mesmo na ICM, busco incluir o tema da pessoa com deficiência na agenda de trabalho decente da Organização Internacional do Trabalho, porque a minha organização tem acento permanente na OIT”, conta Freitas.
Nilton Freitas ainda destaca a importância da Fundacentro e de se revitalizar a instituição. Nesse caminho, ele convidou o presidente Pedro Tourinho para um seminário internacional sobre a indústria madeireira, que ocorre em setembro, em Belém/PA. Ele acredita que a instituição tem papel fundamental com as novas dimensões da saúde mental, que são fortes na indústria da construção, e na produção técnico-científica para pensar os problemas que afetam a saúde dos trabalhadores da madeira atualmente.
Fonte: