Como resultado de uma dissertação de mestrado defendida no último mês de junho junto ao Programa de Mestrado Profissional Interdisciplinar em Inovação Tecnológica do Instituto de Ciência e Tecnologia (ICT), da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Campus São José dos Campos, foi desenvolvido um aplicativo educacional voltado para autistas e baseado em gamificação.
Segundo a autora da dissertação, Fernanda Carvalho Caldas da Silva, os desafios encontrados no processo de aprendizagem de crianças e jovens autistas têm estimulado a busca por práticas educativas diferenciadas para melhor atender esses indivíduos. “Assim, foi desenvolvido um aplicativo educacional para pessoas autistas – indivíduos com Transtorno do Espectro Autista, o TEA – utilizando o princípio da gamificação”, explicou Fernanda.
Ela relata que a gamificação concebida para o presente trabalho atende ao conteúdo de geometria na área de matemática. “As atividades com o conteúdo de geometria disponíveis no app foram inspiradas no jogo do quebra-cabeça. O trabalho incluiu pesquisa bibliográfica para produção do referencial teórico e pesquisa aplicada para desenvolvimento e teste do aplicativo. Os testes de aplicação ocorreram com estudantes autistas sob supervisão de professores especialistas do Atendimento Educacional Especializado [AEE] da Rede Estadual de Ensino de São Paulo, que também avaliaram objetivamente o instrumento por meio da escala Likert. Um total de 18 usuários foram submetidos aos testes, sendo 11 estudantes autistas e 7 professores do AEE”, completa Fernanda, que foi orientada no mestrado no ICT/Unifesp pelo professor Carlos Marcelo Gurjão de Godoy.
Após a aplicação do questionário aos professores, ela informa que foi obtido um resultado positivo e satisfatório, uma vez que a média geral foi de 9,71 na escala Likert, que vai de 0 a 10, sendo a classificação entre 9 e 10 considerada como “ótima”. Três das 8 questões da escala Likert tiveram média 10,0 (organização das informações na tela; aplicação do app como contribuição à prática pedagógica dos professores do AEE; contribuição com o processo de aprendizagem dos estudantes). A menor média, que foi de 9,29, ocorreu para apenas uma questão (execução das tarefas – formato).
“Os resultados mostraram que, além de auxiliar os próprios autistas, contribuindo para a concentração, foco e interesse dos estudantes, o aplicativo desenvolvido também auxiliou os professores especialistas em sua prática pedagógica. Assim, concluímos que o aplicativo, como recurso tecnológico inovador, o uso de dispositivos móveis e princípios de gamificação, auxilia no desenvolvimento de situações que envolvem a parte cognitiva por meio da utilização de atividades lúdico-didáticas como facilitadoras para a motivação da concentração e raciocínio lógico de estudantes autistas”, ressalta Fernanda.
O aplicativo foi, primeiramente, programado apenas para a utilização no Atendimento Educacional Especializado e ainda precisará passar por atualizações para estar disponível ao público.
Tela do aplicativo demonstrando um dos exercícios