Dados divulgados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) apontam que o número de vagas formais para a População com Deficiência (PCD) registrou um crescimento de 1.666 postos de trabalho no ano de 2023, em todo o Brasil.
Já o Paraná ficou com saldo negativo de 136 vagas no ano passado. O número é referente ao saldo positivo considerando as admissões e demissões ao longo do ano das pessoas com deficiência auditiva, física, visual, intelectual, múltipla e reabilitados.
Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego, a taxa de participação de pessoas com deficiência no mercado de trabalho é de 28,3%, menos da metade do índice registrado entre as pessoas sem deficiência, que é de 66,3%. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e levam em consideração pessoas ocupadas e em busca de emprego.
Em contrapartida, muitos empreendimentos estão abrindo novas vagas e oportunidades para este público. Em 2023, Caroline Megumi Yoshida, de 24 anos de idade, jovem com Síndrome de Down, foi um dos exemplos, sendo contratada pelo Eco Medical Center, complexo de atendimento completo à saúde em Curitiba. Atuando como recepcionista no Centro Médico localizado no bairro Água Verde, ela conta que esta é sua primeira experiência de trabalho. “Estou aqui há cinco meses e recebo os pacientes com um bom dia ou boa tarde, vejo em qual andar farão a consulta ou exames ou, ainda, se vieram buscar resultados. Eu os acompanho até os locais e aos elevadores”, conta satisfeita.
Caroline tem contrato de trabalho formal e é acompanhada semanalmente pelo setor de Recursos Humanos (RH) da empresa, gerido pela Mariane Cordeiro e pela consultora e psicopedagoga, Déborah de Araujo Maia.
“Entre as coisas que gosto na minha rotina também estão dançar, ouvir música e fazer maquiagem, sou profissional da beleza formada. Estar trabalhando me ajuda a ser cada vez mais responsável, ter autonomia, fazer amigos, participar e estar atualizada no mercado de trabalho”, conta Caroline
Ainda, segundo Déborah, psicopedagoga do Eco Medical Center, em Curitiba, que também é consultora de empregabilidade, a inserção no mercado de trabalho é extremamente importante para esta população. “Promove a valorização de suas potencialidades e proporciona um momento para colocar em prática seus estudos e ampliar seu círculo social”, explica.
A Lei de Cotas para Pessoas com Deficiência (8.213/91), determina que as proporções de vagas PCD variam de acordo com a quantidade de funcionários. Conforme a legislação, empresas com quadro de funcionários entre 100 e 200 pessoas precisam ter uma reserva legal de 2%, de 201 a 500 funcionários, de 3% e de 501 a 1.000, 4%. As que possuem mais de 1.001 empregados devem reservar 5% das vagas para esse grupo.
A especialista ressalta que a contratação favorece o empregador e todos os colaboradores. “É importante que exista um acompanhamento deste colaborador por um profissional, que pode ser outro funcionário da empresa ou terceirizado. Não há dúvidas de que as empresas que oferecem oportunidades para colaboradores com qualquer tipo de deficiência percebem um clima mais humano, feliz, com amizade e cooperativismo”.
O Diretor Geral do Eco Medical Center, Patrick Gil, enfatiza que a adoção do programa de inclusão vai além da mera conformidade legal. “A decisão de implementar este programa foi tomada com base nos nossos valores e na crença de que as empresas e seus líderes têm um papel fundamental em moldar uma sociedade melhor e mais justa, indo além das obrigações legais e cobranças às autoridades. Caroline, com sua presença, enriqueceu nosso ambiente, trazendo mais humanidade e leveza. Esse é apenas o início; estamos comprometidos em expandir o programa e estabelecer uma rede de empresas que apoiem essa causa.”