OPINIÃO
- * Renato Loffi
O retorno às aulas evidencia como muitas escolas enfrentam restrições orçamentárias que dificultam a implementação de programas eficazes de educação especial. O Censo Escolar de 2022, realizado pelo Ministério da Educação (MEC), aponta que 27% das instituições não possuem prédios adaptados, nem funcionários treinados para auxiliar alunos neurodivergentes, situação que causa dificuldades no aprendizado e aumento da segregação escolar.
As políticas educacionais têm o papel de incorporar a inclusão como um princípio orientador, atendendo às necessidades de todos os alunos, independentemente de características individuais. Adaptações na estrutura física, com instalações de rampas, corrimãos ou elevadores, são cruciais para garantir acesso pleno aos espaços, tal como a criação de salas de escape com iluminação ajustável, controle de ruído, cores suaves e poucos estímulos nas paredes, considerados elementos indispensáveis em momentos de crises sensoriais.
Além de adaptar a infraestrutura da escola, é necessário promover a formação continuada de todo o corpo docente, visto que muitos profissionais não recebem instrução adequada inicialmente. De acordo com o Ministério da Educação (MEC), cerca de 94% dos professores regentes não têm formação sobre Educação Especial e a falta de comunicação entre coordenação e professores pode prejudicar a prestação de serviços, tornando fundamental que todos estejam atualizados e capacitados para acolher os alunos da maneira mais eficaz possível.
Quanto mais profissionais estiverem unidos em um mesmo propósito, melhor será o ambiente educacional: neuropsicopedagogos e psicopedagogos devem colaborar no desenvolvimento do PDI (Plano de Desenvolvimento Individual) e a escola precisa investir em programas de conscientização e sensibilização acerca das diferenças. Outra estratégia seria a realização de palestras e grupos de discussões, para incentivar e integrar temas específicos no currículo escolar, permitindo que alunos explorem e discutam essas questões.
Práticas pedagógicas que reconheçam e valorizem a diversidade de habilidades, estilos de aprendizagem e necessidades dos alunos. Modificações no currículo e nos métodos de ensino para atender as necessidades, incorporando variados recursos no processo de ensino como imagens, vídeos e músicas, com um conteúdo mais significativo. Todos estes são fatores essenciais no processo de desenvolvimento estudantil.
Por fim, é necessário destacar o uso da tecnologia assistiva, capaz de integrar ferramentas educacionais para apoio ao aprendizado dos alunos. Uma sala de recursos multifuncionais é um bom exemplo dessa estratégia que contribui para o suporte ao Atendimento Educacional Especializado (AEE).
Computadores, máquina de datilografia e impressora Braille, softwares de comunicação alternativa e de leitura de texto, entre outros, podem ser usados como forma de aumentar as condições de acesso, participação e diminuição de barreiras para a aprendizagem e o desenvolvimento do aluno. As ferramentas surgem cada vez mais, agora precisamos aprender a fazer bom uso delas, em prol do benefício coletivo.
*Renato Loffi é fisioterapeuta Neurofuncional especializado em Neurociências, Comportamento, Educação, Desenvolvimento Infantil, Ortopedia e Esportes. Pós-graduando em Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem e MBA em Gestão, Inovação e Serviços de Saúde. Idealizador da Treinitec, healthtech voltada a crianças com transtornos de neurodesenvolvimento.