Semana Nacional da Voz alerta para maus hábitos e necessidade de cuidados com o principal instrumento de comunicação. Rouquidão que não sara e dificuldades na emissão vocal podem ser sintomas de câncer na laringe.
Você sabia que qualquer rouquidão que perdure mais que duas semanas deve ser examinada por um otorrinolaringologista? Este é o sintoma inicial do câncer de laringe, doença que é o foco do alerta do Dia Mundial da Voz, celebrado em 16 de abril.
O médico Agrício Crespo, diretor do Instituto de Otorrino & Cirurgia de Cabeça e Pescoço — IOU, na Unicamp, frisa que o câncer de laringe é sorrateiro, cresce sem dar grandes sinais e os sintomas comumente são negligenciados pelos pacientes. Quando diagnosticado na fase que começa a rouquidão, há mais de 90% de chance de cura.
Em função da gravidade da doença e das consequências que desencadeia para os pacientes e para a sociedade é que, anualmente, há 24 anos, instituições de otorrinolaringologia se unem na Campanha Nacional da Voz, que em 2022 vai de 11 a 16 de abril. “Você em alto e bom som” é o slogandesta edição, promovida pela Academia Brasileira de Laringologia e Voz, com apoio da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial.
De acordo com Dr. Agrício Crespo, entre os objetivos da Campanha Nacional está a conscientização da população para os problemas da voz. Além do câncer da laringe, merecem atenção e tratamento as disfonias (qualquer dificuldade na emissão vocal que impeça a produção natural da voz) relacionadas ao trabalho, cansaço vocal, dor na garganta e no pescoço, sensação de corpo estranho na laringe, dificuldade para engolir e respirar, bem como inconvenientes gerais de comunicação.
“A voz é a principal ferramenta de trabalho de muitos profissionais liberais. Para professores, vendedores, atendentes, telefonistas, artistas, entre outras categorias, este é um meio de comunicação fundamental. A Campanha é para alertar sobre a necessidade das pessoas cuidarem da voz se consultando periodicamente com o otorrinolaringologista”, frisa. Na rede pública de saúde, conforme informação do Dr. Agrício, a rouquidão é uma das principais ausências no trabalho por motivo de saúde.
Pelo fato da voz ser um instrumento global de comunicação, é importante que as pessoas estejam satisfeitas e que o timbre e a sonoridade quando se comunicam representem a sua personalidade. “Há tratamentos para solucionar essa insatisfação”, esclarece.
Atenção permanente
Alguns hábitos podem ser adotados no dia a dia para manter as cordas vocais saudáveis:
– Controlar o tom de voz e evitar gritar ou sussurrar;
– Tomar bastante água;
– Evitar excessos alimentares, comer tarde da noite, bebidas alcoólicas e drogas inaláveis;
– Preservar-se de mudanças bruscas de temperatura;
– Não fumar ou falar muito em ambiente com fumantes;
– Usar roupas confortáveis que não prejudicam a respiração e a postura;
– Fortalecer a musculatura das cordas vocais com aulas de canto;
– Poupar a voz em situações de crise alérgica, gripe ou no período pré-menstrual;
– Evitar falar em ambiente com ar condicionado, poeira e muito frio;
– Não ingerir pastilhas ou sprays analgésicos sem indicação médica.
Origem brasileira
O Dia Mundial da Voz, comemorado em 16 de abril, é uma conquista da Academia Brasileira de Laringologia e Voz (ABLV). A data, que ganhou foco internacional em 2003, nasceu a partir da Campanha Semana Nacional da Voz, que foi criada em 1999 como resultado do empenho de três médicos otorrinolaringologistas que — alarmados com a alta incidência do câncer de laringe que vitimava 15 mil brasileiros por ano, na época –, se reuniram com o objetivo de promover ações de alerta para a importância do diagnóstico precoce da doença.
Entre os especialistas que lançaram a Campanha Semana Nacional da Voz está o Dr. Agrício Crespo, diretor do Instituto de Otorrino & Cirurgia de Cabeça e Pescoço — IOU, na Unicamp e professor titular da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, em Campinas-SP.
Imagem: Crédito: Antoninho Perri_Comunicação Unicamp
Legenda: fachada do Instituto de Otorrino & Cirurgia de Cabeça e Pescoço — IOU, na Unicamp