Para um professor, a prática é a forma mais importante de capacitação profissional. É o que revela uma pesquisa de opinião de 2023 do Instituto Todos Pela Educação, com professores de escolas públicas do Ensino Fundamental e Médio. De acordo com o estudo, 94% dos docentes concordam que a progressão na carreira deve acontecer por meio da melhoria da prática pedagógica. Atualmente, professores avançam na carreira por titulação e tempo de serviço.
Com um modelo colaborativo de educação infantil (6 a 12 anos), o De Criança Para Criança (DCPC) valoriza muito a capacitação “mão na massa” dos professores das escolas parceiras do programa e considera essa habilidade essencial. “A prática é a melhor dica que tenho para capacitar um professor. Na nossa metodologia, ele coloca a mão na massa e cria uma história junto com a gente”, afirma Vitor Azambuja, sócio e diretor criativo do DCPC.
“O grande diferencial que fazemos, em nossa capacitação, é que o professor aplica aquilo que vai fazer dentro da sala de aula. Não é uma teoria, uma informação. É a prática, e isso é muito diferente”, reforça Giba Barroso, sócio e CEO da DCPC.
Criando Juntos
O DCPC criou uma metodologia chamada Criando Juntos, onde os professores propõem às crianças um tema do conteúdo programático da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Os alunos, por sua vez, criam as histórias por meio de desenhos e, posteriormente, fazem a narração do enredo.
A escola parceira envia, então, as ilustrações e narrações para o DCPC, que desenvolve animações a partir do material enviado. Os vídeos ficam disponíveis nos canais EncicloKids (na plataforma do DCPC) e YouTube. Mais de 2.500 animações já foram feitas a partir das histórias criadas, de acordo com a empresa de educação.
Para Giba, a vantagem da capacitação prática do professor é reforçar o seu papel como mentor. “Amplificamos aquilo que o professor tem de melhor, que é incentivar os alunos e ele vira um mentor de forma natural. O professor não tem que incorporar um papel, é só aplicar o conhecimento”.
O impacto da capacitação profissional é transformador não só nas escolas, mas no mundo dos negócios. O engajamento de profissionais que recebem treinamento é alto, conforme um estudo do Institute for Corporate Productivity (i4cp) que afirma que empresas com alta resiliência têm três vezes mais chances de superar o desempenho de mercado.
Cultura do acerto
Um dos motivos da criação da metodologia é a possibilidade de ampliar a experimentação de novos conhecimentos pelas crianças, diz Barroso. Para ele, existe uma cultura arraigada que valoriza apenas os acertos e condena os erros (resultados negativos). “(É como se) Você só pode acertar, não pode errar. Na hora da prova, você tem que acertar e só existe uma opção certa. Por isso é que dá aquele frio na barriga na hora da prova. Você não possibilita ao aluno experimentar opções”, observa.
Para Vitor, errar faz parte do aprendizado e isso não deve ser desestimulado. “A vida traz muitas opções, mas a criança começa a achar que só existe uma, porque é o que vem condicionado em uma prova. Mas crescer é encarar uma porção de acertos e erros na vida, então o aluno precisa vivenciar esse tipo de aprendizado. Dessa maneira, você suporta o erro, porque ele é parte do processo. Como empresários, só chegamos aqui porque erramos muito.”
Os sócios da DCPC esclarecem que o “erro” a que se referem é o incentivo à experimentação. “Quando você erra, você experimenta. Então o erro que falamos é descobrir um caminho novo. É assim que surge uma maneira nova de escrever e fazer criativamente”, argumenta Barroso.
Como reflexão, vale lembrar a resposta do genial Thomas Edison, inventor da lâmpada elétrica, quando questionado sobre como encarou as mais de 10 mil tentativas de construir o dispositivo. Otimista, Edison disse: “eu não falhei. Apenas descobri 10 mil maneiras que não funcionam”.