Rodrigo Mann Schaidt elaborou um software para treinar detecção de diferentes sinais. Evento contou com a participação de 633 projetos de jovens pesquisadores de 21 países.
Um estudante de Novo Hamburgo, na Região Metropolitana de Porto Alegre, conquistou o 3º lugar em uma olimpíada científica realizada, entre 25 e 29 de julho, em Tianjin, na China. Rodrigo Mann Schaidt, de 19 anos, participou do evento com uma tecnologia de tradução da Língua Brasileira de Sinais (Libras).
O estudante representou o Brasil e as Américas com o projeto de um software capaz de detectar sinais de Libras e traduzi-los para o português escrito.
“Foi muito boa a sensação de poder ir lá e poder representar o nosso país e trazer de volta a medalha”, complementa.
Ao todo, 633 projetos desenvolvidos por jovens de 21 países da Europa, Oceania, Ásia, Oriente Médio e África participaram da 38ª China Adolescents Science & Technology Innovation Contest (Castic).
“Tudo que a gente queria era ir lá e poder voltar pra trazer alguma coisa de volta para o Brasil”, diz Rodrigo.
Projeto começou com auxílio a aluno surdo
O projeto começou no último ano do estudante no Curso Técnico em Eletrônica da Fundação Escola Técnica Liberato Salzano Vieira da Cunha, em Novo Hamburgo. O jovem estagiava no local auxiliando um aluno surdo, e a necessidade de aprender a língua deu início à proposta.
“Era muito fácil para eu aprender algumas coisas em Libras e falar coisas para ele. Só que era muito difícil quando ele tentava falar alguma coisa para mim. Perguntas que ele poderia ter, ajudas que ele poderia precisar. Era muito difícil ele sinalizar isso para mim, porque eu não sabia os sinais”, conta.
A partir da dificuldade de comunicação, Rodrigo desenvolveu um software capaz de traduzir sinais para a língua escrita. A tecnologia, conhecida como rede neural, permite detectar diferentes partes de um corpo. A partir disso, uma segunda rede interpreta os sinais e os traduz, simulando os neurônios humanos.
Os movimentos demoram cerca de um segundo e são captados por 30 quadros, que estipulam uma porcentagem de qual foi o movimento executado pela pessoa.
“Ele [o software] vai pegar todos os sinais que podem ser e vai dizer, assim, qual que ele acha que é o mais provável. Aí ele vai pegar esse mais provável e vai colocar no canto superior esquerdo da tela qual foi o último sinal que foi feito pela pessoa”, explica.
Cinco sinais diferentes foram treinados com o software, tais como “usar”, “obrigado” e “oi”. Eles foram escolhidos por conta dos movimentos junto à mão.
Com o projeto, Rodrigo venceu o Prêmio Killing de Tecnologia no ano passado, na Mostra Internacional de Ciência e Tecnologia (Mostratec).
Na China, ele comentou que já havia uma tecnologia de microfone e um alto-falante de tradução, ou seja, que não se estendem à língua de sinais. Assim, a ideia seria uma oportunidade para aperfeiçoar a iniciativa, a partir da inclusão.
Proposta depende de incentivo
O estudante revela que uma das grandes dificuldades de dar sequência projeto é a necessidade de treinar o software. Seriam necessários 60 vídeos diferentes de um mesmo sinal, o que demandaria uma aquisição de dados em grande escala.
Ele revela que já conversou com companhias e instituições, mas ainda não há uma resposta definitiva sobre a sequência do projeto.
“Se eu tiver a oportunidade, eu adoraria continuar”, afirma.
Fonte: https://g1.globo.com