Fissura labiopalatina: cirurgiões brasileiros recebem treinamento especializado com tecnologia 3D. Equipamento simulador foi apresentado em congresso, no Rio de Janeiro, para médicos e profissionais de saúde. A fissura labiopalatina é um problema congênito comum que afeta 1 a cada 650 bebês nascidos no Brasil.
A Smile Train, maior organização do mundo dedicada à causa da fissura labiopalatina, por meio da divisão Simulare Medical, lançou o simuladorcirúrgico de fissura labiopalatina unilateral, uma tecnologia que utiliza simulações impressas em 3D, baseada em modelos hiper-realistas da anatomia humana.
O lançamento no Brasil ocorreu durante o XVI Congresso Brasileiro de Cirurgia Crânio-Maxilo-Facial e Fissuras Lábio Palatinas, realizado em 22 e 23 de abril no Hotel Windsor Barra, na cidade do Rio de Janeiro (RJ). O evento é uma parceria entre a Associação Brasileira de Cirurgia Crânio-Maxilo-Facial (ABCCMF) e a Associação Brasileira de Fissura Lábio Palatina (ABFLP), e reuniu especialistas nacionais e internacionais, bem como profissionais da saúde.
A tecnologia poderá ser usada para treinar qualquer cirurgião, e permite que o especialista replique a experiência de realizar uma cirurgia de fissura labiopalatina — a qualquer hora, em qualquer lugar. “O simulador cirúrgico de fissura labiopalatina unilateral é uma ferramenta de treinamento anatomicamente precisa, realista e inestimável que reduzirá o risco do paciente, diminuirá os custos de treinamento e elevará as habilidades e a confiança dos cirurgiões no mundo todo. Além disso, a tecnologia permite acelerar a curva de aprendizado no treinamento cirúrgico reconstrutivo de fissura labiopalatina”, explica o cirurgião plástico Nivaldo Alonso, chefe técnico da seção de cirurgia craniofacial do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais (HRAC/Centrinho).
A tecnologia 3D foi apresentada aos especialistas em um workshop, ministrado pelos cirurgiões plásticos Cássio Eduardo Raposo do Amaral, vice-presidente do Hospital Sobrapar, de Campinas (SP) e Nivaldo Alonso, em 22 de abril.
Para Mariane Goes, diretora de treinamento e educação da Smile Train para América Latina e Caribe, o lançamento desta tecnologia está alinhado ao objetivo da organização, que é prover uma solução sustentável para o tratamento integral de fissuras, capacitando cirurgiões por meio de treinamentos com alta tecnologia.
“Atualmente, mais de 850 pacientes com fissura labiopalatina estão em tratamento multidisciplinar e atendimento integral. No Brasil, a Smile Train apoia, em média, a realização de cerca de cinco mil cirurgias por ano, e conta com 42 centros parceiros habilitados para tratar crianças com fissura labiopalatina e garantir mais qualidade de vida. Com o simulador cirúrgico de fissura labiopalatina unilateral, é possível preparar melhor nossos parceiros para que as cirurgias sejam bem-sucedidas. Também não podemos deixar de mencionar que o treinamento para a utilização da tecnologia aqui no Brasil se dá em momento muito importante, o marco de 50 mil cirurgias realizadas no país. Estamos muito felizes e orgulhosos com esse número alcançado; todas as pessoas com fissura labiopalatina precisam de cuidados abrangentes e de alta qualidade, para que elas possam ter uma vida plena, saudável e produtiva”, finaliza Mariane.
A fissura labiopalatina pode envolver o lábio e/ou o céu da boca (palato) e ocorre quando certos elementos e estruturas do corpo não se fundem durante o desenvolvimento fetal. Ela se dá por falhas na fusão dos processos de formação nasal e da maxila. Estudos mostram que há cada 3 minutos, um bebê nasce com fissura labiopalatina, anomalia craniofacial que afeta bruscamente a anatomia da boca e dificulta atividades simples da rotina, como falar, respirar e se alimentar. Ainda não se sabe, exatamente, o que causa a fissura labiopalatina, mas é senso comum entre os especialistas que as causas da fissura podem incluir predisposição genética bem como exposições ambientais tais como tabagismo, uso de drogas e infecções. A tecnologia vem garantir que aqueles que necessitam da cirurgia possam contar com o que há de mais avançado atualmente no cenário cirúrgico de fissura labiopalatina.